Pesquisa desenvolvida na Unesp de Bauru ajuda a
identificar pessoas após a morte por meio de imagens de tomografia
computadorizada da região craniana. A proposta é avaliar as características das
pessoas por meio das imagens dos seios frontais e maxilares. Atualmente, este
processo é feito por meio de raio-x mas as imagens geradas por esta modalidade
apresentam qualidade inferior as da tomografia.
De
acordo com o responsável pelo estudo, Luis Antônio de Souza Junior, do Programa
Interunidades de Pós-Graduação em Ciência da Computação da Unesp, os seios
frontais das pessoas apresentam a formação completa por volta dos vinte anos de
idade. Já os seios maxilares, a partir da erupção da segunda dentição, ou seja,
aproximadamente aos 12 anos de idade.
“O
que torna esta avaliação mais confiável são as estruturas dos seios paranasais,
que são as cavidades ósseas. Neste estudo foi utilizado os seios frontais e os
maxilares - que estão relacionadas aos tecidos duros do corpo humano, os ossos,
que apresentam alta permanência, mesmo após a morte”, explica Souza Junior.
O
estudioso conta ainda que este fator é importante para a composição de sistemas
biométricos forenses, uma vez que as características utilizadas para o
reconhecimento serão coletadas após o falecimento do indivíduo, não podendo
apresentar variação pós-morte.
O
levantamento dos dados para a pesquisa foi realizado no Hospital Estadual de
Bauru, no interior de São Paulo. A base de dados utilizada era formada por 62
exames de 31 pessoas distintas. Cada pessoa dispunha de dois exames realizados
em momentos diferentes, simulando o cenário ante-mortem e post-mortem.
Cada exame era composto por cinco imagens dos seios frontais e cinco imagens
dos seios maxilares. Ao final, o sistema apresentou 620 imagens para a
realização dos experimentos.
De
modo geral, os sistemas de identificação biométrica operam em duas etapas. Na
primeira, é efetuado um cadastro dos indivíduos em uma base de dados, onde são
armazenadas as características biométricas. Nesta etapa, as características são
usadas para identificar pessoas em futuras comparações. Já na segunda, ocorre o
reconhecimento ou autenticação de um indivíduo: as características biométricas
são comparadas com as demais características armazenadas na etapa anterior, do
cadastro.
Para
encontrar a melhor forma de busca de identificação de uma pessoa, Souza Junior
utilizou a etapa do reconhecimento recorrendo ao sistema de autenticação, que
trabalha com a busca de um indivíduo na base de dados por meio de uma única
comparação. Durante a busca, ele indica se houve acerto (no caso da comparação
das características ser do mesmo indivíduo) ou erro (quando os padrões são
diferentes).
Desta
forma, o pesquisador trabalhou com todas as características de todos os
indivíduos que integram a base de dados e o método foi avaliado por meio de
experimentos, calculando as taxas de verdadeiro positivo (quando é o indivíduo
e o sistema conclui que é), verdadeiro negativo (quando não é o indivíduo e o
sistema diz que não é), falso positivo (quando não é o indivíduo e o sistema
revela que é) e falso negativo (quando é o indivíduo e o sistema aponta que não
é).
Para
reforçar a eficiência do método, o pesquisador ainda confrontou os resultados
obtidos com experimentos realizados com as mesmas bases de dados porém,
utilizou as informações dos seios paranasais extraídas das imagens de
tomografia de forma manual.
“Os
resultados de reconhecimento obtidos foram bastante próximos aos atingidos de
forma manual, o que reforça o sucesso do método automático”, explica o orientador
Aparecido Nilceu Marana, professor do Departamento de Computação, da Faculdade
de Ciências da Unesp de Bauru.
Segundo
ele, a pesquisa traz como diferencial a utilização dos seios maxilares para a
identificação de indivíduos. “As estruturas dos seios maxilares têm sido
utilizadas em estudos com foco na definição de gênero de indivíduos, mas o seu
uso para a identificação de indivíduos é inovador”.
Outro
ponto destacado pelo professor é com relação ao uso das características dos
seios frontais e maxilares simultaneamente. “Isto ilustra uma nova estratégia
de avaliação de indivíduos e agrega valor de discriminação no ato do
reconhecimento”, finaliza.
Maristela Garmes
www.unesp.br/
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