Especialista
fala sobre exame presente na vida de todos pacientes, mas que ainda gera dúvida
e receio
A biópsia é
um procedimento extremamente comum na prática médica que ainda é pouco
entendido pela maioria da população. Por conta disso, uma grande parcela dos
pacientes nutre certo temor a respeito do exame, imaginando que ele seja
dolorido, traga riscos à saúde ou que sua solicitação esteja sempre associada à
suspeita de alguma doença grave. Segundo a médica patologista e diretora da
Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Gerusa Biagione, a falta de informação
figura como principal causa para esse medo infundado.
“O
procedimento é feito para a coleta de fragmentos de um determinado órgão ou
tecido para análise posterior por um médico patologista. Quando solicitada, a
biópsia é parte importante do processo de investigação de uma doença, o que
possibilita o diagnóstico e fornece informações que contribuem para a escolha
da conduta terapêutica adequada”, explica Gerusa.
Para
melhorar a informação sobre o que é o exame e como ele é realizado, ela enumera
os 10 principais fatos sobre o procedimento que todo paciente deveria saber:
1º) A solicitação de uma biópsia não
significa suspeita de câncer. Grande
parte dos pacientes fica assustada quando o médico pede esse tipo de exame,
imaginando que isso só ocorra quando existe uma suspeita de câncer. Entretanto,
muitas outras patologias menos graves também podem ser diagnosticadas via
biópsias, como dermatite e outras doenças de pele. Via de regra, esse
procedimento é indicado sempre que há necessidade de algum tipo de esclarecimento.
2º) A biópsia não precisa de um
anestesia geral para ser realizada.
Esse tipo de sedação só é usado quando a coleta de material precisa ser feita
em uma cirurgia. Na maioria dos casos, contudo, essa retirada é mais simples,
sendo feita por meio de procedimentos ambulatoriais, dentro do consultório
médico.
3º) Ela não é um procedimento
dolorido. O nível de
dor é relativo, depende do órgão e do local a ser biopsiado. Em alguns casos
pode ser necessária anestesia local, enquanto em outros mais simples não há dor
alguma.
4º) A biópsia de medula óssea não é
perigosa. Esse é um
procedimento simples que é encarado com terror por muitos pacientes. A obtenção
de material da medula óssea apenas requer alguns cuidados que justificam sua
realização em ambiente hospitalar, como assepsia. Ainda assim, a retirada não
representa riscos à saúde do paciente.
5º) A biópsia sozinha não é o
suficiente para diagnosticar o tipo de câncer e fornecer seu prognóstico. O exame histológico de uma amostra de
tecido é parte importante da investigação clínica de uma doença. Ainda assim, a
investigação completa inclui o exame clínico, além de exames de sangue, imagem
e até outras biópsias, sempre que houver necessidade para o esclarecimento do
diagnóstico.
6º) O tamanho e o local de onde a
amostra foi retirada são importantes.
Os patologistas estudam seis anos de medicina e pelo menos três de residência e
especialização para conseguir avaliar tipos diferentes de tecidos com base nas
imagens do microscópio. Para tanto, a amostra deve ser grande o suficiente para
ser analisada. Outro ponto é o local de onde ela é retirada, que deve ser
exatamente aquele em que as alterações celulares e do tecido fornecerão as
informações que possibilitarão um diagnóstico preciso.
7º) O tempo para chegar a um
diagnóstico pode variar.
O tempo até a emissão do laudo é influenciado por fatores como o tipo de
amostra a ser analisada e até a disponibilidade de serviços de patologia no
hospital ou clínica. Como esse material precisa chegar até o microscópio do
patologista para ser analisado, o período pode ser muito diferente de uma
região, estado ou serviço para outros.
8º) O patologista deve garantir que a
amostra utilizada é correta para o melhor diagnóstico possível. Como os fragmentos de órgãos e
tecidos são seu instrumento de trabalho, esse profissional os avalia com
atenção e cuida de sua preservação. Mais do que utilizar a biópsia para
diagnosticar o câncer, o patologista pode usar a mesma amostra para identificar
outros fatores que podem influenciar no tratamento e recuperação do paciente,
como alterações genéticas relacionadas ao desenvolvimento de tumores.
9º) Sua biópsia é guardada em
segurança para ajudar em tratamentos futuros. Os laboratórios são obrigados por lei a guardar as
amostras por um determinado período de tempo. Esse material é valioso porque
fornece informações importantes sobre um tumor primário, ajudando a
identificar, por exemplo, se outras manifestações cancerígenas são reincidências
dessa primeira lesão ou se são um novo câncer. O paciente ainda pode dar
autorização para que essas amostras sejam incluídas em bancos de tumores ou
para outras pesquisas científicas.
10º) Todo diagnóstico tem por trás de
si um processo quase artesanal.
Para emitir seu laudo, o patologista precisa analisar as amostras
minuciosamente no microscópio. Longe de ser um diagnóstico automatizado
impresso rapidamente por uma máquina, ele leva tempo e envolve etapas como
exame da amostra a olho nu (macroscopia), processos químicos para preservação e
coloração dos tecidos e de corte para que as lâminas fiquem prontas para serem
analisadas. Depois disso o especialista utiliza anos de experiência e estudo
para comparar as imagens obtidas para emitir seu parecer. Só assim ele consegue
indicar qual é a doença em questão, seu estágio e a melhor conduta terapêutica
que o restante da equipe médica deve utilizar.
Sobre a SBP
Fundada em 1954, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) atua na defesa da atuação profissional dos patologistas, oferecendo oportunidades de atualização e encontros para o desenvolvimento da especialidade. Desde sua instituição, a SBP tem realizado cursos, congressos e eventos com o objetivo de elevar o nível de qualificação desses profissionais.
Fundada em 1954, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) atua na defesa da atuação profissional dos patologistas, oferecendo oportunidades de atualização e encontros para o desenvolvimento da especialidade. Desde sua instituição, a SBP tem realizado cursos, congressos e eventos com o objetivo de elevar o nível de qualificação desses profissionais.
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