Psicóloga aponta
os típicos disfarces do uso de entorpecentes na adolescência
O conhecimento dos pais sobre o ritual de iniciação
no mundo das drogas e sobre os primeiros sinais que os filhos revelam quando
começam a ter contato com entorpecentes pode ser fundamental para evitar os
danos causados pela dependência química. O problema é que, na maioria dos
casos, os pais só percebem os sinais depois de 3 a 4 anos do primeiro contato
dos jovens com as drogas.
Na palestra “Sinais e disfarces do uso de
drogas", marcada para o dia 27 de junho, a psicóloga Ana Café quer
apontar as ferramentas para que os pais possam fazer a detecção precoce do
consumo de substâncias ilícitas e evitar o agravamento da dependência pelos
filhos.
“O objetivo é abordar os sintomas e comportamentos
característicos do uso de drogas bem como mostrar aos pais como eles podem
reconhecer alguns dos materiais que são utilizados para o consumo das drogas,
enfrentando o problema de frente”, explica Ana Café, que é diretora do Núcleo
Integrado – uma clínica multidisciplinar voltada para o atendimento e
acompanhamento psicológico - e presidente da Associação Mãe Capitulina, uma ONG
de apoio a dependentes químicos.
A palestra faz parte da Semana Nacional de Combate
às Drogas e Entorpecentes, período instituído para intensa campanha contra a dependência
química. Ana Café afirma que há várias motivações que levam o adolescente a
usar algum tipo de droga, e a principal delas é simplesmente a curiosidade
típica da fase e a falta da noção de risco dos jovens.
“Nossos filhos antes de estarem nos traindo, estão
perdidos em si mesmos. Eles tentam descobrir quem são, se individualizar, mas
nesse processo correm muitos riscos . Morremos de medo das crianças
atravessarem a rua, mas não podemos deixar nossas jovens-crianças atravessarem
sozinhas essa estrada que vai da adolescência a
fase adulta”, explica.
Com base na experiência do atendimento em
consultório, ela elaborou uma lista que identifica os comportamentos mais
comuns adotados pelos jovens dependentes e os materiais que eles costumam
utilizar:
Disfarces
• Tenta aparentar normalidade;
• Permanece fora de casa de 2 a 3 horas até o
efeito da droga passar;
• Evita encontrar os pais;
• Desvia o olhar, não olha nos olhos;
• Dorme fora de casa para não levantar suspeitas;
• Telefonemas incompreensíveis, tudo é falado em
gíria;
• Boca seca ou saliva bastante espumosa no canto da
boca;
• Ponta dos dedos amarelados e queimados;
• Ventiladores e janelas abertas para camuflar
cheiros;
• Tapam as frestas das portas e colocam pano na
soleira;
• Utilizam odores fortes para camuflar o cheiro:
perfumes, desodorantes, spray e produtos de limpeza, acendem
incensos ou enchem o ar com fumaça de cigarro;
• Ataques à geladeira, depois dormem pesadamente;
• Distorção do senso de tempo e espaço;
• Geralmente o uso moderado de cocaína e outras
drogas costumam passar despercebidos, pois os sintomas são menos exuberantes
que os da maconha;
• O efeito da cocaína pode muita vezes ser
confundido com o da bebida – importante checar o hálito.
Material que pode ser encontrado (característicos
do uso)
• Isqueiros;
• Papel de seda “maricas”(cachimbos artesanais
feitos com diferentes materiais e em diversas formas);
• Caixinhas e recipientes plásticos usados para
guardar as “pontas”;
• “Pilador” (espécie de socador para pressionar a
maconha já enrolada dentro da seda),
• Estojinho, saquinhos e pacotinhos com forte
cheiro da maconha;
• Pequenos comprimidos ou drágeas, restos de
cogumelos (com cheiro de esterco), pequenos frascos;
• Latas ou bisnagas de cola, frascos de
lança-perfume, restos de sólidos ou nódoas em panos, lenços ou sacos plásticos.
A psicóloga Ana Café alerta para a presença dos
pais como figuras disciplinares fundamentais na vida dos adolescentes.
“Os jovens testam a vida, testam a autoridade do
pai e da mãe e a própria liberdade sem culpa. Cabe aos pais ensinar princípios
éticos e morais, sem achar que os filhos irão errar”, conclui.
Dra. Ana Café - Ana Café é
psicóloga clínica, graduada pela Universidade Estácio de Sá. Possui
especialização no Tratamento e prevenção dos Transtornos do Impulso e na
prevenção do uso de drogas pela Faculdade Federal de Santa Catarina. É diretora
do Núcleo Integrado Village. Teve seu trabalho de conclusão de curso
sobre a Terapia Cognitiva Comportamental e é membro da Associação de Terapia
Cognitiva. Capacitada pela Secretaria Especial de Prevenção às Drogas do
Rio de Janeiro como Agente Multiplicador e formada pela Universidade de Havana
na Reinserção social do paciente portador de transtornos mentais e emocionais.
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