Esclerose múltipla – tratamento e hábitos contribuem
para melhorar a qualidade de vida do paciente
Doença crônica, ainda sem cura, atinge 2,5 milhões
de indivíduos no mundo, cerca de 30 mil são
brasileiros
Ainda
pouco conhecida pela população, a esclerose múltipla (EM) é uma doença
neurológica que afeta 2,5 milhões de pessoas, das quais 30 mil são brasileiras,
de acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla. Quando não tratada
da forma correta, a doença – crônica e ainda sem cura –, afeta
significativamente a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.
Mas,
de fato, quais são os principais sintomas da EM? Alguns dos sinais mais comuns
são: fadiga, falta de energia, fraqueza, sensação de adormecimento de partes do
corpo, formigamento, falta de equilíbrio e coordenação ao caminhar, tontura,
visão embaçada, fala arrastada, complicações na bexiga, problemas intestinais,
depressão, perda de memória e dificuldade de concentração e/ou dificuldade para
resolver problemas.
“Cada
paciente vivencia os sintomas de maneira diferente e a doença pode progredir
com mais velocidade em uns do que em outros. Por isso é importante a avaliação
médica para a indicação do tratamento mais adequado ao paciente. O mais
importante é entender que é possível ter uma vida normal, desde que sejam
tomadas as devidas providências de prevenção dos surtos e controle da doença”,
informa o Dra. Yara Fragoso (CRM 41313), especialista no assunto.
Os
cientistas ainda desconhecem a causa da EM, mas é consenso na classe médica que
atualmente o portador pode controlar ou amenizar os sintomas e manter uma boa
qualidade de vida¹. Uma das atitudes importantes para isso é reduzir o estresse
e priorizar um tempo para descansar, já que a fadiga é uma queixa muito frequente
dos pacientes de EM. Cerca de 75% dos portadores da doença sentem falta de
energia na maior parte do tempo e quase todos os pacientes vão sentir esse
cansaço em algum momento2.
Entendendo
a EM
O tipo mais comum de esclerose múltipla é a recidivante-remissiva,
quando ocorrem surtos seguidos por períodos de
remissão com a recuperação parcial ou completa do funcionamento neurológico.
Porém há também formas progressivas de EM, em que a doença provoca impacto
contínuo na vida do paciente, não apenas surtos ocasionais, resultando em uma
piora progressiva dos sintomas.
Durante
a doença, a camada protetora (bainha de mielina) das células responsáveis por
enviar os impulsos de um neurônio para outro e comandar
todas as atividades conscientes e inconscientes do organismo é vista como um
invasor, sendo atacada pelo sistema imunológico. Os motivos dos ataques à
bainha de mielina ainda são desconhecidos pelos médicos
especialistas.
“Quando a bainha de mielina
está danificada, o funcionamento dos neurônios é afetado, causando uma perda
nas funções do corpo e sua incapacitação. A mielina está presente em todo o
sistema nervoso, assim qualquer região do corpo pode ser atingida”, esclarece a
médica Dra. Yara Fragoso.
Apesar
de não ter cura, os surtos observados durante o desenvolvimento da EM podem ser
controlados e alguns sintomas amenizados em prol da qualidade de vida do
paciente. Quanto mais cedo o paciente iniciar o tratamento com medicamentos,
mais significativos serão os seus efeitos e mais se adiará o progresso da
doença. O tratamento precoce também poderá evitar sequelas deixadas pelos
surtos.
Para
cada caso será indicado um tipo de medicação com o objetivo de evitar
inflamações no sistema nervoso central e auxiliar no alívio de sintomas. O acetato
de glatirâmer, por exemplo, não tem seu mecanismo de ação completamente
compreendido, porém sabe-se que reage de forma a “enganar” o sistema imune e
inibir o ataque à bainha de mielina, com importante papel no sistema imune e
autoimune do organismo³.
Algumas
dicas para seguir, a fim de melhorar a qualidade de vida do portador de EM:
-
evitar banhos quentes, sauna, locais quentes e abafados – quando a temperatura do corpo aumenta, há uma piora
nas falhas na mielina, podendo ocorrer uma interrupção do impulso nervoso, logo
desencadeando os sintomas característicos da doença4.
-
conversar com a família – é
importante a abordagem da família do paciente, explicando o papel da fadiga na
vida do portador de EM e suas implicações nas atividades pessoais e
profissionais, com o objetivo de obter maior compreensão, apoio e tolerância
por parte daqueles que o cercam.
-
praticar exercícios físicos –
realizar uma atividade leve pode ser muito benéfico ao paciente para aliviar o
estresse, aumentar o relaxamento e auxiliar o equilíbrio e a flexibilidade. Um
médico poderá indicar o melhor tipo de exercício para cada paciente.
-
manter uma dieta equilibrada – uma
alimentação equilibrada é importante para qualquer pessoa manter um corpo
saudável. Para um paciente de EM, é importante consumir alimentos ricos em
nutrientes e, consequentemente, manter um sistema imunológico forte, livre de
outras doenças.
Referências
¹Silva,
D. F.; Nascimento, V. M. S. ESCLEROSE MÚLTIPLA: IMUNOPATOLOGIA, DIAGNÓSTICO E
TRATAMENTO – ARTIGO DE REVISÃO. Interfaces Científicas - Saúde e Ambiente.
Aracaju. V.2. N.3. p. 81 – 90. Jun. 2014.
2 ENTREVISTA FADIGA NA ESCLEROSE MÚLTIPLA. Revista
Brasileira de Medicina, Nov 12, V 69, Especial Neuropsiquiatria 9, p. 25-27.
3 Bula do produto Copaxone®
4Tsolaki F, et al. Uthoff phenomenon – a rare
manifestation of a rare disease. J
Paediatr Child Health. 2011 Jun;47(6):396.
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