terça-feira, 30 de junho de 2020

Como mediar conflitos em casa durante o período de isolamento social


Práticas restaurativas podem contribuir na solução de conflitos. Especialista dá dicas para o convívio entre adultos e adolescentes



Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 60 milhões de crianças e adolescentes estão longe das escolas desde o início da pandemia do coronavírus (Covid-19), que exige distanciamento social. Pelo fato de estarem em casa há mais de cem dias, os conflitos podem surgir na convivência familiar, entre crianças, adolescentes e adultos.

Nesse contexto, como lidar com os conflitos dentro de casa? Segundo o especialista, Diego Oliveira de Lima, diretor do Marista Escola Social Irmão Acácio, em Londrina, no Paraná, primeiro é fundamental compreender o universo das dúvidas e incertezas de cada etapa da vida, principalmente nesse momento em que estamos. “É preciso entender as necessidades da pessoa de forma integral, como essas crianças e adolescentes estão se posicionando, e quais condições, como responsável, eu posso ofertar para que aquela necessidade seja atendida”, explica Lima, que também é especialista em Práticas Restaurativas.

Um caminho é identificar a origem desse conflito e quais necessidades precisam ser solucionadas. “Se os pais estão trabalhando em casa e são interrompidos por um pedido da criança, ou uma briga entre irmãos, por exemplo, o conflito pode surgir. O pai tem a necessidade de concentração e os filhos necessitam interagir com ele naquele momento”, explica. 

Além de identificar o conflito, o diálogo pode ser feito com perguntas que promovam a reflexão. Questionamento como “o que aconteceu?”, diante de um acontecimento, vai promover a abertura da reflexão nos mais diversos pontos de vista. O grande diferencial na solução dos conflitos por meio das práticas restaurativas é a postura de acolhida para o diálogo. “As perguntas simples como “o que você sentiu?”, fazem a pessoa narrar o conflito, e resgatar não só os pensamentos, mas principalmente os sentimentos envolvidos, abrindo possibilidades para enxergar também de forma positiva, o que torna o conflito um aprendizado”, reforça.


Práticas Restaurativas

As práticas restaurativas têm sua origem na Justiça Restaurativa e apresentam ferramentas que possibilitam diálogos que contribuem para uma reparação dos danos, restauração de vínculos e promoção de um momento de conciliação. No período de isolamento social, alguns conceitos podem diminuir os conflitos em casa, trazendo entendimento para os membros da família.

Confira dicas do especialista para mediar conflitos em casa no período de isolamento social


1) Faça perguntas

As perguntas mais simples promovem ainda mais a reflexão: “como aconteceu? ”, “o que você sentiu? ”, “o que você necessitava no momento”, são questionamentos que promovem a conexão entre o que se fala no momento e os sentimentos por trás daquele conflito.


2) Evite culpados

Dentro desse diálogo é importante evitar perguntas como “quem começou” ou “quem falou dessa maneira”, evitando apontar culpados antes mesmo de qualquer conversa. A ideia é dialogar sobre o acontecimento e restaurar as necessidades de cada pessoa para que a convivência continue positiva.


3) Pensar no coletivo

Normalmente quando alguma briga ou discussão acontece dentro da família, impacta não somente uma pessoa, mas todas as que fazem parte do núcleo familiar. Então é necessário ouvir todos os envolvidos, para que possam falar e refletir sobre os acontecimentos.


4) Entender as necessidades

As crianças e os adolescentes estão sendo privados de muitos contatos no período da pandemia, seja da escola, dos amigos ou da rotina. É importante entender quais são as necessidades diante dessa situação e do que ele sente falta.


5) Empoderamento para solução

Mediar um conflito é empoderar aquela pessoa para solucionar conflitos ao longo da vida. Por isso, é interessante traçar combinados que permitam uma melhor convivência. “Um acordo para que uma necessidade seja atendida, no caso de pais e filhos, um tempo na agenda para conversa ou para assistirem a um filme juntos pode contribuir para que o pais entendam que os filhos também precisam de atenção. Por outro lado, eles também podem retribuir compreendendo quando o pai precisa de concentração. O importante é que todos estejam envolvidos e se comprometam a solucionar”, orienta Lima.  




Marista Escolas Sociais
 

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