Namorados de todos os cantos do Brasil
aproveitam o dia 12 de junho para beijar ainda mais seus pares. Mas será que o
beijo representa algum risco para a saúde bucal? Há quem acredite que o beijo –
por estimular a produção de saliva – acaba naturalmente promovendo a limpeza da
boca. Por outro lado, ao beijar os lábios de alguém, uma pessoa pode transmitir
determinado número de bactérias e vírus causadores de doenças. Algumas doenças,
inclusive, são mais facilmente transmissíveis através da saliva do que outras.
De acordo com a cirurgiã-dentista Sandra Kalil, professora da Escola
de Aperfeiçoamento Profissional da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), estar bem
informado sobre esses riscos é o grande trunfo dos casais.
O primeiro item da lista de doenças
transmitidas por vírus durante o beijo é a gripe, seguida das infecções
respiratórias. “Claro que o vírus da gripe (influenza) é facilmente transmitido
de pessoa para pessoa através das gotículas emitidas pela tosse ou espirro.
Basta estar em um local fechado, bem próximo de alguém infectado, para existir
o risco de transmissão. Imagine, então, um beijo. Maior proximidade não há. O
mais grave é que, uma vez dentro do organismo, esse vírus pode destruir a membrana
mucosa do trato respiratório e infectar as células, provocando infecções
secundárias como pneumonia, sinusite, faringite, otite ou bronquite”, diz a
doutora Sandra.
Além das doenças respiratórias, existe a
mononucleose – esta sim, chamada de “doença do beijo”. De acordo com a
cirurgiã-dentista, trata-se de um vírus menos contagioso que o da gripe, mas
facilmente transmissível através do contato com a saliva de uma pessoa
contaminada. “O indivíduo contaminado pode passar mais de um ano sem manifestar
a doença. Nesse meio tempo, certamente irá contaminar outras pessoas com quem
compartilhar momentos de intimidade, ou ainda talheres, copos etc. Os sintomas
típicos da mononucleose incluem febre, cansaço, dor de garganta, dor de cabeça,
dores musculares, tosses e náuseas. Mas é a fadiga intensa, a presença de
ínguas no pescoço e o aumento do baço que ajudarão o médico a fechar um
diagnóstico. Manchas vermelhas também fazem parte do quadro”.
Herpes simples também é outra doença viral
transmitida pelo contato próximo entre as pessoas, principalmente pelo beijo.
“Nos lábios, há formação de uma lesão geralmente nos cantos da boca. É nessa
fase aguda da doença que o risco de contaminação é maior, podendo inclusive
afetar os olhos. Mas há risco, também, de a pessoa contrair o herpes genital,
que provoca úlceras e feridas nos órgãos sexuais. Se na boca o problema muitas
vezes se resolve sozinho entre dez e quinze dias, quando o herpes atinge os
genitais é preciso consultar um médico e começar a tratar com medicamentos
específicos para combater os sintomas, curar as feridas e reduzir a
possibilidade de desdobramentos”, diz Sandra Kalil – chamando atenção que
também a hepatite B é transmitida pelo beijo. “Neste caso, embora o sangue
tenha níveis maiores do vírus do que a saliva, a infecção pode ocorrer quando
há o contato com a mucosa de uma pessoa infectada”.
A esta altura, se os casais estão com medo
por causa do potencial de um simples beijo transmitir essas doenças, a boa
notícia é que bocas saudáveis têm muitas bactérias boas, que contribuem para
manter a saúde bucal e geral em ordem. Sendo assim, quem cuida bem da saúde e
escova os dentes regularmente – passando sempre fio dental para eliminar restos
de alimentos que atraem bactérias nocivas e causadoras de cárie –, não precisa
se alarmar tanto. Basta evitar o contato apenas quando estiver realmente
doente. “Por outro lado, quem não se dedica como se deve à higiene bucal, pode
até mesmo aumentar as chances de seu par ter mais lesões de cárie e doenças
periodontais, como a gengivite. Sendo assim, o ideal é escolher bem quem se vai
namorar, tendo a higiene como critério fundamental”, recomenda a
cirurgiã-dentista.
Dra. Sandra Kalil Bussadori - cirurgiã-dentista, professora da Escola
de Aperfeiçoamento Profissional da APCD - Associação Paulista de
Cirurgiões-Dentistas, www.apcd.org.br/eap
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