O recorte
"Impacto do home office no humor do brasileiro" aponta que 59% dos
entrevistados que trabalham em casa estão mais irritados. Entre os que adotaram
o modelo híbrido - parte em casa, parte no escritório - esse índice é superior
e atinge 65% dos entrevistados. Ainda assim, na prática, mesmo com todos os
desafios, o modelo tem representado diminuição do estresse. Entretanto, as
pesquisadoras alertam que os índices de irritação são muito altos em ambos os
casos.
Conduzido pela NOZ Pesquisa e Inteligência em parceria com o Instituto Bem do Estar, o mapeamento “Saúde da Mente & Pandemia” – realizado entre maio de 2020 e fevereiro de 2021 com 1.515 participantes (primeira etapa) e 1.050 (segunda etapa) – investigou o impacto do isolamento social no cotidiano do brasileiro. O levantamento avaliou questões como hábitos e rotinas; sentimentos e reações físicas; alimentação; e o impacto na libido de casados e solteiros.
De solução a problema, o home office
se tornou um fator de estresse e alteração de humor para uma legião de
brasileiros que adotou o sistema de trabalho remoto como medida de prevenção e
maneira de manter o distanciamento social. Para entender o real impacto da
pandemia na saúde emocional dos brasileiros, o Instituto Bem do Estar e a NOZ
Pesquisa e Inteligência conduziram o mapeamento Saúde da Mente & Pandemia, que
contou com 2.565 respostas de brasileiros de todas as regiões,
idades e classes sociais. O levantamento – conduzido entre maio de 2020 e
fevereiro de 2021, em duas etapas – traz um recorte que avalia como a
modalidade influenciou os trabalhadores submetidos ao trabalho a distância.
Para 59% dos entrevistados, trabalhar em casa gerou
um estado maior de irritação; 65% dos profissionais que estão retornando ao
local de trabalho e que dedicam alguns dias ao home office, em um
modelo híbrido, também reportam que estão mais irritados do que quando o
trabalho era totalmente presencial. De acordo com as pesquisadoras, os índices
de irritabilidade são altos nos dois modelos, embora os dados mostrem que
permanecer em casa, com todos os desafios, pode reduzir o estresse.
O mesmo padrão foi observado em relação à
insegurança: enquanto 53% dos brasileiros que estão em home office
estão se sentindo mais inseguros, o percentual é de cerca de 63% para os estão
no modelo híbrido – ou trabalhando apenas presencialmente. Esses índices
apontam para o aumento da insegurança em relação ao contágio, principalmente,
no momento que vivemos, no qual são registrados novos picos da doença.
A pesquisa – que integra o projeto Sociedade
de Vidro – avaliou, também, questões como hábitos e rotinas;
sentimentos e reações físicas; e impacto na alimentação e na libido de casados
e solteiros. Ao longo do primeiro trimestre de 2021, o levantamento contará com
outros módulos focados em investigar a saúde da mente de moradores de
periferias, de jovens e o novo ambiente de trabalho.
Segundo Juliana Vanin, fundadora da NOZ Pesquisa e
Inteligência e uma das coordenadoras da pesquisa Saúde da Mente & Pandemia,
entre os destaques do mapeamento estão as análises propositivas que a
diversidade de dados possibilita. “A pesquisa traz muitas informações sobre os
sentimentos e as reações físicas, mas também mapeamos mudanças nos hábitos e
nas rotinas provocadas pela pandemia, como, por exemplo, o nível de isolamento,
aumento de horas dedicadas ao home office e às atividades físicas.
Isso nos permite traçar as relações entre as alterações nos sentimentos e as
reações físicas ligadas à ansiedade e à depressão com as novas rotinas e os
novos hábitos. Essas análises serão úteis para planejarmos como lidar com a
saúde da mente nesse novo contexto em que vivemos”, afirma Juliana.
Na percepção de Isabel Marçal, cofundadora do
Instituto Bem do Estar, o diferencial da pesquisa está em proporcionar pelo
menos cinco minutos de reflexão aos participantes sobre os próprios sentimentos
e as reações físicas diante da maior crise da contemporaneidade. “Queremos
impulsionar o debate, a troca de experiências e a escuta de novas visões e
percepções sobre a saúde da mente. E, o primeiro passo é entender como estão
nossos sentimentos e quais reações físicas são provocadas em nosso corpo por
questões emocionais. A pesquisa proporcionou, por meio do olhar para si mesmo,
que levantássemos esses dados, além de outros – citados por Juliana Vanin, com
possibilidade de diversos cruzamentos. A partir dos dados levantados e
compilados de forma consistente, precisa e plural, poderemos, com a ajuda de
especialistas convidados, observar as tendências e realizar uma análise
propositiva do atual cenário brasileiro da saúde da mente”, avalia Isabel.
