Quanto mais cedo diagnosticada e tratada adequadamente, melhor o controle da doença. Novos medicamentos têm contribuído para melhorar os resultados dos pacientes
Em 30 de maio é celebrado o Dia Mundial de
Conscientização da Esclerose Múltipla, data criada para dar visibilidade aos
impactos da doença nas vidas das pessoas. Apesar de ser uma condição autoimune
e ainda não existir uma cura, é possível controlar a sua progressão e sintomas
a partir do diagnóstico precoce e tratamento adequado. ”Nas últimas décadas, os
avanços tecnológicos permitiram uma maior precisão em identificar a enfermidade,
mas a demora para procurar atendimento médico continua sendo um problema”,
explica Alex Machado Baeta, médico neurologista da BP - A Beneficência
Portuguesa de São Paulo.
A esclerose múltipla é caracterizada por
inflamações que afetam a bainha de mielina, substância que recobre os neurônios
para garantir a passagem dos impulsos elétricos de uma célula para outra. A
idade média dos indivíduos diagnosticados com a doença é de 30 anos em países
desenvolvidos, enquanto no Brasil este índice sobe para 34 anos, de acordo com
a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem). Estima-se que 40 mil
pessoas vivem com a doença no País: são cerca de 15 casos para cada 100 mil
habitantes.
De acordo com o médico da BP, há um certo
desconhecimento da população com relação à doença por não ser muito frequente
no Brasil, além de ser confundida com outras patologias, já que seus sintomas
são bem diversos e transitórios. Os sinais incluem alterações de sensibilidade,
como formigamento e dormência; perda de força ou fraqueza muscular; déficit
visual, geralmente de um único olho; falhas na coordenação motora e
desequilíbrio; perda da capacidade de controle da urina e/ou das fezes; entre
outros.
Esses fatores fazem com que o paciente não dê
importância às primeiras manifestações da doença, contribuindo para aumentar o
intervalo entre os indícios iniciais e o começo do tratamento, e expondo os
portadores a riscos graves. “Sem controle, a doença pode afetar diferentes
funções do sistema nervoso central, gerando sequelas às vezes de forma
permanente. Pode levar à redução da capacidade visual, ao comprometimento do
raciocínio e a déficits da coordenação motora”, afirma o neurologista.
Segundo Baeta, o principal recurso para a
investigação da esclerose múltipla é a ressonância magnética. Esse exame de
imagem permite identificar com precisão as lesões na medula e no encéfalo (a
central do nosso sistema nervoso, composta pelo cérebro, tronco encefálico e
cerebelo). A ressonância registra tanto as inflamações em curso como as áreas
permanentemente danificadas, uma vez que os neurônios que perdem a mielina
acabam morrendo, formando lesões que são captadas pelas imagens.
Outros métodos complementares indicados pelo
médico são o exame de líquor (líquido cefalorraquidiano) e testes laboratoriais
e neurológicos para excluir a possibilidade de outras doenças que possam estar
simulando a esclerose. Entre os medicamentos, o neurologista da BP menciona os
interferons, que reduzem as inflamações no sistema nervoso, preservando a
mielina e diminuindo a frequência e intensidade dos surtos; e os
imunomoduladores e imunossupressores, que regulam a atividade do sistema imune
visando impedir a ação exagerada das células de defesa. Estes
remédios contribuem para menos sequelas e maior controle das
ocorrências indesejadas.
O especialista reforça que os bons recursos diagnósticos e
terapêuticos disponíveis atualmente só são eficazes se o paciente aderir ao
tratamento. “O sucesso no controle da doença demanda que o indivíduo se engaje
no tratamento, visitando rotineiramente seu médico para consultas de avaliação
e monitoramento e seguindo rigorosamente as prescrições de medicamentos”,
finaliza Baeta.
BP – A Beneficência Portuguesa de São
Paulo
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