Em momentos de crise como o que vivemos, é comum ouvir que a presença do Estado se faz ainda mais necessária para superar a recessão econômica e reduzir o abismo social entre ricos e pobres. Pensando além da importância da distribuição de renda, a participação do setor privado é fundamental para a correção das desigualdades sociais e recuperação econômica.
Pode
parecer imponderável o fato de sugerir algo nesse sentido, levando em
consideração a atual realidade, mas é aí que está a grande diferença. É nesse
momento que a iniciativa privada pode mostrar quais são realmente os seus
valores e ajudar aqueles que sempre a apoiaram, o consumidor.
Esse
envolvimento pode, inclusive, fazer a diferença no enfrentamento da crise
sanitária e econômica que atravessamos. Não é à toa que os pilares do chamado
Capitalismo Consciente, movimento teorizado por Raj Sisodia, estão
conquistando, ainda que a passos lentos, as empresas brasileiras. Conforme
divulgado na imprensa, o Instituto do Capitalismo Consciente Brasil
(ICCB) dobrou o número de empresas associadas em 2020, atingindo 200 parcerias.
Em
linhas gerais, o conceito prevê que as companhias devem enxergar além do lucro
e atuar de forma a causar impactos sociais e ambientais positivos nas
sociedades onde estão inseridas. Ao aderirem a práticas sustentáveis e
conscientes, elas veem sua produtividade e lucro aumentarem, além de atraírem
mais investidores. E isso acontece porque, ao melhorarem as condições de vida
da população, ampliam também o mercado consumidor.
O
consumidor está mais exigente na hora de decidir com quem gastar o seu dinheiro
e a atuação social é um diferencial. Essa responsabilidade impacta a produção:
colaboradores satisfeitos por trabalharem em uma companhia que aplica esses
valores são mais comprometidos com o trabalho.
E
agir com responsabilidade social não é algo tão difícil. Assinar compromissos
de não testar produtos em animais; implantar programas de combate à violência
doméstica; combater o trabalho escravo ou investir em programas ambientais são
algumas das medidas que as empresas nacionais adotaram nos últimos anos.
Alguns
exemplos de empresas que fizeram a diferença neste momento são o iFood, que
doou R$ 50 milhões para entregadores e pequenos empresários do setor; a Natura,
que investiu R$ 38 milhões para distribuir sabonetes para comunidades carentes
e fez repasses a ONGs; o Magazine Luiza, que destinou R$ 40 milhões para
mitigar os impactos da pandemia, e o Banco Safra, que doou R$ 37 milhões para a
mesma finalidade.
Iniciativas
como essas mostram que a busca desenfreada pelo lucro não precisa ser o
objetivo final das empresas e que o capitalismo pode ser um mecanismo para
ajudar a fazer justiça social e minimizar as desigualdades.
Hilton
Vieira -especialista em gestão de risco e planejamento financeiro.
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