Para Luiza Antoniolli, head de digital da Blues Idea, “a tendência é que todos façam parte desse novo ambiente virtual, sejam as marcas ou profissionais. Afinal, quem não fizer, pode ser esquecido”
Dia 1º de fevereiro. O dia daqueles que passam o
dia tomando café e jorrando ideias e estratégias a cada segundo. São os
responsáveis pela criação das campanhas publicitárias (online e offline),
postagens e planejamentos das redes sociais, comerciais na TV e rádio e que
tanto impactam nossas vidas e o comportamento da sociedade. Uma profissão que
passa por transformações severas desde o advento da internet até chegar a 2022,
quando o metaverso torna-se uma realidade mais tangível.
Hoje, além de comemorar, rezar por insights e tomar
muito café, também é um Dia para o Publicitário refletir sobre o futuro de sua
profissão e sobre o papel que irá exercer neste mundo cada vez mais imerso nos ambientes
virtuais, cada vez mais “matrix”.
O futuro é agora?
Sim, o futuro é agora. Aliás, desde 2021, quando o
Facebook anunciou mudanças drásticas em sua marca, posicionamento e
investimentos na casa dos U$ 150 bilhões de dólares para criação de um ambiente
virtual que replique uma realidade ao menos paralela. Mas não foi só o Facebook
que entrou nessa do metaverso.
Recentemente, a BMW também embarcou pra dentro da
“matrix” e fez um merchandising pra lá de futurista mostrando seu novo carro
mudando de cor, em tempo real, na CES 2022, maior feira de eletroeletrônicos
realizada em Las Vegas. Outra experiência de consumo fantástica será a
possibilidade de fazer compras no metaverso. O Walmart já mostrou na mesma
feira CES 2022 que isso será possível.
Consumidores ávidos pela nova tecnologia não irão
faltar no Brasil. Pesquisa da Kantar Ibope Media apontou que 90% dos usuários
de ambientes virtuais gostam de descobrir novos aplicativos. Portanto, o
metaverso prova-se como uma ótima oportunidade para as marcas desenvolverem
suas campanhas, anúncios e novas experiências de consumo.
É nesse universo ainda em construção que os
publicitários terão que se reinventar. Mas mesmo na teoria e nas previsões,
como isso se dará?
Como será o papel da publicidade no metaverso?
O publicitário do futuro também vai ter que estar
mais do que imerso nos novos hábitos de consumo no mundo online. O marketing
digital, seguindo as tendências apresentadas nas últimas feiras, precisa estar
alinhado com as campanhas offline. A tendência agora é que a comunicação seja omnichannel.
Segundo a head de digital da agência Blues Idea Luiza Antoniolli, “o
metaverso irá afetar diretamente o marketing digital, porque a grande tendência
desse novo comportamento alinhado à tecnologia é que a maneira de fazer
negócios e consumo irá mudar. Os canais de compra serão outros e a estratégia
de como converter esse usuário vai ter que ser repensada. Além disso, o grande
desafio será, mais uma vez, fazer com que as experiências de compra sejam
atrativas no on e no off”, afirma.
Luiza aponta que essa tecnologia no Brasil ainda
vai levar um tempo pra decolar, por conta dos altos investimentos e de todos os
estudos que ainda precisam ser feitos e testados. Mas faz uma aposta de que o
metaverso poderá ser uma revolução para o mundo do agronegócio, por exemplo. “Já
vemos também o mundo agro se movimentar. Com realidade aumentada de lavouras e
eventos. Hoje, não precisamos estar presentes em feiras e eventos. Empresas têm
levado essa experiência para o dia a dia do agricultor, tudo online”, completa.
E as transformações não param por aí. O e-commerce,
que tem visto um crescimento exponencial com a pandemia, também sofrerá
impactos. “No mundo do e-commerce, a tendência é que tudo terá seu
próprio valor dentro do metaverso. Já existem lojas que permitem ao consumidor
experimentar roupas, óculos e outros acessórios nos sites. Então, a tendência é
que as empresas promovam cada vez mais essa experiência ao usuário, antes que
ele efetue a compra”, projeta a head de digital.
Apesar de todas as previsões, Luiza adianta que
será preciso que a publicidade repense de que forma serão criados os anúncios
com a chegada no metaverso. “Quem serão os consumidores desse universo
paralelo? Como eles irão agir? Quais serão suas preferências? Porque a
tendência é que o hábito de consumo seja completamente inusitado e diferente do
mundo real”, finaliza.
De olho no usuário!
Todas as respostas das questões acima sobre o
comportamento do usuário/consumidor ainda são uma incógnita. Na análise do
sócio-diretor da Blues Idea Gustavo Melo, no início, o usuário terá que ter uma
conexão de internet e hardware bem potentes, em relação ao que existe no
mercado, sendo que o metaverso irá utilizar recursos como realidade virtual,
realidade aumentada e dispositivos ainda desconhecidos e que estão em
desenvolvimento. Mas, na visão dele, com o avanço rápido da tecnologia, todos
terão acesso de forma mais democrática ao metaverso. “E após isso, é que
temos que ficar de olho, principalmente nas relações
pessoais, de consumo, lazer, de estudo, de trabalho, pois tudo irá se
transformar. Poderemos ir a shows, a ginásios, estádios e teremos a visão como
se estivéssemos fisicamente no lugar, poderemos experimentar roupas nas lojas
estando na sala de casa, estar em um camarote de um show só que no sofá da
sala. Tudo mudará, experiência do usuário, economia, política, tudo. Poderá ser
um pouco assustador para gerações antes dos millennials, mas para as seguintes,
qualquer nova tecnologia será super bem aceita. Enfim, realmente é muito além
da internet que conhecemos hoje”, define Melo.
E de olho nos apps de avatares!
Além de estar atento ao novo consumidor e como as
redes sociais irão atuar, o publicitário do futuro vai ter que aprender a como
criar estratégias e campanhas, e para ter um spoiler do que pode vir por aí,
temos um grande exemplo no ano de 2021, que foram os aplicativos de avatares. Para
Luiza, “o crescimento desses apps foi a grande tendência em 2021. O Litmatch
(app de avatar), por exemplo, saltou de 3 milhões no último trimestre de 2020
para 16 milhões de downloads, de outubro a dezembro de 2021. Portanto, esse é
um nicho que ainda vai ser muito explorado e precisamos ficar em alerta”,
pontua.
Já nas redes sociais, as
gigantes do segmento, Facebook e Twitter, já estão em pé de guerra, por
supremacia, mesmo antes do metaverso ser uma realidade mais concreta. “Em
notícias, já foi estampado que Jack Dorsey, CEO do Twitter, meio que insinuou
que os planos de Mark Zuckerberg são distópicos. Enfim, sempre vai existir
alguma rixa entre eles, mas no final, a tendência é que todos façam parte desse
novo universo, sejam as marcas ou profissionais. Afinal, quem não fizer, pode
ser esquecido, mas isso vai demorar alguns anos ainda”, prevê.
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