Sintomas como cansaço
constante, falta de ar e tosse são frequentemente confundidos com sinais de
envelhecimento e podem ser indícios da Fibrose Pulmonar Idiopática
O
suporte da família é muito importante para garantir que os idosos tenham
acompanhamento médico e possam ser diagnosticados e tratados da forma mais
adequada quando necessário. Com a idade, alguns sintomas como tosse, falta de
ar, limitações para realizar atividades diárias e cansaço constante são
frequentemente negligenciados por serem confundidos com sinais de
envelhecimento[i], mas podem ser
indicadores de problemas mais graves. É o caso da Fibrose Pulmonar Idiopática,
ou FPI, doença progressiva e sem cura que acomete, em geral, indivíduos com
idade superior a 50 anos[ii].
A
FPI é uma doença rara, que provoca o enrijecimento dos pulmões por meio da
formação de cicatrizes (fibrose). De causa desconhecida, tem como principais
sintomas a falta de ar, a fadiga e tosse seca. “O diagnóstico da doença é
complexo, porque os sintomas costumam ser negligenciados pelo paciente e por
seus conhecidos, que deixam para procurar um médico quando a doença começa a
causar limitações mais evidentes na rotina do paciente, ou seja, quando está em
um estado avançado. Ainda assim, por se tratar de uma doença rara, geralmente o
paciente tem dificuldades para receber um diagnóstico assertivo e ágil, o que
acaba atrasando o tratamento adequado”, explica o Dr. Adalberto Rubin,
pneumologista da Santa Casa de Porto Alegre (RS).
Apesar
de ser menos conhecida, a FPI é grave e apresenta taxa de sobrevida pior do que
muitos tipos de câncer, como o de mama e o de próstata. Estima-se que atinja
cerca de 14 a 43 pessoas a cada 100 mil no mundoii. No Brasil, a
estimativa de prevalência é de 13 a 18 mil pessoas[iii],
mas o número pode ser ainda maior, já que a taxa de diagnósticos é extremamente
baixa. Os pacientes com FPI apresentam um endurecimento progressivo dos
pulmões, que perdem a elasticidade e a capacidade de expandir e oxigenar o
corpo. Em função disso, se sentem constantemente cansados e podem ter
dificuldade de realizar atividades simples do cotidiano.
Nem
sempre as famílias dão a devida atenção a esse quadro, por pensarem que é
natural que pessoas idosas tenham falta de ar e menos disposição, por exemplo.
No entanto, o estereótipo do idoso dependente nem sempre corresponde à
realidade. Elisabeth Pereira, 66 anos, é ativa no mercado de trabalho e
valoriza muito a sua autonomia: “Após um longo período com muita tosse e
cansaço que nunca passavam, frequentando vários médicos, descobri que tenho
Fibrose Pulmonar Idiopática. Desde então, comecei um tratamento que tem me
ajudado a ser mais independente da minha família, mas o apoio deles foi
fundamental durante esse processo”.
A
conscientização da população para atenção aos sintomas é o primeiro passo para
um diagnóstico correto. Erros de diagnóstico iniciais são frequentes e ocorrem
em cerca de metade dos pacientes[iv],
porque os sintomas também podem ser confundidos com os de doenças mais comuns,
como algumas doenças cardíacas e respiratórias. “É muito importante que a
família esteja atenta à saúde dos idosos e, caso a tosse seca e o cansaço sejam
permanentes, procure ajuda médica. Quanto mais cedo a doença for diagnosticada
e o tratamento iniciado, maior é a chance de se oferecer uma estabilização da
doença. A Fibrose Pulmonar Idiopática pode levar ao óbito dentro de 2 a 3 anos
sem o tratamento adequado”, afirma o Dr. Rubin.
A
FPI não tem cura, mas existem tratamentos capazes de reduzir significativamente
a sua progressão. “Em 2016, o nintedanibe, droga que desacelera em 50% a
progressão da doença, foi lançado no Brasil. É importante ressaltar a
necessidade de um tratamento contínuo, pois episódios de piora súbita da falta
de ar podem acontecer e são imprevisíveis e muito graves. Com o tratamento,
estes episódios podem ser reduzidos em quase 50%”, explica o Dr. Rubin.
Boehringer
Ingelheim
[i] Raghu G, et al,
ATS/ERS/JRS/ALAT Committee on Idiopathic Pulmonary Fibrosis
AnofficialATS/ERS/JRS/ALATstatement: idiopathic pulmonary fibrosis: evidence-based guidelines for diagnosis and management. Am J Respir Crit Care Med 183 (6), 788 - 824 (2011)
AnofficialATS/ERS/JRS/ALATstatement: idiopathic pulmonary fibrosis: evidence-based guidelines for diagnosis and management. Am J Respir Crit Care Med 183 (6), 788 - 824 (2011)
[ii] Raghu G, Weycker D, Edelsberg J, Bradford WZ, Oster G. Incidence and
prevalence of idiopathicpulmonaryfibrosis. Am J Respir Crit Care Med 174 (7),
810 - 816 (2006)
[iii] Baddini-Martinez J, Pereira CA. Quantos
pacientes com fibrose pulmonar idiopática existem no Brasil? J Bras Pneumol.
2015;41(6):560-561
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