Um primeiro sinal eleitoral mostrando
que o PT está definhando ocorreu com a divulgação pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) de uma planilha de registro de candidaturas para as próximas
eleições. Este ano o partido lançou 23.599 candidatos a prefeito, vice-prefeito
e vereador, uma queda expressiva de 47,2% em relação a 2012, ano da ultima
eleição municipal. Considerando apenas os candidatos a prefeito a redução no
mesmo período foi de 47,8%, de 1.901 para 992.
Os dados do TSE revelam efetivamente
que o PT está encolhendo. É possível que muitos candidatos tenham desistido do
partido porque a Justiça Eleitoral chegou a cogitar a cassação do registro da
legenda em decorrência da corrupção generalizada patrocinada pelos líderes
petistas. Essa é uma questão que certamente deve trilhar pela via jurídica, mas
é preciso ressaltar que, independente do desfecho dessa discussão, muitos políticos
estão abandonando o PT pelo carimbo que ele carregará como a instituição
política responsável pela maior onda de maracutaias e picaretagens da história
brasileira.
Não é só a corrupção generalizada que
está fazendo o PT sucumbir. Há ainda a questão econômica e aspectos
político-administrativos. Hoje o Brasil vive uma crise brutal por conta de um
partido que arrebentou com os fundamentos econômicos do país, que atuou de
maneira temerária na gestão pública e que foi omisso em relação a reformas estruturais
no âmbito político, tributário e previdenciário.
O Brasil está mergulhado em um cenário
de incertezas que o PT criou com seu projeto obscuro de poder, suas
barbeiragens na economia e sua omissão em relação à condução das reformas
estruturais. Erros grotescos foram cometidos em setores estratégicos como, por
exemplo, o de energia elétrica. Avanços no campo das finanças públicas, obtido
a duras penas, como o regime de superávit primário, foram perdidos com a
negligência que tomou conta da política orçamentária. No âmbito da gestão o
aparelhamento político partidário ditou as regras na administração direta e
também nas estatais, contribuindo para ampliar a corrupção endêmica que assola
o país. Além disso, houve o exacerbado intervencionismo estatal, proposto na
campanha de 2010 para acelerar o crescimento econômico, e que se efetivou
toscamente com forte viés ideológico, e seu efeito foi a elevação do risco para
o empreendedor e a redução da expansão média do PIB de 4,5% entre 2004 e 2010
para apenas 1,6% entre 2011 e 2014, finalizando com o período recessivo de 2015
(queda de 3,8% no PIB) e 2016 (previsão de queda de 3,2%).
O PT está colhendo os frutos pelo
desmazelo na condução da gestão pública em geral e pelo modo nebuloso que o
partido arquitetou para se manter no poder. É uma temeridade para um político
petista aparecer em público em função da ojeriza que a grande maioria da
população brasileira sente pela legenda.
A redução do número de candidatos é
uma etapa do começo do fim do PT. É certo que após as eleições municipais deste
ano o partido terá outro abalo que será a expressiva diminuição de seus
representantes em cargos eletivos em todo o país.
Marcos Cintra - doutor em Economia pela
Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação
Getulio Vargas.
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