Engana-se quem
ainda acredita que o mercado funciona através da simples oferta e procura. A
indústria aprendeu, há anos, que a procura não precisa vir da necessidade real,
mas pode ser criada através da propaganda, por exemplo. Bom, no caso da
indústria dos games, essa procura criada, ou expectativa, está se tornando uma
extensão valiosa do próprio produto.
Aquilo que
hoje conhecemos como hype, é justamente toda a ansiedade, expectativa, e todos
os produtos adjacentes criados, apenas para discutir, analisar e ansiar por um
produto novo. No mundo dos jogos digitais essa ansiedade pode durar anos, já
que ela se inicia com o primeiro anuncio de um jogo novo, ou com o fim de um
jogo antigo que promete uma continuação ainda melhor.
O hype
alimenta o mercado consumidor, faz com que pessoas que não se interessariam
pelo produto, passem a se interessar, faz com que a urgência em ter o novo jogo
seja tão alta nos fãs que pré vendas esgotem estoques que nem existem, só para
citar alguns efeitos dessa “febre”.
Nesse cenário,
vemos um mercado consumidor criado a partir de uma promessa, e que se
retroalimenta com produtos de conteúdo. Um exemplo disso é a produção de
vídeos, podcasts, campanhas promocionais, concursos, análises críticas, etc,
todas criadas a partir do hype gerado por um produto que ainda nem existe.
Todo esse
conteúdo tem valor. Um valor que faz com que canais do Youtube, blogs,
revistas, lojas de jogos e acessórios, empresas diversas, lucrem com uma
expectativa em cima de algo que é apenas uma “esperança”.
Desde o anuncio
de uma nova produção até seu efetivo lançamento, muito dinheiro se ganha e se
perde através do hype. Ele se incorporou à indústria, e quem sabe ganhar
dinheiro, está ganhando muito com isso.
O hype também
ajuda a melhorar os produtos em que ele se baseia. A expectativa do jogador é
tão grande, que melhorias são pensadas para atender às suas grandes
expectativas. As desenvolvedoras estão atentas a isso, sabem que é importante
estar atento ao mercado, e de vez em quando dar a ele um gostinho do que está por
vir.
Essa é a
função das feiras de jogos, como a BGS, a E3, ou mesmo a Comic Com que ocorre
agora. Ficar excitado de expectativa já se tornou parte da diversão, já é
cultural da comunidade gamer.
Querem ver um
exemplo? Pokemon Go. Se você acompanha os canais que falam de jogos, já riu com
os absurdos cômicos dos novos “treinadores pokemon”, ou até já se solidarizou
com algum acidentado em seu processo de caça.
Nesse caso o
hype está tão alto que está incentivando a ilegalidade, só para dar uma noção
da dimensão que isso pode tomar. O jogo, com data de lançamento adiada no
Brasil, já tem diversos brasileiros jogando através de servers piratas, e
também muitos brasileiros com seus smartphones infectados por vírus feitos para
atingir a esses “ansiosos” que baixam o jogo através de um canal não oficial.
Isso mostra
como o hype pode ser perigoso para o gamer. Grandes lançamentos criam grandes
expectativas, e algo que deve ser ressaltado é justamente a importância de
lançamentos mundiais.
A época de
desconsiderar um mercado consumidor, como o Brasil, já passou. Somos o quarto
maior mercado do mundo e o maior da América Latina. Ações que ignoram a
expectativa de um público tão grande acabam incentivando coisas como a
pirataria. Isso é inevitável.
Esse é um dos
motivos pelos quais a UZ Games sempre mantem bons relacionamentos com as
distribuidoras e desenvolvedoras. Isso permite que sempre haja produtos
disponíveis simultaneamente no mercado nacional e internacional, alimentando os
estoques da nossa rede franqueada. Essa é uma medida que a empresa toma visando
manter e alimentar o mercado nacional.
No caso do
Pokemon Go, nada podemos fazer, já que ele é uma mídia para celular gratuita,
entretanto, é preciso ser consciente. Não se pode ignorar, o hype já é uma das
forças da cultura gamer, ignorá-lo é correr o risco de ser deixado para trás.
Hoje em dia
estamos muito além dos jogos!
João Mendes - Diretor
de Operações da UZ Games.
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