Livros do Ensino Médio já trazem exemplos com
taxa de transmissão e contágio pela doençaEm Matemática, pandemia é usada para explicar funções.
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Das
manchetes de jornais de todo o mundo para as páginas dos livros didáticos, a
pandemia de covid-19 percorreu um caminho quase tão rápido quanto o do próprio
Sars-Cov-2. Desde 2021, conteúdos formais de várias etapas da Educação Básica
já trazem oficialmente fatores relacionados à pandemia como exemplo para
ensinar os estudantes de todo o Brasil. Agora, o evento deve começar a ser
cobrado também no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Com
o prolongamento do problema ao longo dos últimos dois anos, a covid-19 se
tornou uma vivência impossível de ser ignorada pelas mais diversas áreas de
conhecimento e atuação. Do trabalho à vida familiar, das políticas sociais à
saúde, todos os aspectos da vida - e em praticamente todo o planeta - foram
afetados pela doença. Com a escola não é diferente. Para a coordenadora
editorial do Sistema Positivo de Ensino, Milena dos Passos Lima, “educadores do
mundo todo já entenderam há muito tempo que a escola não é a preparação para a
vida, mas a própria vida. A pandemia impactou desde a estrutura familiar à
rotina e há muitos aprendizados que tivemos neste período, então não temos como
fugir desse tema na Educação porque ele marcou profundamente a história da
humanidade e vai se refletir nos temas de aulas e materiais didáticos”.
Em Matemática, por exemplo, a taxa de transmissão do vírus já está sendo usada para ensinar progressão geométrica, mas não para por aí. Na mesma disciplina, os números impressionantes relacionados à pandemia podem ajudar a falar sobre estatística. Em Biologia, toda a questão genética e de virologia podem passar a ser cobradas no Enem, como as mutações que dão origem às muitas variantes do vírus. “Os gráficos, muito comuns no exame, também são fundamentais para compreender a pandemia e, por isso, poderão ser usados na prova para cobrar interpretação dos estudantes”, ressalta a especialista. Em História, ela sugere que lições deixadas por pandemias passadas podem aparecer combinadas e comparadas às que estão sendo aprendidas agora. “O tema também pode ser abordado por componentes como Geografia e Sociologia, tratando, por exemplo, sobre o acesso das pessoas às formas de prevenção, como máscaras e álcool em gel. Química, Física e outras disciplinas também têm na pandemia a possibilidade de tratar de temas da vivência extraclasse”, complementa.
Assunto
deve permear toda a vida escolar
Pandemia é exemplo para falar de globalização no material de Geografia.
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Eventos
históricos da grandeza desta pandemia dominam as experiências de pessoas de
todas as idades. Por isso, segundo Milena, a covid-19 “vai ser um recurso
importante para alunos da Educação Infantil até o Ensino Médio. O material
didático tem a função de trazer conteúdo relevante e compartilhar significados
com alunos e professores. Então, é natural que, no processo de atualização
desse material, a pandemia apareça sob diferentes olhares, nas mais variadas
disciplinas”. Dessa forma, diz a especialista, os estudantes têm muitas
oportunidades de aprendizado não apenas fora da escola, como já vem
acontecendo, mas também - e principalmente - dentro dela.
Para
a especialista, o ponto de partida de qualquer aprendizagem significativa é
tudo aquilo que o aluno já sabe. Assim, valorizar as experiências de cada
família com a pandemia pode ser riquíssimo, segundo ela. “Podemos discutir como
foram desenvolvidos os mecanismos de prevenção à covid-19 e outras doenças,
analisar como a humanidade responde a uma situação de pandemia, entre outras
possibilidades”, detalha Milena. Ela explica que, no material do Sistema
Positivo de Ensino, esses aprendizados já aparecem para propor uma aprendizagem
significativa e conectada à realidade dos estudantes. “As vivências são muito
importantes e podem alavancar temas complexos, aprofundar aprendizagens e até
impulsionar as carreiras dos alunos.”
Na
edição de 2021 do Enem, os estudantes não precisaram responder a questões
envolvendo a pandemia. Isso aconteceu porque o Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo exame, tem um
banco de questões que serve de base para preparar a prova e novas questões
passam por um processo longo de aprovação antes de aparecerem no Enem.
Sistema Positivo de Ensino
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