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terça-feira, 30 de agosto de 2016

Colhendo os frutos




Um primeiro sinal eleitoral mostrando que o PT está definhando ocorreu com a divulgação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de uma planilha de registro de candidaturas para as próximas eleições. Este ano o partido lançou 23.599 candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador, uma queda expressiva de 47,2% em relação a 2012, ano da ultima eleição municipal. Considerando apenas os candidatos a prefeito a redução no mesmo período foi de 47,8%, de 1.901 para 992.

Os dados do TSE revelam efetivamente que o PT está encolhendo. É possível que muitos candidatos tenham desistido do partido porque a Justiça Eleitoral chegou a cogitar a cassação do registro da legenda em decorrência da corrupção generalizada patrocinada pelos líderes petistas. Essa é uma questão que certamente deve trilhar pela via jurídica, mas é preciso ressaltar que, independente do desfecho dessa discussão, muitos políticos estão abandonando o PT pelo carimbo que ele carregará como a instituição política responsável pela maior onda de maracutaias e picaretagens da história brasileira.

Não é só a corrupção generalizada que está fazendo o PT sucumbir. Há ainda a questão econômica e aspectos político-administrativos. Hoje o Brasil vive uma crise brutal por conta de um partido que arrebentou com os fundamentos econômicos do país, que atuou de maneira temerária na gestão pública e que foi omisso em relação a reformas estruturais no âmbito político, tributário e previdenciário.

O Brasil está mergulhado em um cenário de incertezas que o PT criou com seu projeto obscuro de poder, suas barbeiragens na economia e sua omissão em relação à condução das reformas estruturais. Erros grotescos foram cometidos em setores estratégicos como, por exemplo, o de energia elétrica. Avanços no campo das finanças públicas, obtido a duras penas, como o regime de superávit primário, foram perdidos com a negligência que tomou conta da política orçamentária. No âmbito da gestão o aparelhamento político partidário ditou as regras na administração direta e também nas estatais, contribuindo para ampliar a corrupção endêmica que assola o país. Além disso, houve o exacerbado intervencionismo estatal, proposto na campanha de 2010 para acelerar o crescimento econômico, e que se efetivou toscamente com forte viés ideológico, e seu efeito foi a elevação do risco para o empreendedor e a redução da expansão média do PIB de 4,5% entre 2004 e 2010 para apenas 1,6% entre 2011 e 2014, finalizando com o período recessivo de 2015 (queda de 3,8% no PIB) e 2016 (previsão de queda de 3,2%).

O PT está colhendo os frutos pelo desmazelo na condução da gestão pública em geral e pelo modo nebuloso que o partido arquitetou para se manter no poder. É uma temeridade para um político petista aparecer em público em função da ojeriza que a grande maioria da população brasileira sente pela legenda.

A redução do número de candidatos é uma etapa do começo do fim do PT. É certo que após as eleições municipais deste ano o partido terá outro abalo que será a expressiva diminuição de seus representantes em cargos eletivos em todo o país. 




Marcos Cintra - doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas.


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