Pandemia continua a abalar o setor musical no país, mas esforços da gestão coletiva garantiram resultados à classe artística
Pelo segundo ano
consecutivo, a pandemia do coronavírus afetou economicamente a indústria da
música no Brasil e no mundo. Em 2021, o Ecad (Escritório Central de Arrecadação
e Distribuição) distribuiu R$ 901 milhões em direitos autorais de execução
pública para compositores, intérpretes, músicos, editores e produtores
fonográficos. Isso representou uma queda de aproximadamente 5% em comparação ao
ano de 2020, em que a distribuição de direitos autorais destinada à classe
artística foi de R$ 947 milhões. No total, foram contemplados mais de 267 mil
titulares de música (compositores, intérpretes, músicos, editores e produtores
fonográficos).
Além da diminuição no
número de shows e eventos presenciais, em decorrência das
restrições impostas pelas autoridades, a gestão coletiva da música -
formada pelas associações Abramus, Amar, Assim, Sbacem, Sicam, Socinpro e UBC,
que administram o Ecad - enfrentou outras dificuldades ao longo do
ano, como a inadimplência, principalmente fora das grandes capitais do
país, e a baixa remuneração das plataformas de streaming
para os titulares de música. Para que os artistas não fossem prejudicados,
o Ecad investiu na área de tecnologia e adotou importantes medidas de gestão,
intensificando as operações nas áreas de Distribuição e Arrecadação. No ano
passado, foi grande o esforço para ampliar o diálogo com usuários de
música na tentativa de realizar parcerias e diminuir a inadimplência, com
a adoção de critérios de cobrança diferenciados para segmentos como o de
hotéis e academias, também muito impactados pela pandemia.
Ao longo do ano passado,
ações como o aumento de negociações com as plataformas digitais, que garantiram
novos acordos e renovações de contratos, uma maior cobertura regional de
gravações e a ampliação do índice de identificação de músicas no streaming
trouxeram resultados bastante positivos. A gestão coletiva também adotou
medidas de apoio à classe artística em meio à crise econômica, como
a antecipação de valores para titulares que receberam direitos autorais de
segmentos impactados significativamente pela pandemia como Carnaval,
Festa Junina e Movimento Tradicionalista Gaúcho. Foram realizadas,
ainda, mudanças institucionais para reestruturação financeira e contenção
de gastos, como a adoção de coworking em algumas unidades regionais e de
sistemas integrados de gestão.
Em 2021, uma grande
conquista institucional foi relevante para o Ecad e para a gestão coletiva da
música: a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que confirmou a
legitimidade da cobrança de direitos autorais de execução pública nos quartos
de hotéis, motéis e afins.
“Todas essas ações
que adotamos em 2021, como os acordos realizados e os ajustes nas cobranças de
valores em direitos autorais, por exemplo, foram importantes no enfrentamento à
pandemia, à inadimplência e ao baixo faturamento em shows e eventos. O nosso
esforço tem sido em aliar uma boa gestão à tecnologia para garantir os direitos
autorais de todos. Mas as dificuldades ainda são muitas diante do
impacto das restrições sanitárias no setor cultural. O avanço da
imunização da população no Brasil e no mundo contribui para o retorno das
atividades, mas as perspectivas ainda são muito incertas”, analisou a
superintendente executiva do Ecad, Isabel Amorim.
Arrecadação de direitos
autorais
A arrecadação total de
direitos autorais no ano passado foi de R$ 1,08 bilhão, um crescimento de
quase 20% em comparação ao ano de 2020, em que a arrecadação foi de R$ 905
milhões. Os segmentos de Serviços Digitais, que inclui as plataformas de
streaming, e de Usuários Gerais, que engloba restaurantes, bares, lojas,
academias e outros estabelecimentos comerciais, representaram, respectivamente,
23% e 20% da arrecadação total do ano.
Crescimento do segmento de
Serviços Digitais
Em 2021, o
Ecad distribuiu R$ 145,8 milhões em direitos autorais referentes
a Serviços Digitais. Este foi o ano de maior distribuição do segmento
desde 2011. Em média, nesses últimos 10 anos, o crescimento do segmento foi de
quase 70%.
Previsões
para 2022
Para o Ecad, a expectativa é que, com a retomada gradual do mercado de shows e eventos e com novos acordos e negociações com plataformas digitais, a distribuição de direitos autorais possa crescer quase 2% em 2022.
A
previsão é de que o segmento de Serviços Digitais tenha um crescimento de, pelo
menos, 30% em comparação a 2021, que girou em torno de R$ 145 milhões em
valores distribuídos. Outro segmento que deve voltar a contemplar titulares de
música é o de Shows: com o avanço da vacinação e um melhor manejo da pandemia
do coronavírus, o segmento pode vir a consolidar sua retomada e apresentar um
crescimento de 65% em comparação a 2021, quando teve uma distribuição de R$ 23
milhões.
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