Pesquisar no Blog

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Medo de sair de casa e sensação de vulnerabilidade podem caracterizar ‘Síndrome da Cabana’

 Segundo a psicóloga Naiara Mariotto, transtorno é causado pela mudança de hábito repentina, mas pode ser tratado com terapia. 

 

Com o anúncio feito pelo Governo do Estado de São Paulo de que toda a população deve receber a vacina contra a Covid-19 até fevereiro de 2021, a expectativa é que a rotina anterior à pandemia seja retomada aos poucos, após meses de isolamento. 

A notícia da possível retomada, contudo, pode se tornar um pesadelo para muitas pessoas que se acostumaram à ideia de proteção dentro de casa e se desconectaram da realidade em que viviam antes da chegada da doença. De acordo com a psicóloga Naiara Mariotto, o medo de sair e a sensação de vulnerabilidade são alguns dos sintomas que caracterizam a ‘Síndrome da Cabana’. 

“Os principais sintomas são dificuldade de concentração, mudanças no padrão do sono (sonolência ou insônia), inquietação, falta de motivação, falta de esperança, irritabilidade, desconfiança de tudo e, às vezes, tristeza ou depressão persistente”, diz. 

A psicóloga explica que o termo surgiu em meados de 1900, nos Estados Unidos, para nomear os problemas enfrentados pelos trabalhadores que passavam longos períodos em cabanas esperando o fim do inverno e depois tinham receio de retomar ao convívio social. 

Atualmente, muitas pessoas podem sofrer com a síndrome, mas aquelas que já enfrentam a ansiedade, ou os trabalhadores que estão voltando às empresas contra a própria vontade, podem estar mais suscetíveis a desenvolverem os sintomas. 

“As pessoas foram obrigadas a se adaptarem a uma nova rotina dentro de casa e, de alguma maneira, elas associam aquilo com proteção. Ter que voltar à rotina de encontro ao desconhecido, se sentindo muito mais vulnerável, vai demandar muito mais energia do cérebro, aumentando esse estresse”, explica. 

 

Diagnóstico e tratamento 

            De acordo com Naiara, os sintomas podem aparecer em diversos níveis, mas é importante que as pessoas que estão percebendo problemas no trabalho relacionados à síndrome procurem ajuda. Outra situação de alerta é quando um amigo ou parente de confiança relate mudanças no seu comportamento. 

Durante as sessões, o terapeuta procurará entender quais são os medos e aplicar técnicas que mais se enquadram ao perfil do paciente.  

“Uma delas é a técnica da dessensibilizarão sistêmica, na qual a gente coloca o paciente, de modo gradual, em contato com os seus medos para que ele tenha pequenos sucessos e desmistifique esses receios”, conta.  

Com as técnicas guiadas pelo terapeuta, o paciente acabará desenvolvendo autoconhecimento com relação às emoções e sentimentos que são passíveis de controlar. Outra abordagem no tratamento é a busca por lembranças de coisas divertidas ou prazerosas que você viveu fora de casa.  

“Vai ser importante conversar sobre isso, tentar reviver, entender que isso é passageiro, e que por mais que a gente não saiba quando, tudo vai voltar ao normal. Se você sair e se sentir mal, você pode voltar para casa, conduzindo a situação no seu tempo, da sua maneira, com calma”, diz. 

 

 


Naiara Mariotto - psicóloga clínica, seguindo a abordagem cognitivo comportamental. É especialista em relacionamentos e equilíbrio emocional, psicoterapeuta, sexóloga, supervisora clínica e palestrante.  É fundadora da Clínica Naiara Mariotto, em Araraquara (SP), onde oferece atendimentos para crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias, além das terapias corporais e relaxantes. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados