Mark Twain diz que "um homem que agarra um gato pelo rabo aprende 40% mais sobre gatos do que sabia antes". Pois bem, o gato da vez se chama COVID-19. Tentando driblá-lo, aprendemos mais em 12 meses sobre como trabalhar remotamente do que nos últimos 10 anos.
A seguir, aponto sete
lições relevantes para lidarmos com o que estamos vivendo e continuaremos a
viver por um bom tempo.
1 - Automação inteligente
- É preciso
amadurecer, padronizar, automatizar e agregar inteligência ao ambiente de
trabalho digital para garantir a agilidade necessária em caso de mudanças
inesperadas. Um exemplo claro: antes da pandemia, um de nossos clientes já
fazia grandes investimentos na automação dos processos de TI. No final de 2019,
viu uma enorme redução no tempo de execução de funções complexas, como
integração de novos funcionários, provisionamento de aplicações e desligamento
de profissionais. Esse cliente estava preparado para lidar com funcionários que
precisaram trabalhar de casa pela primeira vez.
2 - Realidade mesclada
- A pandemia provou a
utilidade da realidade mesclada (merged reality) em reduzir viagens e agilizar
o suporte. Essa tecnologia funciona assim: um especialista visualiza
remotamente as instalações e orienta o profissional que está no local sobre o
que deve fazer. Em um mundo pós-pandêmico, no qual provavelmente haverá menos
viagens, esta capacidade será extremamente valiosa. Os casos mais fascinantes
durante a pandemia vieram da aplicação dessa tecnologia no atendimento ao setor
de saúde. Essa ferramenta permite que, por exemplo, um cirurgião oriente um
médico durante um procedimento.
3 - Personas - Cada empresa lida
com diferentes personas. Isto é, tipos de públicos com necessidades e desejos
específicos. É preciso identificá-las com base em dispositivos que usam, locais
onde trabalham e modalidades de suporte que utilizam e, assim, prover
experiências adequadas a cada uma. Isso influencia diretamente na produtividade
e na satisfação do usuário final. As empresas que especificaram o local de
trabalho digital de funcionários e os requisitos de suporte por
"persona" acharam mais fácil manter a produtividade durante a
pandemia.
4 - Análise de
sentimentos - Existem vários estudos mostrando que funcionários felizes
são mais produtivos. No entanto, muitas vezes, os líderes têm dificuldade em
discernir quem está infeliz e feliz. A análise de sentimento coleta dados sobre
as interações da central de atendimento para cada usuário, atribui uma emoção a
cada interação e destaca tendências (positivas e negativas), que podem ser
usadas para orientar os líderes como agir. Por exemplo, a mudança para o Zoom
melhorou a satisfação do usuário ou não? E em relação às últimas atualizações
do Windows? Medindo a "temperatura" emocional dessa forma, os líderes
podem corrigir problemas rapidamente e garantir melhoria da produtividade.
5 - Visão holística do
trabalho digital - A combinação entre análise de sentimentos e experiência
digital dá uma visão holística de todo o local de trabalho digital. Assim como
a análise de sentimentos mede a felicidade do funcionário, a experiência
digital mede a excelência de desempenho do computador. Isso é feito avaliando
vários aspectos dos dispositivos: os PCs estão ficando sem memória, travando ou
inicializando lentamente? Traduzir esses elementos em uma pontuação de
experiência digital permite que a central de service desk se aprofunde para
entender mudanças, permitindo correções automáticas e elevando o nível de
satisfação e produtividade dos funcionários.
6 - Experiência
digital do cliente - A pandemia mudou a perspectiva do suporte presencial diante
das atuais exigências de distanciamento social. Uma alternativa é utilizar aplicativos
de serviços como exemplo para adequar sua estratégia. Imagine usar o smartphone
para reagendar rapidamente um chamado de suporte em campo. Ou até apresentar
uma foto do equipamento com falha para que o técnico leve a peça adequada logo
na primeira visita, rastrear o especialista enquanto ele se dirige a um local e
até realizar uma pesquisa rápida após o atendimento. Faz sentido, não?
7 - Segurança - Na pressa por
viabilizar o trabalho remoto, as melhores práticas de segurança, muitas vezes,
são deixadas de lado, e os hackers aproveitam a oportunidade. Trabalhar de casa
pode expor a empresa a novos riscos de segurança que não existiam nos
escritórios. A adoção do modelo Zero Trust facilita a migração segura para o
trabalho de casa. Também eleva significativamente os níveis de segurança dentro
das redes corporativas e reduz a vulnerabilidade das VPNs. O elemento humano
ainda é o elo mais vulnerável, por isso é fundamental garantir treinamento
atualizado e frequente aos funcionários.
Que possamos, além de
aprender, tirar vantagens competitivas das situações que nos são impostas.
Weston J. Morris - Líder de Estratégia Global para Digital Workplace da Unisys, empresa global de tecnologia. Possui mais de 25 anos de experiência em análise de sistema, design, integração e desenvolvimento de softwares.
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