Vacinação é a melhor forma de se prevenir da doença causada pela
reativação do vírus da varicela, na fase adulta
A herpes-zóster,
também conhecida como "cobreiro", é causada pelo mesmo vírus que, na
infância, atinge muita gente provocando a catapora. O que pouca gente sabe é
que o vírus nunca mais vai embora. Fica latente no organismo, podendo reativar
uma nova infecção na fase adulta. A doença é resultado dessa reativação.
Geralmente isso acontece quando há uma queda no sistema imunológico da pessoa.
O envelhecimento sozinho já provoca isso.
Mas a Dra. Melissa Palmieri,
coordenadora médica de vacinas do Grupo Hermes Pardini, alerta que existem
alguns cuidados simples para evitar a baixa na imunidade e, consequentemente, a
enfermidade. São eles: fazer atividade física, alimentar-se bem, cuidar do
estresse. Três fatores que podem, indiretamente, ajudar e prevenir a doença.
Já a única forma efetiva de prevenção é a vacinação.
Mesmo quem não teve catapora deve ir atrás da imunização porque 90% das pessoas têm o vírus Varicela-zóster, ainda que
não saibam. Só no Brasil, são mais de 2 milhões de casos por ano da doença.
Isso que ela é mais frequente após os 50 anos.
Mas a
especialista avisa que há pessoas que não podem ser vacinadas: são os
pacientes imunodeprimidos e em uso de corticoides em
altas doses. "Para as demais, a imunização vale a pena. Os efeitos colaterais, quando sentidos,
são leves e de pouca duração, sendo que o risco de desenvolver a herpes-zóster é
muito alto", explica. "Aplicada em dose única, a vacina tem eficácia
comprovada em cerca de 70% dos casos", complementa.
A doença está
associada a uma série de complicações. São elas:
- neuralgia
pós-herpética (condição dolorosa que afeta as fibras nervosas e a pele)*,
- cicatrizes,
- superinfecção
bacteriana,
- paralisia
neuronal motora,
- pneumonia,
- encefalite,
- síndrome de
Ramsay Hunt,
-
comprometimento visual e
- perda de
audição.
O tratamento é feito com antiviral, mas ele deve
ser usado em até 72 horas da reativação do vírus para se ter uma melhor resposta.
Analgésicos sistêmicos ou tópicos e anticonvulsivantes também são utilizados,
mas para tratar sintomas e não a infecção. A própria vacina é mais uma aliada
para diminuir a intensidade da dor e prevenir
neuralgia pós-herpética em caso de reincidência. Mas, justamente por
isso, a médica chama a atenção para que a imunização seja feita
logo após o adulto atingir os 50 anos. "Vemos muitos pacientes nos
procurarem depois da ocorrência da doença pois não querem passar novamente pelo
sofrimento e pelo risco de uma nova reativação. Entretanto, a pessoa só poderá
ser vacinada um ano depois do episódio".
A herpes-zóster é
geralmente caracterizada por erupção cutânea unilateral, dolorosa e vesicular,
com distribuição que acompanha os dermátomos (raízes nervosas). Apesar de a
erupção bolhosa ser a manifestação mais característica da doença, o sintoma
debilitante mais frequente é a dor, que pode ocorrer antes do surgimento das
vesículas, na fase eruptiva aguda e na fase pós-herpética da infecção. Durante
a fase eruptiva aguda, relata-se dor local em até 90% dos pacientes.
A coordenadora alerta, no entanto, para uma
confusão que muita gente faz. A de uma suposta relação entre a herpes-zóster com
a herpes labial
e/ou genital. "Tratam-se de vírus diferentes e, assim, nada indica que
quem tem um possa estar mais sujeito a ter o outro", conclui a Dra.
Melissa.
*Neuralgia pós-herpética
A NPH é a complicação grave mais comum e a causa de morbidade
relacionada à herpes-zóster.
A frequência e a gravidade da NPH aumentam com a idade. Descrita como dor em
queimação, pulsátil, perfurante, penetrante e/ou aguda, a NPH pode resistir por
meses ou mesmo por anos. É descrita como um dos piores e mais debilitantes
tipos de dor. Além disso, como em outras doenças crônicas, a NPH pode acarretar
depressão, alteração do humor e disfunção psíquica e física como consequência
da dor persistente.
Dra. Melissa Palmieri
- coordenadora médica de vacinas do Grupo Hermes Pardini e membro da Sociedade
Brasileira de Imunizações. Foi diretora da regional de São Paulo no período de
2012 a 2013. Pediatra com aperfeiçoamento em infectologia, trabalha com vacinas
há 13 anos e é pós-graduada na FGV em Administração Hospitalar e Serviços de
Saúde. Atua, ainda, na Vigilância Epidemiológica do Município de São
Paulo.
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