De acordo com a análise de Milena Fanucchi,
cofundadora do Instituto Bem do Estar, a pandemia veio para ‘iluminar’ diversos
problemas da nossa sociedade, entre eles, os transtornos relacionados à saúde
da mente, como depressão e ansiedade. “Se, antes, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) já previa que, em 2020, a depressão seria a maior causa de
afastamentos no trabalho – e até 2030 a doença mais incapacitante do mundo –,
imagina agora? A pesquisa mostra o aumento de diversos sintomas relacionados
tanto à depressão quanto à ansiedade, o que é preocupante. Por isso, é de
extrema urgência informar a população sobre os cuidados com a nossa saúde da
mente, para assim prevenir, principalmente, a depressão e a ansiedade",
pondera.
“Embora esteja sendo uma alternativa para manter o
distanciamento social, o home office traz desafios, sobretudo à
saúde da mente. Em alguns aspectos, proporcionou comodidade e qualidade de
vida; em outros, trouxe transtornos, reforçando quadros de ansiedade e
irritação, como demonstra o recorte da pesquisa. Em suma, embora permanecer
trabalhando em casa neste momento possa trazer maior segurança, os dados
mostram que a modalidade ainda requer alguns ajustes para garantir o bem-estar
de funcionários com diferentes perfis comportamentais”, analisa Juliana Vanin.
PRINCIPAIS RESULTADOS DO
RECORTE
| Entre quem estava
trabalhando no final de 2020 e no início de 2021, 56% dos entrevistados estavam
atuando integralmente em home office. Na pesquisa Sociedade de
Vidro, realizada em maio de 2020, 69% dos respondentes
estavam trabalhando em home office.
- 5%
sempre atuaram no sistema home office.
- 47%
estavam trabalhando em home office, sem previsão de
retorno presencial.
- 4%
estavam trabalhando em home office, mas já com previsão
de retorno.
- 14%
estavam retornando ao local de trabalho, ou seja, trabalhando alguns dias
da semana presencialmente e, em outros, no modelo home
office.
- 13% por um período
trabalharam em home office, mas já retornaram
presencialmente todos os dias.
- 15% não
trabalharam em nenhum momento em home office durante a pandemia.
- 2%
outros formatos.
O percentual de pessoas que
se sentem excessivamente preocupadas mais do que antes do início da
pandemia é maior entre quem está deixando de ou nunca trabalhou em home office (o percentual é
crescente).
- 60% sempre
atuaram em home office.
- 63%
estavam trabalhando em home office, sem previsão de
retorno presencial.
- 64%
estavam trabalhando em home office, mas já com previsão
de retorno.
- 63%
estavam retornando ao local de trabalho, ou seja, trabalhando alguns dias
da semana presencialmente e, em outros, no modelo home
office.
- 68%
trabalharam em home office, por um período, mas
já retornaram presencialmente todos os dias.
- 69% não
trabalharam em nenhum momento em home office durante a pandemia.
A análise do impacto do home office no grau de
irritação dos entrevistados.
- 59% dos que estão em home
office estão mais irritados.
- 65% que estavam
retornando ao local de trabalho – ou seja, trabalhando alguns dias da
semana no local de trabalho e, nos outros, em home office –
estão mais irritados.
- 65% que não trabalharam
em nenhum momento em home office durante a pandemia
estavam se sentindo mais irritados.
Em geral, o aumento da dificuldade de concentração
não se altera entre quem está em home office ou não, mantendo-se alta
para todos; porém, cerca de 53% afirmaram que estão com mais dificuldade do que
antes da pandemia. Entretanto, entre os que estavam retornando ao local de
trabalho – trabalhando alguns dias da semana presencialmente e, em outros,
trabalham em home-office – 68% sentiam-se com maior dificuldade de
concentração.
METODOLOGIA DA PESQUISA | Conduzida pela NOZ Pesquisa e Inteligência – em parceria com o Instituto
Bem do Estar –, o mapeamento Saúde da Mente & Pandemia é uma
pesquisa quantitativa on-line com questionário de
autopreenchimento voluntário. Sem fins comerciais, foi realizada entre de maio
de 2020 e fevereiro de 2021 e contou com participação voluntária de 1.515
respondente na primeira fase e mais 1.050 na segunda etapa. Os dados permitiram
mapear os sentimentos, as sensações e mudanças de hábitos e rotinas durante o
isolamento social. O perfil da amostra é composto por 20% homens, 70% mulheres
e 10% outros ou preferiram não informar; 75% moradores do Estado de São
Paulo e 25% distribuídos por todas as regiões do Brasil e com faixas etárias e
renda mensal individual diversas.
O estudo “Saúde da Mente & Isolamento Social”
integra um grande projeto do Instituto Bem do Estar, Sociedade
de Vidro – um olhar contínuo sobre a sociedade brasileira e as
fragilidades emocionais. O projeto conterá estudos para que o máximo de dados
sejam levantados e compilados de forma consistente e precisa, além de
iniciativas de reflexão e conscientização.
INSTITUTO BEM DO ESTAR
NOZ PESQUISA E INTELIGÊNCIA
www.noz-pesquisaeinteligencia.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário