Estudo feito pelo Instituto Crescer aponta que a maioria dos docentes não sabe se o aprendizado foi assimilado. Algumas regiões do país já usam a tecnologia para avaliação
Com a reabertura gradual das
instituições de ensino acontecendo em todo o país, além da preocupação em
acolher crianças e jovens que tiveram dificuldades em lidar com esse período,
educadores das redes públicas e privadas terão de correr atrás para validar o
nível de conhecimento atingido pelos estudantes durante o ensino remoto.
Segundo levantamento feito em
setembro pelo Instituto Crescer, quase metade dos 528 professores de educação
básica e do ensino superior entrevistados dizem não saber avaliar se os alunos
estão realmente aprendendo por meio das aulas online. Perguntados sobre como
tem sido essa experiência, 46% dos docentes participantes escolheram a opção
"diferente, mas ainda não consigo avaliar se os estudantes realmente estão
aprendendo”.
Dessa forma, o planejamento para o
retorno ao ensino presencial vai requerer um tempo a mais para que cada docente
possa identificar aquilo que foi ou não aprendido durante a quarentena. Um
caminho que a própria pesquisa aponta é o uso de plataformas digitais para
fazer tal avaliação. Os dados mostram que 87% dos professores estão
usando recursos tecnológicos diariamente para realizar atividades remotas com
os estudantes.
Mais acostumados a lidar com a
tecnologia, os próprios recursos usados para ensinar também podem se
transformar em ferramentas de avaliação de desempenho, como é o que tem feito a
Escola Estadual Yervant Kissajikian, localizada na região de Itaquera,
zona leste de São Paulo, onde a comunidade utiliza a plataforma Mangahigh
nas disciplinas de Matemática.
A plataforma, disponibilizada para
toda a rede pública do estado gratuitamente, tem auxiliado professores a tomar
conhecimento de possíveis dificuldades que os alunos puderam ter na disciplina
durante o ensino remoto. Segundo a diretora do colégio, Roberta Santos, a
retomada presencial das aulas será conduzida de maneira mais organizada a
partir disso. “Por meio da plataforma, identificamos quais são as habilidades
que não foram assimiladas pelos alunos, para trabalhá-las nas aulas de reforço
quando retornarmos presencialmente”, explica.
Na ferramenta, os alunos conseguem
desenvolver competências requeridas na BNCC a partir de uma linguagem lúdica e
audiovisual, baseada numa metodologia que envolve a resolução de problemas
matemáticos em ambientes de games e quizzes. Nela, os professores conseguem
classificar qual objeto do conhecimento não foi compreendido de forma adequada,
trabalhando pontualmente aquele tema com o aluno. “Se tratando da matemática,
conseguimos até mesmo relembrar conteúdos de anos anteriores para ajudar o
aluno a compreender determinado conceito”, completa Santos.
Aulas presenciais? Não neste ano
Na cidade de Veranópolis, no Rio
Grande do Sul, o engajamento dos estudantes com o ensino remoto foi
satisfatório a ponto de a prefeitura, por meio de uma pesquisa com a cidade,
continuar com o formato para, pelo menos, até o fim do ano. O motivo? Para a
secretária de Educação, Izabel Menin, o sucesso do formato se deve “à utilização de
plataformas digitais que permitem, tanto aos professores como aos alunos,
acompanhar detalhadamente quais são os principais problemas que aparecem na
aula”.
Na etapa de reabertura, explica, as aulas
presenciais acontecerão apenas em situações em que o digital não conseguiu
resolver o problema. “Caso um aluno se sinta com muita dificuldade em aprender
o tema, agendamos um encontro com um professor do colégio para que se resolva a
dúvida de maneira pontual. Até o momento, as ferramentas digitais estão dando
conta”.
De acordo com os dados da secretária
de educação, de 2.600 estudantes de toda a rede, cerca de 90%, em média, por
mês, acessam todos os suportes digitais oferecidos pela prefeitura, incluindo a
Mangahigh.
Mangahigh
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