De acordo com o Ministério
da Saúde, são realizadas quase 600 mil cirurgias de catarata por ano no Brasil.
Segundo Renato Neves, cirurgião-oftalmologista e presidente do Eye
Care Hospital de Olhos, em São Paulo, a proporção de cirurgias a laser e de
facoemulsificação ainda é de 1:5. Mesmo assim, o especialista afirma que o
laser de femtossegundo aumenta a precisão e a segurança do procedimento – o
que também implica em ganhos para o paciente.
No Brasil, pelo menos
metade da população de idosos sofre de catarata e cerca de 1,5 milhão perdeu
completamente a visão por causa dessa doença em que a lente do cristalino vai
ficando esbranquiçada até a pessoa não enxergar mais nada. A cirurgia para
remoção da catarata, seguida do implante de lentes intraoculares (LIOs), não só
possibilita ao paciente voltar a enxergar, como ainda rejuvenesce a visão e
aumenta a segurança na locomoção.
A técnica mais utilizada
ainda é a facoemulsificação, que remove a catarata através de uma cirurgia com
pequena incisão. O paciente recebe anestesia tópica, à base de colírios, e
depois disso é feita uma incisão em degrau de cerca de dois milímetros na
esclera (parte branca do olho) ou na córnea clara (no limite entre a córnea e a
esclera). Com o ultrassom, a catarata é fracionada em partículas microscópicas
e, posteriormente, aspirada. Na sequência, é implantada uma lente intraocular
(LIO). Neves explica que a incisão em degrau faz com que o olho permaneça
completamente selado pela pressão natural externa.
Mas a grande conquista
nesse campo é o uso do laser de femtossegundo, que garante mais precisão em
cada uma das principais etapas envolvidas na cirurgia. De acordo com o
cirurgião, os excelentes resultados obtidos desde o início em que se começou a
usar o laser de femtossegundo nas cirurgias de catarata compensam de longe os
altos investimentos no equipamento. “Enquanto na cirurgia tradicional a incisão
na córnea é feita manualmente, neste novo procedimento as estruturas do olho
são analisadas por um tomógrafo de coerência óptica tridimensional e as
incisões e a fragmentação da catarata são realizadas com uso do laser,
garantindo uma recuperação mais rápida para os pacientes”.
Neves afirma que a
utilização do laser de femtossegundo simplifica a retirada da catarata e
permite um perfeito posicionamento da lente intraocular. “Não se trata de algo
novo, mas ainda são poucos serviços de saúde ocular que fazem uso desse tipo de
laser, já que exige grandes investimentos. A Oftalmologia, inclusive, foi a
primeira especialidade da Medicina a empregar o laser com fins terapêuticos. Em
constante evolução, podemos aguardar mais novidades em breve em termos de
aplicações diagnósticas e tratamentos cada vez mais precisos e eficazes”.
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