"Fulano foi cancelado!". Com certeza você ouviu essa frase nos últimos dias, principalmente devido às polêmicas da 21ª edição do Big Brother Brasil (BBB 21), da Rede Globo de Televisão. O “cancelamento”, ou seja, o boicote a pessoas e marcas, deixou a casa mais vigiada do Brasil e passou a fazer parte das conversas e do cotidiano.
Cancelar as pessoas virou o novo normal
- pensou e agiu diferente, está bloqueado e excluído. No BBB e na vida
vestimos a nossa “toga de juiz” e partimos para o veredito. Se merecido ou
não, rapidamente, já temos uma decisão e um lado. Mas será que cabe a nós
cancelar alguém?
Quando uma pessoa, seja ela famosa ou
anônima, decide se expor em um reality show, obviamente ela deve estar
consciente de que mostrará lados de sua personalidade que, normalmente, não
aparecem nas redes sociais. Já para quem assiste a esse tipo de programa, é
importante acompanhar com um olhar de que todos nós, seres humanos, possuímos
um lado mais frágil e complicado, que tentamos não mostrar. Quem não tem um dia
ruim? Quem nunca foi o lado mau de uma história, no sentido de ser impulsivo ou
ter um sentimento ruim, por exemplo? A diferença é que, na vida real, evitamos
nos expor a situações e pessoas que despertam esses lados.
É justamente por isso que sou totalmente
contra a cultura do cancelamento e ao linchamento virtual. É necessário
percebermos que esse tipo de situação sempre gera dor em diversas pessoas,
afinal, existe um ser humano por trás de um perfil na internet, uma família
envolvida e diversas pessoas e profissionais que sofrem diretamente com esse
tipo de ataque. Então, afinal, qual o sentido de continuarmos incitando o ódio?
Se não concordamos com algo, basta deixar de seguir.
Além do cancelamento, temos também
aquela parte do público que se decepciona com a personalidade em questão. Por
isso, sempre reforço a importância de ser verdadeiro e fiel à sua essência. O
que não podemos defender são pessoas que pregam um valor e, na prática, são
totalmente diferentes. Isso não funciona em reality show, não funciona nas
redes sociais e muito menos na vida real.
Gritamos aos quatro cantos que “errar é
humano”, mas, muitas vezes, isso só se aplica quando se trata de nós ou de
alguém que não queremos que vá para o “paredão”. Com a minha experiência
gerenciando a carreira de grandes influenciadores, vejo o quanto eles buscam
usar as suas influências de forma ética e responsável, procurando sempre
aprender com os erros e acertos.
Não estou aqui defendendo quem já foi
cancelado, mas, sim, que o julgamento e a sentença não sejam feitos apenas com
base em 140 caracteres, sem levar em conta a perspectiva e a história do outro.
Não podemos sempre partir direto para o linchamento virtual. O diálogo é uma
atitude que deve fazer parte de uma sociedade que deseja evoluir e se tornar
mais justa.
Quer cancelar alguém? Que tal dar
espaço para a pessoa se posicionar, reparar seu erro e amadurecer? Foi você
quem errou? Assuma, peça desculpas, aprenda e não erre novamente – toda crise
exige uma mudança.
O cancelamento traz consequências para
o cancelador e para o cancelado. Quando proferimos discursos repletos de ódio e
xingamentos, corremos o risco de nos tornarmos pessoas extremamente críticas.
Já quando somos cancelados, podemos desenvolver sérios problemas emocionais e físicos.
Existem outras formas de mostrar ao
outro o seu erro. Acredito em algo bem parecido a uma escola, onde erramos,
aprendemos e temos a chance de tentar novamente. Ainda há muito a ser
feito, mas, com empatia, chegaremos lá.
Alex Monteiro - CEO da
Ensinança e sócio-fundador da Non Stop,
a maior agência de talentos digitais da América Latina.
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