Sempre
que uma nova exigência legal entra em vigor é comum discussões sobre o seu
objeto e efeitos que dela decorrem. São muitos interesses misturados e, certamente,
para que o cenário se normalize, necessitamos de tempo, estudos e,
principalmente, bom senso.
No
caso da Portaria MTPS 116/2015, regulamentadora da Lei n.º 13.103/2015, que
determina a realização de exames toxicológicos na pré-admissão, a cada dois
anos e meio, e na demissão de profissionais, contratados no regime CLT, a
situação não foi diferente.
Somando-se
a isso, desde o final de abril, para a emissão e renovação das CNHs
categorias C, D e E, todos os motoristas profissionais, empregados e autônomos
também deverão se submeter ao exame toxicológico.
O
exame analisa a queratina coletada de amostras de cabelo, pelos ou unha do
profissional e constata se, nos 90 dias anteriores à coleta, o motorista
consumiu substâncias psicoativas como: maconha, cocaína, mazindol, crack,
femproporex, ecstasy, heroína, metanfetaminas ou anfepramona.
Porém,
vários Estados ajuizaram ações judiciais e obtiveram liminares que suspenderam
provisoriamente a exigência de exame toxicológicos para motoristas que buscam
renovar suas CNHs nas categorias C,D e E. A argumentação é que não há
infraestrutura laboratorial disponível para atender a demanda decorrente da
lei.
Por
outro lado, o que não é debatido é um tema primordial: a segurança nas
estradas. Em 2014, por exemplo, mais de mil caminhoneiros morreram nas estradas
brasileiras em razão de excesso de jornada, pressão para entregar o mais rápido
possível e o uso de drogas. A cada dia, assistimos a diversas matérias nos
meios de comunicação mostrando índices alarmantes.
Uma
pesquisa realizada pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais com
condutores de veículos de carga no Ceasa Contagem, na Grande Belo Horizonte,
revelou que 50,9% dos condutores de cargas que se acidentaram faziam uso das
drogas conhecidas como rebites, conforme aponta estudo do SOS Estradas.
Além
disso, temos um agravante: o usuário da droga pode se tornar traficante a
qualquer momento, principalmente porque os motoristas estão diariamente nas
rodovias que ligam grandes centros consumidores em todo o Brasil. Ou seja, o
problema é maior do que imaginamos.
O
que é importante, diante desse cenário, é avaliar o lado positivo dos exames
toxicológicos. Diversos segmentos econômicos já incorporaram os testes às
rotinas, como o setor aéreo, no qual os pilotos são obrigados a
periodicamente se submeter ao exame.
No
caso dos motoristas de caminhões e ônibus é importante que haja essa
consciência, pois não é uma legislação que trará dificuldades ao exercício da
profissão, ao contrário, assim como outras que já vieram antes, como a jornada
de trabalho do motorista ou o teste de álcool por meio do bafômetro, a questão
dos exames toxicológicos veio para tornar a atividade ainda mais segura e
eficiente a todos os envolvidos na cadeia de transporte.
Luiz Henrique Soares - diretor
jurídico da
Buonny, que lançou recentemente o Buonnylabs, laboratório de análises clínicas especializado no atendimento de
profissionais do setor de transporte e logística e que oferece estrutura
completa para realizar exames toxicológicos conforme as regras da Lei federal
13.103/2015.
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