Existe uma grande diferença entre oportunidade e
oportunismo. Uma, é aquela em que as pessoas querem levar vantagem em tudo, ser
esperto, ganhar a qualquer custo sendo que a outra, vai na contramão deste
movimento cada vez mais presente e enraizado na cultura brasileira.
Enquanto eu morava no Brasil, vivenciei diversas
situações em que me deparei com o oportunismo e isso me incomodava demais. Por
isso, desde quando passei a ter residência fixa nos Estados Unidos, decidi por
um ponto final nisto. Hoje, eu não tolero esse comportamento e principalmente
as pessoas que convivem comigo sabem o quanto sou rígido fazendo duras críticas
quando identifico o vício do oportunismo nas minhas relações de negócios.
A cultura do Brasil é riquíssima, linda e super
diversificada. Porém, esse vício maldito acaba com a beleza. A necessidade de
levar vantagem deixa as pessoas cegas e a feira de Acari, no Rio de Janeiro, é
um belo exemplo deste contraste. O mercadão de produtos roubados é promovido às
custas de inúmeras mortes e assaltos por conta de um comércio que não tem fim.
Em São Paulo, mais precisamente na Avenida
Paulista, tem um shopping de artigos chineses a preço popular. Confesso que eu
ia todo o final de semana lá para olhar as novidades e sempre comprava um dvd
ou outro e um monte de outras coisas que eram considerados réplicas de primeira
linha. Quem realmente usa artigos de luxo sabe a diferença entre o pirata e o
original.
Mesmo que você tenha um auto estima lá em cima e
não se incomode com a julgamento dos outros, ou é do tipo que adota a política
do “ estou nem aí”, existe algo implícito neste jogo muito mais grave do que a
opinião alheia, que é o dano causado pelo consumo deste tipo de produto. Não há
pagamento de impostos referente a mercadoria e recolhimento de tributos. Só por
isso esse produto chegou até o seu consumidor final. Vidas acabam porque alguém
tem a necessidade porca de comprar algo “ baratinho”. E não é exagero.
Tenho um amigo que hoje reside nos Estados Unidos.
A família dele quando morava no Brasil possuía uma transportadora com cinco
caminhões. Sempre que se tratava de uma carga valiosa, quem fazia o transporte
era o pai, o dono da empresa. Ele tinha esse cuidado para zelar pelo material
do cliente e garantir que o produto caro chegaria ao seu destino conforme o
esperado, sem danos.
Até que um dia, ele foi roubado e sequestrado. A quadrilha
pediu R$50 mil reais, e a carga era de televisões. Ele ficou quatro dias em cativeiro
e não havia possibilidade de pagar pelo valor exigido. Não avisaram a polícia e
as negociações chegaram a R$10 mil. A quantia foi paga, mas o pai foi
encontrado morto, sendo que ele havia falecido muito antes da entrega do
dinheiro.
Ainda me questiono como que as pessoas têm coragem
de comprar esses produtos. O detergente mais barato, o salame, sabão em pó que
vendidos na feira de acari custaram a vida de alguém. Além disso, deixou o
seguro para todo mundo mais caro, impactando na economia como um todo. Quantas
vezes subiu o seguro do seu carro? Mas na hora de comprar uma peça, muitos não
abrem a mão de ir até um desmanche. É essa consciência que precisa mudar.
Quando isso acontecer, o país muda de patamar.
Quem compra produto fruto de roubo de carga, ou
pirata, não faz ideia do prejuízo para o país, além da energia negativa que vem
de carona. O brasileiro precisa parar de aceitar migalhas dos outros e mudar a
condição de vida e adquiri itens que de fato possuem qualidade e são duráveis.
Comprar itens de péssima qualidade ou por preços até 70% a menos do que
comercializados em lojas tradicionais, jamais pode ser um bom negócio.
Daniel
Toledo - O profissional é graduado em direito pela
Universidade Paulista. Possui especialização em International Business and
Global Law pelo Eckerd College - St Petersburg e em tributação no mercado
financeiro, pela FGV São Paulo, LLM em mercado Financeiro e de Capitais pelo
IBMEC e LLM em Health Law pela Southern University of Illinois. Fez doutorado
em Direito Constitucional pela UNITA, e participou de diversos cursos
promovidos pela OAB e CAASP, voltados para direito comercial e societário.
Atualmente, é sócio da Toledo and Associates, Law Firm desde 2003 e sócio
fundador da Loyalty Miami. A fonte pode comentar e explicar sobre a obtenção
dos seguintes vistos: L1 - E2 - H1B - EB-1 - EB-5– O – R – J – K. Foi o único
advogado brasileiro indicado ao prêmio Lawyers of Distinction
Loyalty Miami
http://www.loyalty.miami/inicio.html;
contato@loyalty.miami ou pelo +1
(305) 988.2283
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