Segundo André Miceli,
a sociedade tem necessidade de pertencimento, julgamento e compartilhamento de
cultura
A tecnologia está mudando o comportamento das pessoas? Ou apenas
potencializando as atitudes individuais e coletivas por meio de seu uso?
Segundo o professor e coordenador do MBA e Pós-MBA em Marketing Digital da
Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Mestre em Administração pelo Ibmec RJ, André
Miceli, apesar da modificar padrões de comportamento, vemos a repetição de
algumas atitudes observadas desde o início da vida do homem em sociedade.
De acordo com o especialista, “a maior parte do que vemos no
ambiente digital é uma reprodução do que temos dentro de nós, humanos, há
alguns milhares de anos”.
Andre Miceli explica que, fundamentalmente, três padrões de
comportamento são percebidos na internet: Necessidade de pertencimento,
julgamento e compartilhamento de cultura.
“Desde sempre temos necessidade de pertencer a uma tribo, de fazer
parte de grupos. Outro ponto é o julgamento. Julgávamos para conseguir sobreviver.
Para decidir fugir ou lutar precisávamos rapidamente avaliar animais e outros
seres humanos. Hoje fazemos isso o por meio de opiniões em redes sociais,
textos em blogs e em grupos. E também sempre tivemos necessidade de
compartilhar aspectos culturais, hoje traduzida em memes, por exemplo”, afirma
o especialista.
Segundo Miceli, pesquisas indicam que cada vez mais, as ações e
atitudes da sociedade estão presentes pelo meio online e que essa dependência
com o virtual, atinge pessoas de praticamente todos os perfis e em diferentes
fases da vida.
“70% das pessoas verificam o perfil de outra pessoa antes de
começar um relacionamento. Mais de 60% de pessoas usam a internet para buscar
emprego e mais da metade das empresas confere o perfil dos candidatos antes de
fazer uma contratação no Brasil. Esse número nos EUA, segundo a Marketeer, se
aproxima de 70%”.
No Brasil, os jovens passam diariamente, em média, 3 horas por dia
navegando na internet e estatísticas revelam que, entre os brasileiros de 16 a
24 anos, são ‘os assuntos particulares e pessoais’ que lideram o ranking dos
propósitos do uso, e que a troca de e-mails é seguida pela troca de mensagens
instantâneas, participação em sites de relacionamento, listas de discussões e
fóruns, criação e atualização de blogs e afins e, por último, ligações
telefônicas e vídeo conferências via Internet.
“No que diz respeito aos jovens e seus comportamentos nas redes
sociais, os números também são bastante significativos. Mais de 70% dos jovens
ouvidos relataram ter sido ofendidos por uma ou mais pessoas em idade escolar e
menos da metade diz ter reportado isso a um adulto. Não é um comportamento
muito diferente do que o do mundo fora da internet”, explica o professor de
Marketing Digital da FGV.
Internet das coisas, segurança no ambiente online e big data,
antes apenas discutidos pelos especialistas, agora começam a ser questionados
pela sociedade. “A série televisiva Black Mirror mostra até onde tudo isso pode
chegar e como a sociedade está reagindo. É evidente que o cenário ajuda a
chamar a atenção dos expectadores, mas muitos questionam a ótica do autor e até
a consideram pessimista ou exagerada”, conclui.
André Lima-Cardoso Miceli - Mestre em Administração pelo Ibmec RJ,
com MBA em Gestão de Negócios e Marketing pela mesma instituição. Coordenador
do MBA e Pós-MBA em Marketing Digital da Fundação Getulio Vargas (FGV) e
professor do International Master’s Program da EBAPE. Já ganhou mais de vinte
prêmios de internet e tecnologia, incluindo o melhor aplicativo móvel
desenvolvido no Brasil. Certificado no programa Advanced Executive Certificate
in Management, Innovation & Technology do Massachusetts Institute of
Technology (MIT). Cursou o programa de Negociação da Harvard Law School. É Graduado
em Tecnologia e Processamento de Dados pela PUC-Rio. Autor dos livros
“Planejamento de Marketing Digital”, “Estratégia Digital: vantagens
competitivas na internet” e “UML Aplicada: da teoria à implementação”. É ainda
fundador e Diretor Executivo da Infobase, uma das cinquenta maiores
integradoras de TI do Brasil, e da agência digital IInterativa, atuando com
clientes de diversos segmentos.
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