Ninguém ficou mais feliz
com o pequeno público presente às manifestações deste domingo do que os
corruptos, os foragidos no foro privilegiado, os proponentes do voto em lista
fechada pré-ordenada, os defensores do autoindulto, a mídia esquerdista e todos
que temem Sérgio Moro. Lula teve seu primeiro dia feliz nos últimos dois anos.
Os sites petistas encontraram, enfim uma pauta. E vibraram. Certamente houve
brindes eufóricos na casa do Wagner Moura, do Luis Nassif, do Paulo Henrique
Amorim.
Eu entendo o desalento de muitos
conservadores e liberais. Ingenuamente acreditaram que do interior de um
governo corrupto desde a medula poderia brotar, sob comando de seu
vice-presidente, um grupo de honrados cavalheiros capazes de levar o filósofo
Diógenes a rir feliz e jogar fora a lanterna com que vida afora procurava um
homem honesto. Daquele mato não sairiam tais coelhos.
Há que reconhecer. Muitos brasileiros
são assim. Suas paixões futebolísticas não esmorecem diante das piores crises
morais e de qualidade de seus clubes; já seu civismo queima rápido ante a menor
fagulha das dificuldades. No entanto, lembremos que com povo na rua, com
milhões de brasileiros na rua, conseguiu-se, em 2015/2016 realizar o que
parecia impossível há menos de três anos: parar por impeachment o catastrófico
governo Dilma; afastar o PT e os petistas do poder; estancar a sangria do
erário, a roubalheira do petrolão e assemelhados; colocar na cadeia
frequentadores dos mais altos andares do poder público e dos negócios privados,
que hoje tomam sol uma hora por dia e comem na marmita da prisão.
Queriam, como aquele repórter ao pé da
escada do carro de som, que a manifestação de domingo gritasse "Fora
Temer"? Estão de brincadeira. Temer foi eleito pelos petistas. Sua
presidência decorre de preceito constitucional. Ponto. Para um ato assim
devíamos então - paradoxo insano -
convocar os petistas a participar porque essa é a pauta deles desde o
impeachment. Não, mil vezes não,
leitores! Até da burrice se deve exigir moderação. Até das mais acendradas paixões
se deve cobrar prudência. E a prudência, num país com 13 milhões de
desempregados, desaconselha inteiramente uma nova crise institucional. Cadeia
para os corruptos, inelegibilidade para os criminosos do poder e vamos para o
voto em 2018. Na forma da Constituição e sem rupturas. Daí as pautas que
levamos para as ruas e que não sairão dos horizontes deste blog. Elas são
muitas porque somos brasileiros do bem e só os defensores de bandidos e os que
chamam corruptos de heróis têm pautas tão simples quanto imorais. Tudo se
satisfaz e basta com PT e Lula-lá.
Os que fomos ao Parcão, aqui em Porto
Alegre, pedimos cadeia para todos os criminosos - e todos são todos! -
quaisquer que sejam as letrinhas partidárias em que se escoltem ou escondam, e
o cargo em que se homiziam. Pedimos fim do foro privilegiado. Os motivos
institucionais e políticos para sua existência se tornam insignificantes diante
do desastre político e moral que ele provoca e a impunidade que determina.
Dissemos não à lista fechada e pré-ordenada, ao autoindulto, à escola com
partido, ao desarmamento. E que Deus não abandone o Brasil apesar dos
desanimados que o parecem abandonar.
Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
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