Em estudo realizado na Universidade de São Paulo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), um grupo internacional de pesquisadores concluiu que mulheres possuem maior imunidade contra o vírus Sars-CoV-2. Para chegar a esse resultado, foi feita a análise, por cerca de seis meses, da reposta imune de pacientes com COVID-19, observando, em termos quantitativos, os genes e moléculas que se diferenciam entre homens e mulheres.
Otávio
Cabral Marques, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade
de São Paulo (ICB-USP) e coordenador do estudo, explica: “A pesquisa foi feita
através da busca de informações imunológicas em banco de dados públicos, como o
Gene Expression Omnibus (GEO). Todos os trabalhos de transcriptoma [o conjunto
de informações que refletem diretamente a expressão dos genes das células] que
são publicados precisam ser depositados em dados públicos”.
Segundo o
biólogo, a incidência do vírus é igual entre homens e mulheres, já que a
quantidade numérica de infectados é a mesma. Porém, a taxa de morte entre a
população masculina é superior, pois eles desenvolvem a doença em níveis mais
graves.
De forma
geral, a pesquisa da FAPESP afirma que as mulheres podem reagir melhor ao
coronavírus, mas esse não é o único fator a ser levado em consideração. Segundo
Otávio Cabral, o “freio” do carro, que seria a resposta a possíveis infecções,
está relacionado também a hábitos saudáveis, como prática de esportes e
alimentação balanceada.
Mulheres
grávidas e o coronavírus
O coronavírus é uma doença nova da qual,
apesar dos diversos estudos, ainda se sabe muito pouco. No início da pandemia,
por exemplo, gestantes foram colocadas no grupo de risco da doença, mas, com o
tempo, demostraram não terem maiores complicações que a população em geral.
“Ao que
parece, a placenta funciona como um grande filtro biológico, inibindo a
atividade viral do coronavírus quando em contato com as células placentárias.
Alterações no sistema imunológico da mãe conferem ainda proteção se não total,
relativa, para o feto”, explica dr. Manoel Girão, diretor da Associação de
Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e professor da
Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Ainda assim, o especialista afirma que as
gestantes com COVID-19 no início da gestação têm uma taxa um pouco maior de
abortamento, e, no final, de trabalho de parto prematuro. A respeito dos
recém-nascidos que testam positivo para o Sars-CoV-2, ainda há dúvidas se o
contágio ocorre no momento do parto ou depois do nascimento. De qualquer forma,
o quadro clínico do bebê não costuma apresentar maior gravidade.
Diante disso, torna-se evidente a forte
resposta imune da população feminina. “Tanto porque se cuidam mais, quanto
porque a resposta fisiológica é melhor. Como um dos fenômenos centrais de má
evolução do coronavírus é o processo inflamatório, as mulheres aparentemente
levam maior vantagem”, comenta dr. Girão.
Cuidados
com a pandemia
Para as gestantes, o cuidado deve ser
redobrado, mas as recomendações são as mesmas: uso de máscaras, álcool em gel e
distanciamento social. Não existe nenhuma conduta diferente para mulheres
grávidas e nenhum medicamento específico é recomendado.
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