Estudo foi
realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de SP em 10 tipos de tumores
diferentes
O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), maior centro
oncológico da América Latina, ligado à Faculdade de Medicina da USP, decidiu
suspender a inclusão de novos pacientes nos testes da fosfoetanolamina
sintética no tratamento do câncer.
A medida foi adotada depois que os resultados iniciais da pesquisa
clínica não indicaram o benefício clínico esperado aos pacientes que fizeram
uso da substância na dose do estudo.
Ao todo, 72 pacientes, de 10 diferentes grupos de tumores, foram tratados
até hoje no estudo da fosfoetanolamina. Destes, 59 já tiveram suas
reavaliações, e 58 não apresentaram resposta objetiva. Apenas um paciente
do grupo de melanoma apresentou resposta ao tratamento.
O grupo de câncer colorretal foi o primeiro a completar a inclusão de
todos os pacientes previstos nesta fase, e foi encerrado, pois nenhum paciente
apresentou resposta objetiva ao tratamento.
Como os resultados de reavaliação estão sendo muito inferiores ao
desejável, em todos os grupos, a inclusão de novos pacientes está suspensa e o
protocolo será cuidadosamente reavaliado antes de qualquer continuidade.
O estudo teve início em julho de 2016 e, desde então, os pacientes
incluídos estão em avaliação por uma equipe especializada e com larga
experiência em testes clínicos.
Nessa
segunda fase, o plano era de inclusão de 20 participantes em cada um dos 10
grupos diferentes, totalizando 210 pessoas em acompanhamento. O objetivo
primário dessa etapa seria a observação de pelo menos dois pacientes com
“resposta objetiva”, ou seja, com diminuição do tumor em cada grupo.
Nesses últimos oito meses, todos os pacientes inseridos passaram por
avaliações periódicas, com retornos entre 15 e 30 dias, para a realização de
consultas médicas e exames, dentre eles a avaliação da doença por tomografia, o
que permite aos médicos acompanhar de perto a evolução do câncer em relação ao
uso da substância.
Os pacientes envolvidos no projeto vão continuar em tratamento no Icesp
normalmente, com acompanhamento da equipe de oncologia.
Histórico
No primeiro semestre de 2016, o Icesp recebeu da Fundação para o Remédio
Popular (Furp), laboratório oficial da Secretaria de Estado da Saúde de São
Paulo, cápsulas suficientes da substância para realizar a pesquisa.
A sintetização da fosfoetanolamina foi feita pelo laboratório PDT
Pharma, localizado no município de Cravinhos, interior paulista. A Furp
encapsulou a substância e entregou ao Icesp.
A primeira fase, com
duração de dois meses, teve o objetivo de avaliar a toxicidade da droga,
acompanhando 10 pacientes, a fim de assegurar que não havia risco de eventos
adversos graves associados ao uso da substância. Já a segunda fase da pesquisa,
que abrangeu um número maior de participantes, foi realizada para determinar
se, de fato, a fosfoetanolamina apresentava eficácia em um dos 10 tipos de
tumor: cabeça e pescoço, pulmão, mama, cólon e reto (intestino), colo uterino,
próstata, melanoma, pâncreas, estômago e fígado.
Por iniciativa do governo
de São Paulo, a pesquisa conduzida pelo Instituto do Câncer foi pioneira na
história, com a realização de testes em humanos de uma substância que já é
utilizada pela população, há mais de 20 anos, sem comprovação científica.
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