Considerado um dos maiores problemas de saúde
pública no mundo, a obesidade se agrava ainda mais com o crescimento nos
índices de sobrepeso entre as crianças. No Brasil, o percentual de crianças
com excesso de peso, entre 5 e 9 anos, chega a 33,5% e chamam a atenção
para a questão.
Mais sedentárias e comendo pior, as crianças
estão engordando e o que é mais triste, estão adoecendo. Sintomas como
pressão sanguínea alta, manifestação de diabetes tipo 2 precocemente e
níveis elevados de colesterol no sangue são alguns dos diagnósticos que
crescem junto com o sobrepeso. Há também efeitos psicológicos, como a baixa
autoestima, imagem corporal negativa e depressão.
Especialista no tratamento de pacientes com diabetes e Pesquisador na área
da Nutrição, o médico Patrick Rocha, mais conhecido como Dr. Rocha, tem
ganhado repercussão esclarecendo mitos sobre a alimentação, sobrepeso e
diabetes. Segundo ele, as raízes destas doenças estão fortemente
relacionadas com os hábitos alimentares e é necessário uma revisão das
diretrizes nutricionais e de saúde pública.
“É uma triste evidência, as crianças estão comendo pior, cada vez mais
sedentárias e adoecendo com mais frequência. A estigmatização continuada
das gorduras naturais, afastou por muito tempo as pessoas dos alimentos
altamente nutritivos. As carnes, peixes, ovos, nozes, sementes, azeitonas,
abacates deixaram de fazer parte do cotidiano e entraram os congelados e
carboidratos refinados. Os alimentos naturais precisam voltar a fazer parte
da rotina diária”, destaca Rocha.
Nesta entrevista, Dr Rocha esclarece dúvidas e destaca hábitos que estão
comprometendo a saúde das crianças:
1. O que é a obesidade infantil?
A obesidade infantil é caracterizada pelo excesso de peso entre bebês e
crianças de até 12 anos de idade. A criança é identificada como obesa
quando seu peso corporal ultrapassa em 15% o peso médio correspondente a
sua idade. É uma condição em que o excesso de gordura corporal afeta
negativamente a saúde ou bem-estar de uma criança.
2. Qual o maior problema da alimentação
infantil nos dias de hoje?
O crescimento do índice de obesidade infantil pode estar condenando as
futuras gerações. Crianças com sobrepeso hoje, serão adultos doentes
amanhã. O caminho da transformação passa pela educação alimentar. Educação
transforma adultos e crianças aprendem com o exemplo deles.
3. As pessoas estão menosprezando o problema?
Eu não diriam que estão menosprezando. Elas estão é desinformadas mesmo.
Acredito que se soubessem o quão grave para saúde de adultos e crianças é a
ingestão de trigo e alimentos lights por exemplo, elas mudariam. Mas a
informação não chega e esse é o ponto chave. Conflito de interesses de
diversas indústrias.
4. Quais hábitos alimentares são considerados
os principais vilões?
O maior erro é comprar alimentos industriais (congelados, sorvetes,
biscoitos recheados, biscoitos integrais). Além farináceos de trigo (pães,
massas, etc). Doces diversos e alimentos lights são outro sério problema.
Além de não ingerir alimentos naturais que são ricos em gorduras saudáveis
como ovos caipiras, abacate, dentre outros alimentos fundamentais para a
saúde infantil e também de adultos.
5. Como funciona o tratamento da obesidade
infantil?
O tratamento da obesidade infantil exige a participação da família de forma
a incentivar a criança a adotar estilos saudáveis de vida que ajudam a
combater a obesidade. É importante que os adultos desenvolvam maior
consciência sobre o consumo de alimentos e que as crianças comecem a
aprender isso desde cedo. Alimentos ricos em gorduras trans e açúcar, mas
pobres em nutrientes, como fast-food, congelados, biscoitos e doces,
recheiam o cardápio dos pequenos. O medo da violência mudou hábitos simples
que contribuíam para a saúde, como brincar na rua ou ir a pé para a escola.
Mais sedentárias e comendo pior, as crianças estão engordando.
6. Qual a sua sugestão como profissional da
medicina para diminuir os indices de obesidade infantil?
Para reverter esse quadro é importante ter consciência que a mudança começa
em casa, com a melhora dos hábitos alimentares de toda a família. Os pais
são os primeiros modelos de comportamento para as crianças. Além disso, é
importante ter consciência que quanto mais avançada a idade mais difícil
será para mudar os hábitos. Quantos mais cedo for feito isso, melhor para a
saúde.
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