Segundo o Datafolha, uma em cada três mulheres
sofreram algum tipo de violência em 2016
Em um cenário no qual o empoderamento feminino ganha mais
força a cada dia, a Lei Maria da Penha, que completará 11 anos desde
a sua aprovação em 7 de agosto de 2006, com vigência desde setembro
daquele ano, é considerada um marco no combate à violência contra a mulher,
protegendo muitas vítimas de abusos e agressões.
Segundo balanço realizado pelo Ligue 180, de janeiro a junho
de 2016, a central telefônica recebeu 67.962 relatos de violência doméstica,
sendo 86,6% destes referentes a situações previstas na legislação.
A especialista em direito de família, Regina Beatriz Tavares
da Silva, ressalta a importância da lei, que protege a mulher tanto de
agressões físicas quanto de violências psicológicas, patrimoniais e
morais.
“A Lei Maria da Penha prevê uma série de medidas protetivas
e de urgência em favor da mulher e contra o agressor, assim como medidas
assistenciais. Poucos sabem, mas a Lei protege a mulher também em
relação à violência moral e patrimonial, além da violência física”,
afirma.
Apesar desta proteção, a Dra. Regina Beatriz destaca o
grande número de mulheres que prefere se calar ao ser vítima de agressão
(52%), sendo que em grande parte, a
violência é praticada por familiares, principalmente pelos
maridos ou ex-maridos.
De acordo com a advogada, diversos fatores podem ser
apontados para explicar esse comportamento, como o medo do agressor, a
dependência financeira ou afetiva, o sentimento de impunidade, a preocupação
com os filhos e até mesmo o desconhecimento de seus direitos, ressaltando assim
a vulnerabilidade feminina.
Para contornar essa situação, a Dra. Regina Beatriz
recomenda que as mulheres não se intimidem e procurem uma Delegacia da Mulher
mais próxima, o mais rápido possível. “Hoje, a mulher tem a Lei Maria da Penha
a seu favor. Por mais difícil que seja, ela precisa denunciar e buscar a
proteção que merece diante das agressões”, conclui.
Números da violência contra a mulher
Segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha, uma em cada três
mulheres sofreu algum tipo de violência em 2016. Considerando apenas
agressões físicas, 503 mulheres brasileiras reportaram uma queixa a cada
hora.
Outro dado preocupante da mesma pesquisa, divulgada no Dia
Internacional da Mulher do presente ano de 2017, mostrou que 22% das
brasileiras sofreu ofensa verbal no ano anterior, totalizando 12 milhões
de vítimas.
O mesmo estudo mostrou também que 10% das brasileiras
sofreu ameaça de violência física, 8% das mulheres vítimas de
ofensa sexual, 4% das mulheres foram ameaças com armas de fogo ou
facas e 3% (1,4 milhão) de mulheres levaram pelo menos um tiro.
Em junho, pesquisa divulgada pelo DataSenado mostrou que o
número de mulheres que declararam ter sofrido algum tipo de violência doméstica
subiu para 29% em 2017. O número daquelas que afirmaram conhecer alguém que já
sofreu violência praticada por um homem também subiu: de 56% em 2015 para 71%
este ano.
Já o Mapa da Violência, divulgado pela Faculdade
Latino-Americana de Ciências Sociais, aponta que o Brasil está em quinto lugar,
dentre os 83 países com maior número de ocorrências de homicídios femininos.
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