Atividades que geram dominação e são difíceis de serem controladas
podem ser consideradas dependência, explica psicóloga; drama vivido por
personagem da novela ‘A Força do Querer’ chama a atenção para doença
É comum e
bastante saudável que muitas pessoas tenham um hobby, coisas que
gostam de fazer para se distrair e relaxar, como prática de esportes, leitura
ou ouvir uma boa música. Porém, há alguns que encontram nos jogos de azar a sua
maior diversão e chegam até a criar grupos de apostas. Um exemplo disso é a
personagem Silvana (interpretada por Lilia Cabral), da novela “A Força do
Querer”, que teve sua diversão transformada em um perigoso vício.
Sarah
Lopes, psicóloga do Hapvida Saúde, afirma que tudo o que ameaça escravizar e
dominar alguém pode ser considerado um vício – e com os jogos não é diferente. “O gosto pelos jogos deve ser visto como
algo saudável e controlado. É preciso perceber a hora de parar e o controle não
deve envolver sofrimento, deve ser natural. Por exemplo: pode-se determinar uma
quantia ‘x’ para investir em um jogo. Caso vença ou não, isso
não fará diferença. A quantia continua sendo esta. O que vai caracterizar
o vício é a
hora de saber parar, que deve existir", explica.
A
especialista destaca que vários fatores podem se somar para desenvolver o vício no indivíduo. Um
deles é o desequilíbrio da dopamina, hormônio do prazer, no cérebro, que faz
com que o sujeito perca o domínio e não meça as consequências de seus atos.
Sarah
destaca que é preciso ter cuidado para saber lidar com o problema e sempre
procurar a ajuda de um psicólogo ou psiquiatra, que vai determinar o tratamento
mais adequado. “O viciado em jogos nunca está
satisfeito, sempre quer mais e mais, mesmo sabendo que depois se sentirá mal
por isso. E as principais consequências desse tipo de vício são o prejuízo
financeiro e o afastamento da família e dos amigos, que quase sempre leva o
indivíduo a um quadro de depressão ou tristeza profunda, e até à ruína
financeira”, afirma a psicóloga.
A
especialista diz que é preciso estar atento a alguns sinais, como mentiras
constantes com o intuito de escapar para jogar, investimentos surreais em
apostas, agressividade, falta de sono e penhora de bens importantes ou de valor
sentimental em mesas de apostas. Sarah, no entanto, enfatiza que o problema
pode ser evitado, bastando tomar alguns cuidados e ficar atento: “O primeiro passo é começar a administrar o que é real e o
que não é. Se esses jogos de
fato trouxessem fortuna, muitos jogadores estariam afortunados, e, na
realidade, isso é rara exceção. Os jogos devem servir como
uma distração momentânea, não como uma obrigatoriedade. O hobby deixa
de ser hobby quando não envolve mais prazer na atividade”.
Ainda
de acordo com a psicóloga, tratamentos com acompanhamento de especialistas
podem ajudar muito, dependendo do estágio em que a pessoa estiver. Geralmente,
a aplicação de Terapia Cognitivo Comportamental costuma ser a mais eficiente,
porém, quando o indivíduo chega a um nível em que não consegue perceber os
danos, é necessária uma avaliação psiquiátrica e, até mesmo, uma terapia
medicamentosa com a finalidade de equilibrar as substancia cerebrais
responsáveis por este comportamento. Há também a alternativa da psicoterapia,
que possui um efeito melhor do que as demais. O importante é que, assim que
percebidos os sintomas, a própria pessoa ou amigos e familiares procurem
especialistas para acompanhamento do tratamento, quando será escolhido o melhor
método, de acordo com o diagnóstico apresentado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário