Não é preciso ser um expert
em futurologia para saber que uma das relações que mais será mais afetada pela
tecnologia, que não para de se superar, é a que temos com o emprego. Se por um
lado podemos apostar na extinção de várias profissões, podemos nos surpreender
com algumas que irão surgir.
Será que estamos próximos de
um futuro como aquele apresentado pelo cinema em filmes como Blade Runner,
Inteligência Artificial, Eu, Robô e Ex_Machina, entre outros?
Blade Runner, que completou 35 anos, mostra seres criados
geneticamente para trabalhos forçados ou desprezados, chamados de replicantes.
E eram tão perfeitos que se passavam facilmente por humanos. Tão humanos, que
acabaram por se rebelar.
Rutger
Hauer e Daryl Hannah em cena da Blade Runner, no qual ambos são replicantes – Divulgação
Já em Ex_Machina, o
mais recente dos citados (2015), um funcionário de uma empresa é recrutado para
testar um robô, Ava, interpretado de forma perfeita por Alicia Vikander. Também
criada para servir, inclusive sexualmente se necessário. Ava está bem além de
ter “apenas” inteligência artificial. Ela é muito mais sofisticada e se mostra
sedutora e manipuladora até conseguir o que secretamente queria.
Porém, saindo da ficção e
sem entrar na questão ética, que também será algo a ser pensado quando robôs
passarem a conviver mais intimamente com humanos, é claro que não apenas
empresas, mas governos de todo o mundo estão interessados em desvendar um pouco
do que está por vir.
Um exemplo foi a pesquisa
encomendada pelo governo britânico para o grupo Fast Future: The Shape of
Jobs to Come (A forma dos trabalhos que virão, em tradução livre). O
intuito era descobrir as profissões que mais se destacariam nas próximas duas
décadas. Entre elas estavam: consultor de bem-estar para idosos; agricultor
vertical; nanomédico e especialista em reversão de mudanças climáticas.
Vale destacar que outras
pesquisas apontaram duas novas ocupações que muitos sequer imaginariam:
terapeuta de final de vida e conselheiro de robô.
As
atrizes Sonoya Mizuno e Alicia Vikander, em cena de Ex_Machina, no qual ambas
são robôs – Divulgação
Profissões que irão desaparecer
Também no Reino Unido,
pesquisadores da Universidade Oxford responderam a questão ao contrário, ou
seja, quais os empregos que estavam com seus dias contados. O estudo analisou
702 ocupações e fez a estimativa das chances dessas funções serem automatizadas
nos próximos 20 anos.
Segundo eles, a profissão
que mais corre riscos de ser extinta (99%), para a alegria de muita gente, é a
de operador de telemarketing. Enquanto isso, a pesquisa mostrou que a tarefa que
um robô jamais faria bem é a do assistente social na área de drogas e saúde
mental.
Enquanto isso, na China, por
exemplo, já há fábricas que trocaram 90% de seu quadro de funcionários por
robôs. Na lista das funções que desaparecerão estão também: preparador de
imposto de renda, reparador de relógios, corretor de seguros, agente de
crédito, árbitro, trabalhadores rurais, operador de caixa, corretor de imóveis,
digitador de dados, cartógrafo, arquivista, bibliotecário, estatístico,
escrivão, garçom, taxista, carteiro, costureira, recepcionista, cozinheiro de
fast food e vendedores porta a porta, entre outras.
Como, então, os jovens, que
já não conseguem emprego agora, irão se empregar no futuro. Todos serão
obrigados a estudar e ter uma formação superior? Já que os robôs serão a
escolha mais óbvia para trabalhos comuns e braçais que ainda poderão existir.
Independentemente daquilo
que possamos idealizar sobre o futuro, caberá a todos a busca incessante pelo
aprendizado, em qualquer nível de educação ou idade. Provavelmente, não teremos
mais empregos, mas atividades por tempo determinado, como já acontece em várias
profissões. As pessoas deverão mudar de carreira diversas vezes ao longo da
vida, e buscar um aprendizado contínuo, com períodos de trabalho mais intenso,
atividades pontuais, além de um tempo para estudo ou mesmo sabático.
Aos jovens caberá avaliar
com muita cautela as tendências das profissões e como poderão se manter
atualizados e conectados com seus propósitos de vida. Atividades especializadas
irão requerem aprendizado contínuo, pois o conjunto de habilidades exigido nas
novas ocupações mudará continuamente na maioria das indústrias e transformará
como e onde as pessoas trabalharão. Além do fato de que muitas escolhas se
transformarão ou inexistirão depois de alguns anos.
Competências como
autoconfiança, visão de negócios, trabalho em equipe, flexibilidade,
resiliência, comunicação, compreensão e relacionamento interpessoal serão cada
vez mais exigidas como uma complementariedade das habilidades técnicas da vez.
Essas aptidões serão cada vez mais exigidas nos programas de formação, mesmo
que a carreira escolhida para o ciclo da vez seja extremamente técnica.
O processo de educação
exigirá um formato combinado entre plataformas online e espaços físicos que
permitam interações sociais entre estudantes e mediadores de conhecimento,
atualmente chamados de professores.
Não
deixa de ser interessante pensar no clássico filme Tempos Modernos
(1936), de Charles Chaplin, uma crítica mordaz à revolução industrial. Nele,
vemos um funcionário de uma fábrica repetir o mesmo gesto, repetidamente, de
apertar parafusos. Várias cenas do longametragem se tornaram antológicas, como
aquela em que ele é arrastado para dentro de uma enorme engrenagem de uma
máquina. Pelo que parece, ironicamente, agora serão máquinas “engolindo”
máquinas.
Charles
Chaplin em uma cena antológica do filme Tempos Modernos
Edson Moraes -
sócio do Espaço Meio, Executive Coach desde 2014 e Consultor
(Gestão & Governança) desde 2003. Foi Executivo do Bank of America entre
1982 e 2003. Seguiu carreira na Área de Tecnologia da Informação, foi Head do Escritório
de Projetos e CIO por 4 anos. É Master em Project Management pela George
Washington University. Participou de programas de educação executiva na
área de TI ( Stanford University, Business School São Paulo e Fundação
Getúlio Vargas). Formado em Comunicação Social – Jornalismo pela PUC/SP. É
Conselheiro de Administração formado pelo IBGC, Coach pelo Instituto EcoSocial
e certificado pelo ICF. Articulista e palestrante nas áreas de
Governança, Tecnologia da Informação e Gestão de Projetos.
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