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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

OPAS alerta para uma crise de saúde mental e jovens são um dos grupos mais afetados

Além de precisar lidar com mudanças em diversas áreas da vida, muitos adolescentes precisaram passar dois anos dessa fase em casa, aumentando o número de transtornos psicológicos

 

Em 2021, a Organização Pan-Americana da Saúde realizou uma pesquisa que revelou uma crise na saúde mental por conta do COVID-19. O documento foi publicado na revista The Lancet Regional Health - Américas, e apontou que mais de quatro em dez brasileiros tiveram que lidar com problemas de ansiedade. Essa crise não afeta somente a área da saúde, já que é estimado que transtornos mentais causem um prejuízo à economia global de no mínimo US 16 trilhões até 2030. Dentre os grupos mais afetados por essa crise da saúde mental estão os trabalhadores da linha de frente, mulheres e jovens adolescentes. 

A adolescência é marcada por diversas mudanças: físicas, hormonais, psicológicas e sociais. Desde 2020, muitos adolescentes precisaram passar por essas transformações em casa, sem contato com amigos, por conta da pandemia do novo coronavírus, o que levou a uma sobrecarga psicológica. Segundo a OPAS, o suicídio é a terceira causa de morte de adolescentes de 15 a 19 anos, e muitas vezes os transtornos psicológicos não são diagnosticados. 

A psicóloga e professora do CEUB, Ciomara Schneider, aponta que a mudança de comportamento nos adolescentes por causa da pandemia é visível, e que o cenário agravou muitos sentimentos comuns da fase, como a insegurança. “A pandemia aumentou a ansiedade, a depressão e a sensação de perda de uma fase importante da vida como os adolescentes, que passaram praticamente os dois últimos anos do colégio longe da escola, dos amigos e com uma pressão muito grande em relação à entrada em algum curso superior”. 

Para a coordenadora pedagógica do Ensino Médio do Colégio Objetivo DF, Maria Rogelma Américo Pimentel, estar com uma boa saúde mental é imprescindível para ter bons resultados na escola. “Quando se tem uma boa saúde mental, a pessoa consegue passar de forma mais fácil pelas frustrações, sentimentos de incertezas, perdas, e em relação aos estudantes, aspectos negativos relacionados ao desempenho escolar”, pontua.
 

Papel da escola no cuidado 

A escola é um personagem muito importante para os adolescentes, já que é onde mais passam o seu tempo durante a semana e fazem amizades. “A escola é uma das mais importantes influências sobre o desenvolvimento na adolescência, pois é lá que eles adquirem valores fora do meio familiar, desenvolvem a socialização e fundamentam a sua visão de mundo”, explica Ciomara. 

Alguns sinais que demonstram uma piora na saúde mental dos jovens podem ser considerados comportamentos comuns para idade, como apatia, sonolência nas aulas, queda no rendimento e isolamento dos colegas. Por isso, é preciso que os pais e a própria escola fiquem atentos com tais sinais. “A escola e os pais devem sempre observar seus alunos, e é função da equipe pedagógica olhar para o estado emocional dos jovens, observar seus comportamentos, suas reações e oferecer um espaço para escutar aquele aluno que está dando sinais de sofrimento psíquico”, complementa a psicóloga. 

Já a coordenadora ressalta que a escola não deve tomar medidas só quando o aluno não está bem, mas também precisa prevenir que a saúde mental do mesmo fique ruim. “É de extrema importância que o corpo docente, coordenação, direção e Serviço de Orientação ao Estudante (SOE) estejam aptos a contribuírem de maneira positiva durante essa fase tão delicada. Ouvir, orientar corretamente e abordar de maneira afetiva os nossos alunos, associados a boas práticas de convivência, será uma ação decisiva e assertiva para que tudo ocorra de maneira segura e eficiente”, acrescenta.

 

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