Especialista da
Rede São Camilo SP explica o porquê de a ressocialização pós-pandemia ser mais
difícil
O isolamento social imposto pela pandemia de
Covid-19, com exceção às pessoas que trabalham em serviços essenciais, obrigou
grande parte da sociedade a ficar dentro de casa até o início da vacinação e a
liberação dos espaços públicos.
“O trabalho, estudo e até as conversas com os
amigos e familiares se tornaram online durante o período mais crítico da
pandemia. Agora que estamos em um momento de flexibilização para o retorno das
atividades presenciais, por conta do avanço da vacinação, será comum que as
pessoas se sintam receosas em voltar à rotina pré-pandemia”, destaca a Dra.
Aline Sabino, psiquiatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Em 2020, Humberto, 30 anos, recebeu o diagnóstico
de depressão e ansiedade e não imaginava que a pandemia poderia ser tão
devastadora. “Meu antigo trabalho demandava muito de mim e, consequentemente,
da minha saúde mental, desenvolvendo quadros de depressão e ansiedade. Quando
fui desligado por conta da pandemia, achei que fosse melhorar, mas os sintomas
evoluíram para crise de pânico. Eu não queria sair por nada”, relata.
Segundo um estudo publicado pela revista científica
Psychiatry
Research sobre os impactos da Covid-19 na saúde mental da população
mundial, a incidência de ansiedade e depressão foi, respectivamente, quatro e
três vezes mais frequente quando comparada aos dados levantados pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) nos últimos anos.
No Brasil, um estudo da Universidade de São Paulo
(USP) mostra que o país lidera o ranking de depressão e ansiedade causadas pela
pandemia. Conforme a pesquisa, 63% e 59% dos brasileiros maiores de 18 anos
apresentaram relatos de ansiedade e sintomas de depressão, respectivamente.
Além disso, dados do Congresso Brasileiro de Psiquiatria indicam que as fobias
sociais atingiram cerca de 13% da população brasileira.
“Os traumas vividos durante este período
desencadearam desconfortos, como repulsa ao ambiente e sensação de ameaça
constante, relacionados à contaminação pelo vírus, além de sintomas semelhantes
aos de crises de pânico e ansiedade”, explica a especialista.
Ademais, outra condição percebida pela médica é o
desenvolvimento do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), relacionado ao
estímulo de limpeza, e a dificuldade de crianças e adolescentes de se
relacionarem com colegas e familiares.
“Não sabemos exatamente até que ponto a pandemia e
o distanciamento irão afetar as crianças e adolescentes, mas será mais comum
identificarmos o receio deles em estarem em um ambiente diferente ou realizarem
atividades fora de casa”, ressalta Dra. Aline.
Por fim, caso as crises de ansiedade tornem-se
frequentes, a especialista recomenda a procura de ajuda profissional, para que
não evoluam para quadros mais graves e prejudiquem a qualidade de vida.
“O mais difícil é aceitar que estamos mal e que
precisamos procurar ajuda, principalmente em casos de depressão. O tratamento
me salvou de todas as formas possíveis, inclusive de tentativas de suicídio.
Por isso, no mínimo sinal de que algo está errado, procure um profissional e
siga o tratamento indicado por ele, seja alinhado com terapia ou com uso de
medicamentos, pois, às vezes, o acúmulo de dias ruins tira o que ainda temos pela
frente”, finaliza Humberto.
Janeiro Branco
Como forma de ampliar a discussão e conscientizar a população sobre a
importância de cuidar da saúde mental, principalmente no cenário em que
vivemos, a Rede São Camilo SP apoia a campanha Janeiro Branco. Além de iluminar
suas fachadas durante todo o mês, a Instituição reforça sua comunicação interna
e externa para os cuidados com o tema.
Para seus colaboradores, a Rede oferece atendimento
com especialistas em saúde mental nas suas três Unidades (Santana, Pompeia e
Ipiranga), permitindo consultas e exames em um único local.
Além disso, no intuito de atender às necessidades
dos colaboradores e oferecer o suporte necessário para ampliar o bem-estar e a
qualidade de vida, a Instituição adotou inúmeras iniciativas, como a
implantação do programa educacional Diálogos da Saúde Mental, realizado com
psicólogos, lideranças e colaboradores do São Camilo, investindo também em
parcerias que ampliaram a importância do tema para cada área dos hospitais.
Através dos programas e da parceria com o curso de
Psicologia do Centro Universitário São Camilo para a ampliação de atendimento e
estágios, foi possível, ainda, expandir os meios para buscar ajuda, deixando os
colaboradores à vontade para acessar o time de suporte em caso de qualquer
necessidade relacionada a questões de saúde mental.
Também há um trabalho de triagem realizado pela
equipe de psicólogos, que direcionam os casos ao Serviço Especializado de
Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e ao pronto atendimento psiquiátrico.
Hospital São Camilo
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