Segundo a psicóloga Naiara Mariotto, transtorno é causado pela mudança de hábito repentina, mas pode ser tratado com terapia.
Com o anúncio feito pelo Governo do Estado de São
Paulo de que toda a população deve receber a vacina contra a Covid-19 até
fevereiro de 2021, a expectativa é que a rotina anterior à pandemia seja
retomada aos poucos, após meses de isolamento.
A notícia da possível retomada, contudo, pode se
tornar um pesadelo para muitas pessoas que se acostumaram à ideia de proteção
dentro de casa e se desconectaram da realidade em que viviam antes da chegada
da doença. De acordo com a psicóloga Naiara Mariotto, o medo de sair e a
sensação de vulnerabilidade são alguns dos sintomas que caracterizam a ‘Síndrome
da Cabana’.
“Os principais sintomas são dificuldade de
concentração, mudanças no padrão do sono (sonolência ou insônia), inquietação,
falta de motivação, falta de esperança, irritabilidade, desconfiança de tudo e,
às vezes, tristeza ou depressão persistente”, diz.
A psicóloga explica que o termo surgiu em meados
de 1900, nos Estados Unidos, para nomear os problemas enfrentados pelos
trabalhadores que passavam longos períodos em cabanas esperando o fim do
inverno e depois tinham receio de retomar ao convívio social.
Atualmente, muitas pessoas podem sofrer com a
síndrome, mas aquelas que já enfrentam a ansiedade, ou os trabalhadores que
estão voltando às empresas contra a própria vontade, podem estar mais
suscetíveis a desenvolverem os sintomas.
“As pessoas foram obrigadas a se adaptarem a uma
nova rotina dentro de casa e, de alguma maneira, elas associam aquilo com
proteção. Ter que voltar à rotina de encontro ao desconhecido, se sentindo
muito mais vulnerável, vai demandar muito mais energia do cérebro, aumentando
esse estresse”, explica.
Diagnóstico e tratamento
De
acordo com Naiara, os sintomas podem aparecer em diversos níveis, mas é
importante que as pessoas que estão percebendo problemas no trabalho
relacionados à síndrome procurem ajuda. Outra situação de alerta é quando um
amigo ou parente de confiança relate mudanças no seu comportamento.
Durante as sessões, o terapeuta procurará
entender quais são os medos e aplicar técnicas que mais se enquadram ao perfil
do paciente.
“Uma delas é a técnica da dessensibilizarão
sistêmica, na qual a gente coloca o paciente, de modo gradual, em contato com
os seus medos para que ele tenha pequenos sucessos e desmistifique esses
receios”, conta.
Com as técnicas guiadas pelo terapeuta, o paciente
acabará desenvolvendo autoconhecimento com relação às emoções e sentimentos que
são passíveis de controlar. Outra abordagem no tratamento é a busca por
lembranças de coisas divertidas ou prazerosas que você viveu fora de casa.
“Vai ser importante conversar sobre isso, tentar
reviver, entender que isso é passageiro, e que por mais que a gente não saiba
quando, tudo vai voltar ao normal. Se você sair e se sentir mal, você pode
voltar para casa, conduzindo a situação no seu tempo, da sua maneira, com calma”,
diz.
Naiara Mariotto - psicóloga clínica, seguindo a
abordagem cognitivo comportamental. É especialista em relacionamentos e
equilíbrio emocional, psicoterapeuta, sexóloga, supervisora clínica e
palestrante. É fundadora da Clínica Naiara Mariotto, em Araraquara (SP),
onde oferece atendimentos para crianças, adolescentes, adultos, casais e
famílias, além das terapias corporais e relaxantes.
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