Segundo a Unesco, 90% dos patrimônios naturais ao redor do mundo geram emprego e renda a partir das atividades turísticas e recreacionais. Conheça alguns ícones do Brasil
Uma das maneiras mais efetivas para um povo
preservar seu passado, cultura e tradições é por meio de patrimônios
históricos, locais e costumes de grande relevância que gozam de garantias
legais para que sua integridade seja mantida. Desde 1972, com a Convenção para
a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural promovida pela Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), áreas
naturais passaram a integrar este rol, o que lhes confere mais um recurso a
favor da proteção da biodiversidade.
A Convenção criou duas categorias de patrimônio
histórico: cultural e natural. Com isso, as nações signatárias se comprometem a
cuidar de suas áreas naturais da mesma forma que se preocupam com monumentos,
sítios arqueológicos e ícones arquitetônicos considerados importantes para o
país ou até mesmo para a humanidade.
Uma das grandes contribuições da Convenção foi justamente
relacionar, em um único documento, a conservação da natureza e a preservação de
propriedades culturais, reconhecendo a maneira como as pessoas interagem com o
meio ambiente. “A natureza está relacionada com o nascimento e o
desenvolvimento de sociedades. A forma como elas se adaptam ao seu meio
determina diversos costumes, comportamentos e hábitos. O conjunto formado por
belezas e atrativos naturais, culturais, gastronômicos e arquitetônicos
constitui uma fortaleza que contribui com o desenvolvimento regional e precisa
ser mantida”, explica a coordenadora de Áreas Protegidas da Fundação Grupo
Boticário de Proteção à Natureza, Marion Silva.
De acordo com a Unesco, milhões de pessoas no mundo
são diretamente dependentes dos produtos e serviços que os patrimônios naturais
geram, sendo que 90% deles criam emprego e renda a partir
de atividades turísticas e recreacionais.
Um estudo da Universidade da
Panônia, na Hungria, realizado a partir de análises
estatísticas entre os patrimônios mundiais e dados do desempenho turístico de
129 países (entre 2014 a 2017), afirma que cidades que contam com patrimônios
mundiais, sejam eles culturais, naturais ou mistos, aumentam a visitação
turística. Aponta ainda que, enquanto os patrimônios culturais atraem mais
viajantes, os naturais geram mais receitas, possivelmente por demandar maior
número de serviços. “Os resultados mostram que um novo patrimônio mundial
natural pode gerar 1,4 milhão de novos turistas por ano e US$ 4,6 bilhões
extras em receitas de turismo”, concluem os pesquisadores.
Conheça seis importantes patrimônios naturais do
Brasil:
Pantanal: a maior planície alagada do
mundo é um dos patrimônios históricos naturais que mais representam o Brasil.
Desde 2000, está inscrito na Lista do Patrimônio Natural Mundial da Unesco.
Afetado recentemente por grandes incêndios, o bioma brasileiro é refúgio para
inúmeras espécies. De acordo com a SOS Pantanal, a região abriga pelo menos
3.500 espécies de plantas e cerca de mil espécies de animais, sendo algumas
delas em risco de extinção.
Parque Nacional Serra da Capivara: localizado
no Piauí, o parque foi criado em 1979 para preservar vestígios arqueológicos da
presença humana na região. Possui cerca de 130 mil hectares e entrou no Livro
de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1993. Entre as espécies animais,
segundo a plataforma WikiParques, destaca-se o mocó (roedor das caatingas),
presente na região há pelo menos 30 mil anos. Há ainda registros de outras 318
espécies de animais, entre mamíferos, aves, répteis e anfíbios.
Grutas de Bonito: um dos
destinos turísticos mais apreciados do Brasil, a cidade de Bonito (MS) é famosa
por suas águas cristalinas e por suas grutas, duas delas tombadas pelo Iphan em
1978: a Gruta do Lago Azul e a Gruta de Nossa Senhora Aparecida. De acordo com
o Iphan, “incrustadas em uma paisagem natural de rios de águas transparentes,
as grutas integram um circuito de turismo ecológico” que envolve ações de
sustentabilidade e conservação. Pesquisadores já encontraram, no lago
subterrâneo da primeira gruta, fósseis de espécies já extintas que habitaram a
região há mais de 12 mil anos.
Morro do Pai Inácio: monumento
natural e geomorfológico do país, o morro é uma das principais atrações do
Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA), pois é dele que os visitantes podem
observar toda a imensidão local. Entrou para o Livro do Tombo Arqueológico,
Etnográfico e Paisagístico do Iphan em 2000. Com 1.120 metros de altura, está
numa área que conta com mais de cem tipos de orquídeas, além de outras espécies
de flora, como bromélias, cactos, begônias, trepadeiras e sempre-vivas. Entre
os animais, destaque para o beija-flor-gravatinha-vermelha, que só pode ser
encontrado na região.
Chapada dos Veadeiros e Emas: os parques
nacionais da Chapada dos Veadeiros e das Emas, no estado de Goiás, formam uma
área que integra a lista de Patrimônios da Humanidade desde 2001. Juntas,
protegem 381 mil hectares do Cerrado, um bioma tipicamente brasileiro e um dos
mais ameaçados do país. “Durante milênios, esses locais serviram de refúgio
para diversas espécies durante períodos de mudanças climáticas e serão vitais
na manutenção da biodiversidade do Cerrado durante futuras flutuações climáticas”,
alerta a Unesco. Além das trilhas e cachoeiras, a biodiversidade é a grande
atração dos parques, onde é possível a observação de animais, como
tamanduá-bandeira, cachorro-do-mato, ema, anta, onça-pintada, tatu-canastra e o
lobo-guará.
Reserva Biológica Atol das Rocas: juntamente
com o arquipélago de Fernando de Noronha, o Atol das Rocas é patrimônio
histórico natural do Brasil reconhecido pela Unesco. O atol é a primeira
reserva marinha do país, criada em 1979. Fica a 130 quilômetros de Noronha e,
ao contrário do arquipélago, não é aberto a visitações, servindo como santuário
para a vida marinha e para fins científicos. É o único atol (coral em formação
circular) do Atlântico Sul, com 35 mil hectares e gerido pelo Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). De acordo com o WikiParques,
147 espécies de peixes já foram catalogadas ali, sendo uma delas a Stegastes
rocasensis (donzela-de-rocas), batizada em homenagem ao atol.
Sobre a Fundação Grupo Boticário
Com 30 anos de história, a Fundação Grupo Boticário
é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a
natureza brasileira. A instituição atua para que a conservação da
biodiversidade seja priorizada nos negócios e em políticas públicas e apoia ações
que aproximem diferentes atores e mecanismos em busca de soluções para os
principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Protege duas áreas de
Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil –, somando 11 mil
hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com mais de 1,2 milhão de
seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano
das pessoas. A Fundação é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O
Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A
instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra,
evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial.
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