Quando a totalidade das manchetes dos jornais trata da grave
crise política do País de forma recorrente, não é preciso ser perspicaz para
deduzir que chegamos ao fundo do poço. Se o assunto em voga gira em torno de
quem apoia ou não a permanência do presidente da República no cargo, quem será
preso e quem vai delatar, para pararmos por aqui, onde ficam os debates sobre
os problemas sociais, que deveriam ser o foco das preocupações da Nação? Quem
sabe, por exemplo, a quantas andam os investimentos em Saúde, área sempre
abandonada, em um momento como esse? Pois vos digo: a situação é insustentável.
Para o bem do Brasil é essencial a saída do presidente Temer, pois não há mais
a mínima condição de governança.
Há quase um ano, víamos o impeachment de Dilma sob promessas de tirar o País do caminho da crise, principalmente a econômica, tema sensibilizou a população, com boa parcela indo às ruas para apoiar.
Ao mesmo tempo, uma operação envolvendo juízes, procuradores e os chamados liberais da classe política propunha desvendar um gigantesco esquema de corrupção que atingia uma das principais empresas brasileiras, a Petrobrás.
A impressão disso tudo, hoje, é que assistimos a um jogo de cana montado para manter alguns privilegiados no poder em detrimento de outros. E aqui retomo a pergunta que muito me importa e à maioria dos brasileiros, em particular aos mais vulneráveis socialmente: como ficam as questões da Saúde?
Houve até tentativas tímidas de projetos de lei e de reformas com o propósito de recolocar o Brasil no rumo do desenvolvimento e da modernização. Mas fica difícil pensar em avanços com a PEC do teto dos gastos públicos que congelou os investimentos sociais pelos próximos 20 anos em um País ainda tão carente de infraestrutura.
Nem é preciso citar que a Saúde foi fortemente penalizada. Basta passar em qualquer hospital público para verificar que as filas e a falta de condições de atendimento seguem presentes, sendo que o quadro tende a se agravar, já que a inflação do setor é maior que os índices de preços.
Já as reformas seguem ao ritmo do “toma lá, dá cá”, perdendo qualquer sentido e seriedade. Educação, previdência e leis trabalhistas, na verdade, caminham na contramão da modernização por total falta de transparência. Pouca ou nenhuma discussão com os grupos diretamente ligados às áreas afetadas é promovida, o que já indica retrocesso.
Como a sociedade reagirá às mudanças? É uma incógnita ainda. Ao menos por enquanto, o brasileiro parece anestesiado, talvez reflexo de uma mídia que em vez de informar, com raras exceções, usa seu poder mais para manipular.
Em meio a esse show de irresponsabilidade governamental e midiática, em que os interesses particulares e ações políticas contestáveis estão acima dos interesses públicos e do Estado, voltamos a enfrentar pesadelo do qual pensáramos ter nos livrado há pouco: regressamos ao mapa da fome.
Relatório produzido por mais de 40 entidades da sociedade civil, a ser entregue em breve às Nações Unidas, mostra que o País está ultrapassando o índice de 5% de cidadãos sem se alimentar adequadamente, o que nos recoloca na desumana geografia da miséria absoluta. Fome, miséria, educação e saúde em colapso. Futuro de risco.
A solução é rever o modelo político do Brasil, com foco único nos interesses da sociedade. É preciso mudar. já. Precisamos de união nacional para tirar a Nação da UTI.
Há quase um ano, víamos o impeachment de Dilma sob promessas de tirar o País do caminho da crise, principalmente a econômica, tema sensibilizou a população, com boa parcela indo às ruas para apoiar.
Ao mesmo tempo, uma operação envolvendo juízes, procuradores e os chamados liberais da classe política propunha desvendar um gigantesco esquema de corrupção que atingia uma das principais empresas brasileiras, a Petrobrás.
A impressão disso tudo, hoje, é que assistimos a um jogo de cana montado para manter alguns privilegiados no poder em detrimento de outros. E aqui retomo a pergunta que muito me importa e à maioria dos brasileiros, em particular aos mais vulneráveis socialmente: como ficam as questões da Saúde?
Houve até tentativas tímidas de projetos de lei e de reformas com o propósito de recolocar o Brasil no rumo do desenvolvimento e da modernização. Mas fica difícil pensar em avanços com a PEC do teto dos gastos públicos que congelou os investimentos sociais pelos próximos 20 anos em um País ainda tão carente de infraestrutura.
Nem é preciso citar que a Saúde foi fortemente penalizada. Basta passar em qualquer hospital público para verificar que as filas e a falta de condições de atendimento seguem presentes, sendo que o quadro tende a se agravar, já que a inflação do setor é maior que os índices de preços.
Já as reformas seguem ao ritmo do “toma lá, dá cá”, perdendo qualquer sentido e seriedade. Educação, previdência e leis trabalhistas, na verdade, caminham na contramão da modernização por total falta de transparência. Pouca ou nenhuma discussão com os grupos diretamente ligados às áreas afetadas é promovida, o que já indica retrocesso.
Como a sociedade reagirá às mudanças? É uma incógnita ainda. Ao menos por enquanto, o brasileiro parece anestesiado, talvez reflexo de uma mídia que em vez de informar, com raras exceções, usa seu poder mais para manipular.
Em meio a esse show de irresponsabilidade governamental e midiática, em que os interesses particulares e ações políticas contestáveis estão acima dos interesses públicos e do Estado, voltamos a enfrentar pesadelo do qual pensáramos ter nos livrado há pouco: regressamos ao mapa da fome.
Relatório produzido por mais de 40 entidades da sociedade civil, a ser entregue em breve às Nações Unidas, mostra que o País está ultrapassando o índice de 5% de cidadãos sem se alimentar adequadamente, o que nos recoloca na desumana geografia da miséria absoluta. Fome, miséria, educação e saúde em colapso. Futuro de risco.
A solução é rever o modelo político do Brasil, com foco único nos interesses da sociedade. É preciso mudar. já. Precisamos de união nacional para tirar a Nação da UTI.
Antonio Carlos Lopes - presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.
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