Análise
mostra seis comportamentos e estados de espírito que, ou emergiram, ou foram
acelerados por conta do isolamento social imposto pelo surto global da Covid-19
Os últimos seis meses foram de mudanças drásticas em todo o mundo. A pandemia sem precedentes da Covid-19 fez com que as pessoas alterassem - e muito - as suas próprias rotinas, alterando percepções e adquirindo novas formas de pensamento. É o que mostra o levantamento realizado com dados colhidos no Twitter durante o primeiro semestre de 2020. A pesquisa aponta seis mudanças que se destacaram desde que a Organização Mundial da Saúde sugeriu a necessidade do isolamento social.
O estudo apresenta um panorama sobre como as pessoas estão vivendo
e como estão lidando com as dificuldades originadas desse período. As
descobertas mostram, ainda, quais destes comportamentos têm a maior chance de
se tornarem permanentes mesmo depois da crise. A conversa sobre saúde mental
ainda é significativa, mas interesses em hobbies como leitura, jardinagem e
cozinha apresentaram grande crescimento.
De acordo com os dados do levantamento, as
pessoas passaram a investir mais em hobbies e passatempos: uma em cada três
está pensando mais neste tempo de qualidade. Mais de 41% afirmam estar lendo
mais neste período, houve também um aumento de mais de 46% de menções
relacionadas a pequenos prazeres.
"Para se ter uma ideia, houve um aumento de 41% na conversa diária sobre saúde mental, estresse e autocuidado desde o início do isolamento. Isso mostra como as pessoas vem se sentindo por conta de todo o problema global que estamos passando. Também houve um crescimento de 13% no uso de palavras ligadas a humor e emoções para se expressar quando comparado ao período pré pandemia", explicou Beatriz Montenegro, analista de pesquisa, Marketing Insights e Analytics do Twitter Brasil.
Para organizar este levantamento, a plataforma
utilizou dados relevantes dos primeiros seis meses deste ano. As principais
descobertas da pesquisa trazem seis comportamentos e estados de espírito que,
ou emergiram, ou foram acelerados por conta do isolamento: Fisicamente
distantes, socialmente conectados; Explorando a criatividade;
#AsOutrasEpidemias; Em busca de um novo ritmo; Carrossel de Emoções; Consumo
contraditório.
"Por mais que os números e informações sejam
muito relevantes, é impossível garantir como, de fato, será o futuro",
explica Beatriz, que complementa: "mudanças de comportamento são lentas,
complexas, e estruturais. Também é preciso levar em conta que a Covid-19 não
aconteceu em um vácuo, e sim em um mundo já complexo e, de muitas formas, agiu
como um acelerador de crises. Vale lembrar, ainda, que são quase 8 bilhões de
histórias diferentes, sendo que a percepção e reflexos de tudo isso pode ser
diferente entre pessoas que convivem dentro da mesma casa. A situação ainda
está evoluindo e se desenvolvendo dia após dia, sendo um bom momento serem
levantados questionamentos sobre o que é considerado normal".
1. Fisicamente distantes, socialmente
conectados
As pessoas tiveram que se manter fisicamente
distante umas das outras, porém, na realidade, o distanciamento social não
existiu de fato. Graças à tecnologia, muitos se mantiveram mais conectados do
que nunca. As vídeo-conferências, antes usadas apenas no ambiente do trabalho,
tomaram conta da rotina de todos. A socialização passou a ser feita, ainda
mais, de maneira virtual. Foram realizadas inúmeras festas remotas ou watch
parties para assistir lives de shows, por exemplo. O modo de socializar se
tornou fundamentalmente digital e alguns desses novos hábitos muito provavelmente
irão permanecer além da pandemia. Para se ter uma ideia deste crescimento, os
termos "Lives" e "watch parties" foram mencionados 10x mais
do que eram anteriormente.
2. Explorando a criatividade.
O brasileiro é conhecido por ser um povo que
consegue se adaptar às mais adversas situações com criatividade. E, pelas mais
diversas razões, isso também ficou claro durante este período - desde a busca
por manter a cabeça saudável até a vontade de tentar ajudar ao próximo. Houve
um crescimento de 30% das pessoas que afirmam estar criando mais conteúdo de
vídeo para internet durante o isolamento.
