Que
os jovens são os mais afetados pelo desemprego nas crises não é novidade, mas
as estatísticas crescentes reforçam a urgência de se encontrar uma solução que abra
perspectiva de algum tipo para a nova geração. Nesta semana, especialistas
estão destrinchando os dados da Pnad, segundo os quais a taxa de desocupação
geral foi de 13,7% no primeiro trimestre, enquanto na faixa dos 18 aos 24 anos
saltou para 31,8% -- e desses, quase 30%, ou seja, 6,6 milhões não estudam nem
trabalham.
Reportagem
da revista Veja desta semana se debruça exatamente sobre o risco dessa
desocupação elevada e remete a um estudo do economista Till von Watcher, da
Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla) que avalia os efeitos da crise
dos EUA nos anos 80, com taxa de desemprego da ordem de 11%, sobre os jovens
que ingressavam no mercado de trabalho. No início dos dois anos de recessão, a
remuneração dos novatos caiu 60%. Nos 20 anos seguintes, quem tinha curso
superior conseguiu chegar à média salarial do mercado, mas os que haviam
cursado apenas o ensino médio (completo ou não) ainda ganhavam menos do que os
contratados antes e depois da crise. Alguns resultados: maior nível de pobreza
e busca por assistência social.
No
Brasil, caso a tendência se repita, as consequências poderão ser mais graves,
pois, além da fragilidade da educação, 70% do total de jovens pertencem a
famílias de renda média ou baixa – seguramente os que deverão abandonar em
maior número os estudos e engordar, no futuro, o contingente de subqualificados
e subempregados. Não se pense que o fenômeno nem-nem se restrinja às classes C,
D e E, com 38% de seus jovens de 19 anos não estudando e nem trabalhando,
pois nas classes A e B esse número é de 18%.
Para medir os efeitos da crise e
da falta de políticas públicas para educação e inserção profissional dos
jovens, basta verificar que, em 2005, os percentuais de nem-nem eram de 16% e
7%, respectivamente. É m drama a ser enfrentado por toda a sociedade, a exemplo
do que faz o CIEE ao possibilitar formação profissional para milhares de
estagiários e aprendizes.
Luiz Gonzaga Bertelli - presidente do Conselho de
Administração do CIEE
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