A Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) - proposta de padronização curricular e de transformação do
ensino formal em um processo de troca, de construção de conhecimento mais
humanizado - tem potencial para modificar o cenário da educação no Brasil.
A BNCC prevê uma
padronização do currículo escolar da Educação Básica (que engloba os Ensinos
Infantil, Fundamental e Médio). Trata-se de um documento que servirá como um
parâmetro para os educadores e coordenadores pedagógicos, e cuja finalidade é
sanar o problema da desigualdade de conteúdos ministrados em território
nacional.
Mas como tornar essa
mudança possível?
Na medida em que o
processo de amadurecimento emocional do ser humano é visto como um desafio a
ser trabalhado nas escolas, as dificuldades enfrentadas no ensino da
inteligência cognitiva poderão ser vistas e melhoradas de forma
transdisciplinar, perpassando por todos os campos do conhecimento, podendo ter
influências positivas na formação do indivíduo.
Apesar da educação ter
objetivo de desenvolver o ser humano de forma integral, por muito tempo, seu
foco estava voltado para o desenvolvimento cognitivo. Vale lembrar que o
ensino tradicional, separado por disciplinas, tem se mostrado ineficaz na
formação dos estudantes. Muitos alunos ao se depararem com alguma
dificuldade ou frustração sobre alguma matéria ou avaliação, ficam desmotivados
a buscarem o conhecimento e a enfrentar esse desafio.
A importância das
habilidades socioemocionais e comunicativas para a aprendizagem é tamanha que,
no texto da BNCC, elas são reconhecidas como as competências necessárias aos
indivíduos no século XXI. Essas habilidades atuam diretamente
no aprendizado, possibilitando que o indivíduo compreenda melhor o sentido da
educação na sua formação.
Não basta saber um
conteúdo. É preciso ponderar suas aplicações na construção de uma sociedade
mais igualitária. O acesso à educação de habilidades interpessoais contribui
para a formação de indivíduos éticos que promovem a cidadania, o respeito, além
de desenvolver outras características, como: ser mais seguros, inovadores,
questionadores e empreendedores.
Outra vantagem dessa
abordagem mais humanista nas escolas é a erradicação do bullying.
Realidade na maioria das escolas brasileiras e mundiais, esse fenômeno é responsável
pelo baixo rendimento dos alunos e pelo afastamento de jovens da escola,
provocando até o suicídio infantil.
Desta forma, a educação
voltada também para o desenvolvimento da inteligência socioemocional se faz
imprescindível diante das mudanças constantes que a sociedade, bem como as
relações humanas, enfrentam. Saber resolver conflitos,
ter criatividade para se reinventar diante de crises e conseguir superá-las,
buscar construir uma sociedade mais justa, não são habilidades inatas.
Por isso, somente com uma
educação voltada para a construção desses valores é que será possível atingir
estes objetivos.
Camila
Cury - Psicóloga e Diretora da Escola da Inteligência, Programa Educacional idealizado pelo renomado
psiquiatra, escritor e pesquisador, Augusto Cury, que tem como objetivo
desenvolver a educação socioemocional no ambiente escolar.
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