Mais mortal, transmissível e infeccioso do que o HIV, o vírus causador
da Hepatite C segue um desconhecido para a imensa maioria dos pacientes no
Brasil e, em silêncio, pode estar causando uma doença sistêmica. No Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, entenda a situação e teste-se!
Estima-se
que no Brasil existam entre 1,4 e 1,7 milhão de portadores de hepatite C.
Grande parte desconhece seu diagnóstico e poucos sabem como ocorreu a
transmissão ou que exista tratamento para a doença1.
Conscientizar
a população sobre prevenção, proteção e a necessidade de fazer o teste da
Hepatite C são objetivos do Dia Mundial da Luta Contra as Hepatites Virais,
celebrado anualmente em 28 de julho.No
Brasil, dados epidemiológicos apontam que aproximadamente 80% das pessoas com o
vírus da Hepatite C (HCV) estão acima dos 40 anos de idade2.
“Como o
vírus só foi descoberto em 1988, os comportamentos e fatores de risco eram até
então desconhecidos, o que favorecia infecções”, comenta Nelson Cheinquer,
diretor médico da Gilead no Brasil, biofarmacêutica global que tem a Hepatite C
como uma de suas principais áreas terapêuticas de pesquisa e desenvolvimento.
O fato de
a doença ser assintomática em 80% dos casos faz dela um sério problema de saúde
pública, podendo levar décadas para dar sinais e, normalmente, manifestando-se
já em estágio avançado de comprometimento do fígado ou com quadros associados.
A Hepatite C é a maior causa de cirrose, câncer e transplante de
fígado no mundo3. Além das complicações relacionadas ao fígado, ela
pode desencadear uma verdadeira doença sistêmica. Estudos comprovam que o vírus
da Hepatite C aumenta os riscos do aparecimento de outras doenças como a
Diabetes do tipo 2 e do Linfoma, por exemplo4.
O HCV é
transmitido por contato com sangue infectado, sendo que os principais meios de
transmissão são reutilização e esterilização inadequada de equipamentos médicos
e outros, compartilhamento de seringas e agulhas, práticas sexuais de risco e
transmissão vertical (da mãe para o filho).
“Levar o
próprio material para a manicure, utilizar seringas e agulhas descartáveis e
usar preservativos em práticas sexuais de risco são medidas efetivas de
proteção contra infecções”, explica Cheinquer.
HCV vs
HIV
Estudos
já demonstraram que o HCV é seis vezes mais transmissível do que o HIV5,
estatística que pode ser explicada por características como a capacidade de
sobrevida do vírus. Fora do corpo, ele permanece vivo por até quatro dias,
podendo chegar a quase dois meses quando em ambiente fechado, como no interior
de uma seringa, por exemplo.
Ainda no
comparativo com o HIV, outros dois dados surpreendem. Desde 2007, a taxa de
mortalidade por HCV supera a do HIV6. Só no Brasil, calcula-se em
torno de 3 mil mortes associadas à Hepatite C anualmente. Além disso, o vírus
HCV é 50 a 100 vezes mais infeccioso que o HIV.
A
despeito disso, porém, a doença tem alta taxa de cura, inclusive quando
descoberta em seu estágio mais avançado. “Mesmo pessoas com cirrose ou
descompensação do fígado podem ser tratadas e o vírus erradicado. Nesses casos,
contudo, o paciente pode precisar de outros tratamentos complementares e
seguimento”, afirma Cheinquer.
Esse
problema é evitável com a descoberta e início do tratamento rápido, se
necessário. “Mesmo que você não se enquadre em nenhum dos fatores de risco,
deveria fazer o teste para Hepatite C pelo menos uma vez. É inclusive uma
recomendação do Conselho Federal de Medicina que todos sejam testados”,
recomenda o médico. “Agora, se você tem ou teve alguma entre as experiências
que configuram risco, uso de drogas injetáveis, práticas sexuais de risco
desprotegidas, entre outras, é recomendado que faça o teste anualmente ou até a
cada semestre”, completa.
Gilead
Sciences
Fontes:
1 - Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e
Coinfecções – 27 de julho de 2015, 7
2 - Bruggmann, et al. Journal of Viral Hepatitis, 2014, 21, (Suppl. 1),
5–33
3 - Allison RD, et al.Increased incidence of cancer and
cancer-related mortality among persons with chronic hepatitis C infection; J
Hepatol 2015; 63:822-828
4 - World J
Gastroenterol. 2016 Jul
21;22(27):6214-23; Negro, J Hepatol 2014
5 - http://hcvadvocate.org/hepatitis/factsheets_pdf/Similarities_and_Differences_between_HIV_and_HCV.pdf
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