As pessoas também estão utilizando seu tempo
livre, e em isolamento, para aprender novas coisas e explorar habilidades
diferentes. Houve um aumento de 37% em menções diárias sobre a palavra pão, já
que muitos estão utilizando o tempo livre para aprender novas formas de
cozinhar. Termos como desenho, arte e ilustração tiveram um crescimento de 35%.
Com o isolamento, também veio o desafio de
pequenos empreendedores e trabalhadores informais manterem sua renda básica.
Conversas relacionadas a ajuda e divulgação de trabalho e perfis de pessoas
buscando emprego ou complemento de renda através de alguma atividade extra
cresceram 36%. Essa necessidade se acentuou por conta do impacto na renda de
muitas pessoas. 52% dizem sentir um grande este impacto na renda com a chegada
da pandemia.
3. #AsOutrasEpidemias
A saúde mental, as crises econômica e política e
a preocupação com a recuperação do país têm sido classificadas como #AsOutrasEpidemias.
Quando analisamos o impacto financeiro, vemos que boa parte das pessoas tiveram
suas fontes de renda bastante impactadas; 40% delas tiveram suas horas de
trabalho reduzidas e 59% se sentem inseguras ou muito inseguras em relação a
suas finanças pessoais nos próximos 6 meses.
4. Em busca de um novo ritmo
Algumas pessoas mudaram - e muito - o ritmo das
próprias vidas. Muitas passaram a ficar em casa por conta do distanciamento
social e tiveram as rotinas completamente alteradas. As vidas, antes muito
agitadas, sofreram uma parada brusca e se tornaram bem mais lentas. Mesmo com o
isolamento tendo chegado sem aviso, e promovendo uma série de mudanças não
programadas, as pessoas passaram a apreciar esse ritmo mais lento e
demonstraram a intenção de permanecer em rotinas menos frenéticas no futuro.
O levantamento mostra um aumento dos Tweets
declarando a apreciação das coisas simples da vida, como o nascer do sol e a
natureza. Para se ter uma ideia, a plataforma registrou um aumento de 46% de
menções relacionadas a isso. Ficou claro também que mais pessoas passaram a
refletir sobre suas vidas sociais abarrotadas de compromissos pessoais e
profissionais. Muitas estão repensando a forma com que gostariam de socializar
e investir seu tempo no futuro.
5. Carrossel de Emoções
Acordar sorrindo, dormir chorando e ainda passar
pelas mais diversas emoções durante o mesmo dia - ou até hora - tem sido uma
coisa comum para muitas pessoas. O isolamento pesou para a maioria, impactando
fisicamente e emocionalmente. Muitos estão experimentando emoções intensas e
oscilantes no dia a dia. A expectativa, pelo que mostra o levantamento
realizado no Twitter, é que essa oscilação se mantenha alta até que a situação
esteja completamente sob controle. Um termômetro disso é o uso dos emojis na
plataforma, já que as "figurinhas" têm como objetivo sintetizar o que
cada um está sentindo. Ao observar os mais usados durante o isolamento, fica
claro como as coisas têm sido inconstantes.
Top 7 emojis mais usados durante o isolamento
6. Consumo contraditório
A plataforma sempre foi palco de discussão entre
pessoas com pontos de vista diferentes, o que enriquece qualquer conversa. Mas,
na pandemia, as opiniões que circularam no Twitter se mostraram mais extremadas
e contraditórias, revelando que as pessoas estão mais pragmáticas. Ao mesmo
tempo que as prioridades mudaram, as expectativas ainda são bem altas em
relação a nós mesmos, figuras públicas e marcas.
Mesmo apoiando os negócios locais, as compras em
sites e mega varejistas aumentaram como nunca. As conversas sobre mudança
climática caíram e a ameaça do vírus fez com que muitos, que antes eram contra,
passassem a aceitar o uso de plástico descartável em luvas ou copos, por
exemplo.
Enquanto foram registrados mais de 300 mil Tweets
apoiando o Breque dos Apps - movimento criado pelos entregadores em busca de
melhores condições de trabalho -, 42% das pessoas dizem ter aumentado o uso de
aplicativos de delivery de comida durante a pandemia e que pretendem manter o
hábito depois do isolamento.
Saiba mais sobre o levantamento nos
links:
Novas conversas: análise de comportamentos durante a
pandemia
Novas conversas: os seis comportamentos
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