Pesquisa
realizada em Israel aponta que os pais só disponibilizam 14 minutos e meio para
suas crianças
Dedicar um tempo adequado para os
filhos se tornou uma grande luta para os pais nos dias de hoje. Eles passam o
dia no trabalho, e quando chegam em casa têm que se dividir com os afazeres do
lar, o descanso, as mídias sociais e as crianças, essas cada vez ganhando menos
horas de atenção dos seus responsáveis. Uma pesquisa realizada em Israel, pelo
professor Amos Rolider, aponta que os pais dedicam apenas 14 minutos e meio por
dia a suas crianças no país, uma queda alarmante se comparada há 20 anos,
em que disponibilizavam duas horas por dia.
Os dados são preocupantes, já que os pais deveriam desempenhar uma das tarefas mais
elementares do homem na terra, que é cuidar de seus descendentes e passar
valores para eles. Afinal de contas, de todos os seres
vivos, o homem é o que mais depende do seus ancestrais. O Rabino Samy Pinto,
responsável pela Sinagoga Ohel Yaacov, compartilha um pouco da sabedoria
milenar judaica e destaca os benefícios de disponibilizar um grande período de
tempo para as crianças e adolescentes, e também as consequências de ser ausente
na vida deles.
Gere amor e seja um modelo
Não se encontra entre os
seres vivos relações tão fortes entre pais e filhos, marido e mulher, irmãos e,
até mesmo, relação com os avós, como nos seres humanos. Diferente dos outros
seres, em que seus filhotes criam dependência muito mais rápido, o homem tem
uma dependência maior de seus progenitores. E a dedicação de tempo dos pais
para com a criança gera um fenômeno muito interessante: o amor. “A dependência
gera o amor. Aquele que doa produz amor, e aquele que recebe produz admiração.
Vê naquele que doa modelo educativo”, comenta Samy.
Essa admiração,
consequência do amor criado, fará com que a criança e o adolescente vejam nos
pais um modelo significativo a seguir, ele vai poder andar, transformar e melhorar
o mundo, porque a dependência gerou nele um ser amado, pronto para atuar na
sociedade. “Essa pesquisa dos 14 minutos e meio nos dá um alerta, a falta de
tempo para com os filhos fará com que eles saiam desta relação muito
desequipados, inseguros e suscetíveis a uma série de influências não desejáveis
dentro da sociedade”, comenta o rabino Samy.
Seja um porto seguro e não
um fornecedor de presentes
Hoje em dia, uma
característica muito presente nos lares é que pai e mãe trabalham fora, isso
faz com que exista um cansaço dentro do lar. Os pais já chegam exaustos em suas
casas, trazendo menos tempo de convivência, e menor disposição física e
emocional para tratar os filhos. Em muitos casos, essa ausência causa nos pais
o sentimento de culpa, que, para compensar, acabam retirando limites e criando
uma situação de presentes e de mimo para que as crianças apreciem eles. “Sem
limites e com excesso de presentes, nós criamos, ao invés de filhos, príncipes
e princesas tiranos. Porque eles nos exigem cada vez mais, não no aspecto
intelectual e emocional, mas sim no aspecto material”, adverte o rabino.
Outra consequência
negativa, da tentativa de compensar a ausência, é a crise de autoridade dos
pais, tornando as crianças e adolescentes mais agressivos. “Um bom tempo
dedicado aos nossos filhos fará com que eles nos vejam, na concepção original
do modelo educativo, como um porto seguro para ajudá-los a alçarem voos”,
completa.
Desligue a TV e o
Smartphone
Não é somente o fato de
que pai e a mãe trabalham fora e chegam cansados em casa que diminui a
disposição deles de se dedicarem aos seus filhos. Recentemente, os aparelhos
eletrônicos ganharam grande espaço na vida das pessoas, e o uso inadequado e
exagerado deles vem substituindo o tempo precioso para se estar com as
crianças. De acordo com o rabino Samy, “Cada vez mais, as horas que poderiam
ser usadas para estreitar um bom relacionamento com os filhos, estão sendo
usadas para sites de relacionamentos, e outras atrações eletrônicas disponíveis
no mundo da Internet”.
Para a sabedoria milenar
judaica, o melhor educador de um ser humano é o seu pai e sua mãe. “Eles são
insubstituíveis e intransferíveis, não se pode passar está missão para qualquer
outro. São eles que têm todas as condições de trabalhar como modelos, com
tempo, para entregar ao mundo homens e mulheres que poderão fazer a diferença
na sociedade”, conclui o Rabino Samy Pinto.
Rabino Samy
Pinto - formado em Ciências Econômicas, se especializou em educação em Israel,
na Universidade Bar-llan, mas foi no Brasil que concluiu seu mestrado e
doutorado em Letras e Filosofia, pela Universidade de São Paulo (USP). O Rav.
Samy Pinto ainda é diplomado Rabino pelo Rabinato chefe de Israel, em
Jerusalém, e hoje é o responsável pela sinagoga Ohel Yaacov, situada no Jardins
também conhecida como sinagoga da Abolição.
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