Deus criou a mulher e ela mesma se recriou. É inevitável não
constatar as muitas faces e contornos que a mulher assumiu durante a
História. É impressionante sua facilidade de adaptação.
De musa inspiradora a lutadora
em causas sociais e políticas.
Surpreendentemente, mulheres
pertencentes ao mesmo universo são incrivelmente diferentes!
A minha atenção, voltou-se,
principalmente, para as muitas mulheres "criadas" durante o período
Nazista. Mulheres que para se tornarem parte ativa do processo político,
sofreram profundas mutações.
O que ficou claro, para mim, é que o
hitlerismo, assim como qualquer condição política nociva é uma escolha perversa
e não um destino imposto. O processo de libertação está naquilo que a
mulher acredita e deseja. O poder feminino é inimaginável.
Quando escrevi "O
Perfume das Tulipas", depois de nove anos de intensas
pesquisas sobre este período, me transportei para esse mundo tão instigante. A
descoberta maior, foi, que as mulheres do nazismo, tem muita semelhança as
mulheres de hoje, dos dias atuais. O mesmo número de opções e algumas
escolhas perturbadoras.
A ambição em ter uma vida
profissional longe das tarefas domésticas, por exemplo, levou as mulheres
arianas à uma libertação inédita até então.
Aquelas garotas da cidade ou do campo
que se viam condenadas à atividades tradicionais, puderam desempenhar papéis
importantes e serem reconhecidas.
Eram jovens hipnotizadas pelo glamour
das fardas usadas pelos oficiais do Reich e do frenezi dos
desfiles e comícios, muito comuns na época.
Um verdadeiro delírio coletivo de fãs
como as que vimos hoje em um show de rock.
As adolescentes que atiravam com rifle
no treinamento paramilitar eram as mesmas mulheres que não questionavam
salários inferiores aos dos homens nas repartições do Reich.
A beleza feminina estava na dieta
saudável e no corpo atlético. Questões bem atuais, não é mesmo?
É evidente o grau de fanatismo
daquela época.
Tudo que emanava do poder supremo e
da política nazista era assimilado e praticado, sem questionamentos.
Algo bem similar à conduta de muitas
religiões e seus seguidores.
O passaporte para a liberdade era a
filiação ao Partido. A partir de então, as jovens nazistas colocavam-se à
disposição. O que elas buscavam era prestígio e status, era o desejo ilimitado
de serem admiradas a qualquer custo.
Exatamente como acontece hoje nas
redes sociais.
As Escolas para Noivas eram mais uma
das coisas absurdas, fúteis e sem sentido que existiam durante o Nazismo e as
meninas tinham loucura para conseguir uma vaga nestas escolas. Convém
mencionar que a atuação da mulher dentro do lar era considerada de extrema
importância e grande valia.
As escolas tinham como objetivo
formar moças para se tornarem esposas perfeitas para oficiais da SS.
As moças deveriam ter boa aparência
física e mental, desempenharem funções ligadas ao bom funcionamento da casa
(limpeza, organização, economia doméstica e culinária) e principalmente gerar
muitos filhos arianos, o que lhes rendiam prêmios, congratulações e títulos.
As agressões domésticas eram
devidamente camufladas e justificadas exatamente, como hoje. " Ele estava
alcoolizado" "O trabalho o tem deixado muito nervoso".
Nessa busca pela conquista da
independência profissional, quatro grandes grupos de Mulheres se
destacaram. O das Professoras, que tinha como missão doutrinar crianças à
supremacia racial e ao reconhecimento de seres sub- humanos, principalmente os
judeus.
Hoje ainda presenciamos
cenas de bullying nas escolas.
O segundo grupo formado pelas
secretárias, desempenhava um papel importante na parte burocrática dos
escritórios do Reich. Elas participavam ativamente das operações sigilosas e
comprometedoras de seus superiores através de documentos.
Tudo indica que esse grupo continua
ativo na nossa realidade política brasileira.
O terceiro grupo é considerado o que
atuou diretamente no genocídio e era formado pelas enfermeiras. Esse grupo foi
responsável pelas injeções letais em deficientes, pela condução de milhões de
prisioneiras às câmeras de gás e a participação em experiências médicas.
A semelhança dessas profissionais da
época com o nosso atual sistema de saúde, é que a mortalidade é grande,
consciente ou não!
O último grupo é o mais repulsivo.
Eram os das Mulheres que tinham fascinação pela tortura e pela crueldade. Sua
brutalidade era igual ou maior que a dos homens. Misteriosamente, muitas delas
eram mães. Mães que exterminavam outras mães com seus filhos. Em doses
excessivas de sadismo, essas mulheres agiam dentro de uma legitimidade insana.
A mesma legitimidade que grupos
extremistas adotam para recrutarem mulheres. Pelo visto existe uma linha tênue
entre o bom senso e a insanidade.
Vale a pena uma reflexão!
Maura Palumbo - Escritora,
Pesquisadora e Palestrante sobre 2ª Guerra Mundial. Autora de O Perfume das
Tulipas, Romance histórico ambientado na Alemanha nazista que conta a história
de uma família judia e uma família ariana. Maura mescla fatos históricos com
ficção, numa trama envolvente e cheia de reviravoltas.
Atualmente escreve a continuação de O Perfume das
Tulipas e uma Biografia de um sobrevivente de Auschwitz.
Site e Blog: www.maurapalumbo.com
Booktrailer: https://www.youtube.com/watch?v=2yYwFgvCFbo

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