Especialistas
de diversas áreas reunidos em evento promovido pela Sociedade Brasileira de Toxicologia
(SBTox) reforçam necessidade de ampliar as discussões
“O que há dez anos poderia
ser apologia às drogas, atualmente pode ser considerado como uma estratégia
realista e pragmática”. Essa foi uma das afirmações mais
contundente sobre o tema Redução de Danos feita pela toxicologista Dra. Alice
Chasin, durante o evento realizado em junho de 2017.
Promovido pela Sociedade
Brasileira de Toxicologia (SBTox), o debate sobre Redução de Danos no Tabagismo
ganhou força com a abordagem da evolução de novas tecnologias nas diferentes
áreas de estudo. Se comparado com a aplicação do conceito em etanol, ou seja,
no controle do consumo de álcool, a prática pode ser abordada sob a ótica do
estabelecimento de risco x gerenciamento de risco.
“Na área da toxicologia,
podemos tratar o consumo do álcool de forma aguda ou crônica. A sociedade
adotou a forma crônica que são os seus efeitos imediatos no trânsito, por
exemplo. E assim, passamos a tratar o gerenciamento do risco com o
estabelecimento de cotas mínimas de consumo, sem perder de vista a máxima – Se
beber, não dirija”, reforçou a Dra. Alice. “A estratégia de redução de danos no
tabagismo deve ser considerada como uma estratégia complementar às
convencionais utilizadas pelas autoridades de saúde. Elas não são concorrentes
ou antagônicas. E passamos, então, a tratar também a questão de Redução de
Danos x Redução de Risco”, completou.
Nessa mesma linha, a Dra.
Silvia Cazenave, ex-superintendente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(entre 2014-2016), destacou os objetivos específicos
da Anvisa quanto ao tabagismo, principalmente o de reduzir a exposição da
população aos componentes tóxicos presentes na fumaça gerada pela queima do
tabaco. “Enquanto (a Anvisa está) preocupada com a proteção à saúde, reduzir a
exposição de um produto que é licito é uma medida que eu considero importante”,
ressaltou
Também
presente no evento, a Secretária Executiva da Comissão Nacional para
Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CONICQ/INCA), Dra.
Tânia Cavalcante comentou que, para termos uma política de redução de danos no
tabagismo, precisamos discutir que medidas regulatórias se fazem necessárias
para que as de Redução de Danos Individual não impactem negativamente as medidas
coletivas. “Já tivemos grandes avanços em relação ao combate ao tabagismo. Não
podemos correr o risco de um retrocesso”, destacou.
Aberto pela presidente da
SBTox, Danielle Palma, o debate reuniu também um público qualificado, entre
médicos, cientistas, psicólogos e demais profissionais da área de saúde pública
e contou ainda com a palestra “O controle do tabagismo: presente e futuro”,
sobre as tendências globais para o controle do tabagismo, com apresentação de
Mônica Andreis, vice-diretora da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT);
Na finalização das
exposições, antes da abertura para o debate com o público, o Dr. Marcus da
Matta, consultor de políticas públicas em saúde ambiental, fez uma apresentação
das novas tecnologias para redução de danos à saúde. Uma das tecnologias que
Marcus destacou é a do tabaco aquecido, com as avaliações independentes
relacionadas a não combustão do tabaco, resultando em níveis semelhantes de
exposição à nicotina, com a redução da exposição aos compostos carcinogênicos
da fumaça e alcatrão. “Estive no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Philip
Morris International, na Suíça, e verifiquei as pesquisas e estudos realizados
para o desenvolvimento de produtos de risco reduzido para substituição do
cigarro convencional”, concluiu.
Esse encontro “Redução de
Danos no Tabagismo” fez parte do Ciclo de Cursos e Palestras em Toxicologia,
que tem o propósito de impulsionar a discussão e atualização sobre os
conhecimentos relacionados à Toxicologia, em geral.
Sobre a Sociedade Brasileira
de Toxicologia
Fundada em agosto de 1972,
a Sociedade Brasileira de Toxicologia (SBTox) foi instituída como uma sociedade
científica com o intuito de congregar docentes, profissionais, empresas e
organizações interessadas no desenvolvimento da Toxicologia no Brasil. A
entidade dedica-se ao desenvolvimento contínuo de conhecimento
técnico-científico para o aprimoramento e garantia da saúde humana, assim como
para a segurança de todos os organismos vivos e da proteção do seu ambiente.
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