No Dia Mundial Sem Tabaco - 31 de maio - a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) destaca a preocupante relação entre o consumo de narguilé e o aumento do risco de desenvolvimento de cânceres no pulmão, estômago, esôfago e boca
Apesar disso, os cigarros eletrônicos e o narguilé,
por exemplo, têm se popularizado especialmente entre pessoas de 18 a 24 anos
devido ao consumo em momentos de convívio social, pelo compartilhamento com
amigos em festas, pela estética das imagens nas redes sociais e,
principalmente, pelos atrativos sabores das substâncias inaladas. Desde 2018, o
Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a utilização de aditivos nesses
produtos, mas os produtores das essências de narguilé ignoram a decisão.
O médico Erlon de Ávila Carvalho, cirurgião
torácico e coordenador da comissão de Tórax da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Oncológica (SBCO), desmente o boato que o narguilé seria menos prejudicial aos
pulmões do que os cigarros convencionais. “Pela presença de essências que
mascaram o sabor ruim, algumas pessoas podem ter a falsa impressão que não é
tão prejudicial, mas isso é um erro imenso. O narguilé contém quase 5000
substâncias tóxicas e uma alta concentração de nicotina bem maior que de um
cigarro normal”, explica.
Além disso, os usuários costumam compartilhar o
bocal do narguilé com acúmulo de saliva, que pode transmitir certas doenças
como herpes, tuberculose, hepatite C e, evidentemente, Covid-19. Diversos
pesquisas em várias partes do mundo já atestaram a correlação entre o uso do
narguilé e o desenvolvimento de cânceres no pulmão, boca, esôfago e estômago,
visto que a fumaça contém substâncias cancerígenas em quantidades gigantescas,
como alcatrão, benzopireno e metais pesados. “Uma exposição de cerca de 60
minutos pode equivaler a fumar 100 cigarros e também como no cigarro o fumante
passivo de narguilé também será afetado”, informa Carvalho.
Um relatório publicado pelo Instituto
Nacional de Câncer afirma que os usuários de narguilé têm
339% mais risco bruto de mortalidade por câncer de pulmão em relação aos que
não utilizam. O documento também mostra uma pesquisa que evidenciou associação
positiva entre o uso de narguilé e o surgimento de doenças respiratórias, como
bronquite, sibilância - além de doenças metabólicas e cardiovasculares.
Pesquisadores
estimam que 7,3% da população brasileira consome regularmente ou já teve
contato com narguilé - em torno de 9 milhões de pessoas. Entre os jovens de 18
a 24 anos, a proporção salta para 17%. Dessa forma, a Sociedade Brasileira de
Cirurgia Oncológica alerta para a importância de políticas públicas de
acolhimento e orientação às pessoas que desejam cessar a prática; bem como
medidas mais restritivas na comercialização de essências para narguilé com
sabor.
Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO)
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