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Pois é. Já acabou, passaram-se
os primeiros seis meses de 2017, acredita? Sei que acredita porque deve estar
igual a mim, se tinha depositado tantas esperanças de que as coisas iam
melhorar, isso e aquilo, que voltaríamos a olhar pra a frente, que seria legal,
iríamos tirar o pé da lama. Vamos tentar de novo para os próximos seis meses?
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Não pulei sete ondinhas, porque não deu. Quando o ano virou
eu estava aqui na cidade numa situação bem esquisita, hospital, família, você
sabe se me acompanha. Mas à meia-noite projetei bons pensamentos, acreditei até
em milagre; como era horário de verão, por via das dúvidas, repeti tudo de novo
à uma hora da manhã. Acompanhei fogos coloridos da janela, vi pela tevê um
monte de gente jogando astral para cima, de branquinho, fazendo promessas,
jurando o velho amor eterno.
Temo que a gente não tenha se
concentrado direito, porque nada rolou exatamente como gostaríamos. O milagre
não rolou. O eterno não existe. A coisa toda está inclusive até mais
enroscadinha: a situação do país tiririca, aquele que pior fica. E
especialmente porque não temos nada / ninguém que preste para tapar o buraco.
Da próxima, precisamos ficar mais
juntos, mais abertos às boas energias. Quem sabe se, sei lá, déssemos as mãos?
Juntos, em todo o país. Então, estou propondo que a gente tente agora, para
fazer, algo, dia 30 de junho, para 1º de julho – a Grande Comemoração do Réveillon do
Segundo Semestre. Imagina você que fui procurar no Google e a única pessoa
que falou sobre isso que eles registram sou ... eu! Mais: se procurar entre
aspas, as citações mandam só para mim, em locais de todo o país onde sou
publicada.
(Confesso: a palavra foderaizer - “ligar o foderaizer”-
, que também uso de vez em quando e que todo mundo entende, é só minha lá no Google. Não é fácil isso
com tanta gente nesse mundo, veja bem. Marli Gonçalves, criando moda,
expressões! Devia ganhar alguma coisa).
Réveillon tem origem no verbo réveiller;
em francês, e quer dizer "acordar" ou "despertar”;
“reanimar”. Perfeito. Tudo que precisamos agora. Nos reanimarmos. Para ir às
ruas, mudar as coisas, batalhar para que parem essa cantilena que não
aguentamos mais e que tanto tem nos prejudicado. Concentrem-se.
É. Sei o quanto de coisas temos a
pedir. Comecei a fazer uma lista aqui e me impressionei, fiquei até cansada de
tantas providências que deveria tomar que me passaram na cabeça. Tantas mágoas
a esquecer. Tantas resoluções que infelizmente já sei que não vou conseguir
seguir porque são aquelas que aparecem em todas as listas há anos. Parar de
amar quem não me merece. Esquecer a desatenção e embrulhar o orgulho. Parar de
prestar tanta atenção no ao redor. Parar de tentar salvar o mundo. E torcer
para que me descubram – sucesso.
Os pensamentos coletivos, se nos
esforçarmos, podem ser mais exatos, caprichados: que acabe o desemprego, que os
juros abaixem, que tomem vergonha na cara, que parem de agir como piratas
saqueadores. Que a arte nos encante novamente. Que parem de querer se meter nas
nossas vidas, legislando sobre os nossos corpos e mentes, que deles sabemos
nós. E como sabemos se somos nós, as mulheres!
Temos mais seis meses para chamar de
nossos em 2017. Chegamos aqui, nem dá pra reclamar tanto, embora estejamos meio
avariados. Nesses que passaram tomei várias mordidas, tropecei em muitas
calçadas, pisei em poças. Mas estou aí e também vi dias lindos, conheci a
solidariedade em momento de dor, aprendi um pouco mais o sobre o que é ser
amigo, sobre como é bom não ter do que se arrepender por não ter feito ou
tentado, porque fiz e tentei.
Pronto, está vendo? Dá para fazer
igual ao fim do ano quando a gente fica fazendo balanço e inventário. Vamos lá.
Que o segundo semestre seja um novo despertar.
Marli Gonçalves - jornalista. Tim-tim. Feliz Réveillon do segundo semestre! Capricha no desejo,
que a Terra vai correr de novo de uma extremidade a outra do diâmetro da
órbita. Outra chance.
Passando do meio, 2017
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