Psicóloga explica que medo, hábito de roer as unhas, vergonha e
impaciência são alguns dos sinais mais comuns; atualmente, tecnologia é um dos
principais motivos para impaciência das crianças
A
ansiedade infantil, muitas vezes, pode ser confundida com birra ou
comportamento típico de crianças mimadas. Porém, há alguns sintomas que, se
aparecerem em conjunto, podem caracterizar o transtorno. De acordo com Sarah
Lopes, psicóloga do Hapvida Saúde, as crianças que têm medo, roem as unhas com
frequência, sentem vergonha, têm impaciência e medo de dormir sozinho no seu
quarto, fazem xixi na cama, têm fobia escolar e que sempre querem estar perto
dos pais são aquelas que, possivelmente, sofrem de ansiedade infantil.
Todos
estes sintomas podem variar de acordo com o gênero e idade da criança, mas a
ansiedade infantil geralmente afeta pessoas de 6 a 8 anos de idade, fase que
elas começam a apresentar autonomia, prejudicando o desenvolvimento e fazendo
com que este comportamento seja levado também para a vida adulta. A rotina
escolar também é afetada e algumas crianças podem até mesmo perder conteúdos
importantes. Já na vida pessoal, pode existir uma limitação e o desenvolvimento
de um conceito negativo sobre si mesma, dificultando a
sociabilidade.
Para a
especialista, o frequente uso da tecnologia é, atualmente, um dos principais
fatores para o desenvolvimento da doença. Afinal, hoje em dia, os smartphones e
tablets são os “brinquedos” preferidos das crianças e é cada vez mais comum
encontrá-las entretidas com os aparelhos, tanto no ambiente domiciliar como
também nas escolas e lugares públicos. Desta forma, elas se acostumam muito
facilmente com o imediatismo e têm cada vez menos paciência para lidar com tudo
que demande um pouco mais de tempo e espera.
“Atualmente, percebemos uma pressa nas
coisas, nas pessoas, na tecnologia. E com as crianças não é diferente. Entre os
brinquedos, acontece um descarte de objetos que facilmente viram obsoletos e
perdem espaço para aparelhos tecnológicos. O que falta hoje em dia é mais
contemplação. Parar e estar atento ao que se faz no momento presente. Ser
presença!”, afirma Sarah.
Para a psicóloga, a percepção dos pais
é algo fundamental para o tratamento da ansiedade, que devem ficar atentos aos
sintomas e perceber o que é real. Ou seja, caso as crianças não queiram ir à
escola, a primeira ação dos pais é verificar se existe algo lá que esteja
impedindo o desenvolvimento da criança.
“Pode ser a dificuldade de interagir
com as outras crianças, dificuldade com o currículo escolar ou até mesmo
bullying. Um único quadro, geralmente, não define a ansiedade infantil, são
necessários alguns comportamentos para que o diagnóstico seja preciso”,
ressalta Sarah.
A
especialista explica que o comportamento dos pais também pode motivar a
ansiedade dos filhos. “Não se diz que é hereditário, mas os pais transmitem
este comportamento. Para a terapia cognitiva comportamental, somos frutos do
meio, assim, se os pais apresentam comportamento ansioso, os filhos vão
entender que é assim que o mundo funciona. São os pais os primeiros
transmissores de como devemos ver, ouvir e agir diante das situações”,
afirma.
O transtorno pode ser tratado de acordo com
a intensidade da ansiedade e idade da criança. A família também deve ser
avaliada e, se for o caso, também tratada. Atualmente, a terapia cognitiva
comportamental trabalha de forma positiva com essas crianças, fazendo com que
percebam aos poucos o que conseguem fazer e o quanto as ideias negativas
atrapalham o seu desenvolvimento.
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