Especialista
em fraudes alerta para nova onda de golpes envolvendo sites e aplicativos de
encontros
Segundo dados recentes divulgados pela Receita
Federal, o ‘Golpe do Amor’ voltou a fazer vítimas no Brasil. A fraude
atingiu um número não divulgado de mulheres que chegaram a realizar depósitos
no valor de R$20 mil para liberar presentes e encomendas supostamente enviadas
por seus parceiros – na verdade, estelionatários que criam perfis falsos na
internet e se passam por estrangeiros com ótimas condições financeiras.
Segundo Ian Cook, diretor sênior da empresa Kroll,
especializada em gestão de riscos corporativos e investigações,
essa prática é considerada como uma das modalidades dos golpes de pagamento
antecipado, na qual os criminosos, após envolver a vítima com seu discurso,
solicitam a transferência de recursos para viabilizar um benefício que pode ser
financeiro, como o percentual sobre uma herança, ou imaterial – a possibilidade
de encontro interpessoal ou até um casamento.
“Os múltiplos canais de comunicação atuais só
facilitaram e potencializaram esse tipo de crime, que antes era cometido por
meio de cartas e, consequentemente, atingiam um público menor, além de dispor
de instrumentos de sustentação muito menos sofisticados”, afirma. “Hoje, esse
golpe nasce na web, mas pode se prolongar por meses, ganhar outras interfaces e
até personagens adicionais, que entram na trama para dar maior fidedignidade à
narrativa”, completa. De acordo com o especialista, a web possibilita que
fraudadores internacionais atuem neste tipo de golpe. “Ainda que esta
modalidade de fraude seja também conhecida como “fraude da Nigéria”, por este
ser o local de origem de muitos golpes semelhantes, o fraudador pode estar em
qualquer lugar”.
Cook recomenda maior desconfiança do público como
primeira medida de cautela e sugere pesquisas em ferramentas de busca
confrontando o nome do interlocutor com sua as informações dadas por ele, por
exemplo, locais que frequenta, profissão, amigos. É possível também, através de
ferramentas de busca, identificar se as fotos enviadas pelo interlocutor são
reais ou se foram obtidas pela internet. Tendo ou não sucesso nas buscas, a
ordem é não dividir dados pessoais sob qualquer hipótese, além de jamais
transferir valores de qualquer montante.
O especialista também alerta que, normalmente, o
criminoso solicita a transferência de valores via empresas de repasse
internacional e não por depósito em instituições bancárias tradicionais. Outro
padrão recorrente é o uso de tradutores e corretores automáticos, que deixam
escapar erros e mensagens sem sentido.
Às vítimas, a orientação é suspender
imediatamente qualquer comunicação com o criminoso e procurar as autoridades
locais levando todo o histórico da conversa e documentos impressos, se houver.
“Apesar de o alerta da Receita Federal apontar
para golpes em mulheres, todos estão vulneráveis a fraudes na web em algum
grau. É importante manter sempre uma postura crítica e cautelosa no uso e nos
relacionamentos por redes sociais e sites de relacionamento”, completa
Cook.
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