Estudo começa a ser realizado nos Estados de Roraima e
Amazonas com a participação de cerca de 2,5 mil voluntários
O Instituto Butantan, unidade da
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e um dos maiores centros de
pesquisa biomédica do mundo, leva os testes em humanos da primeira vacina
brasileira da dengue para a região Norte do país.
A partir desta quinta-feira, 30 de
junho, os estudos, que já estão em andamento no Estado de São Paulo, começam a
ser realizados com cerca de 2,5 mil voluntários nas cidades de Boa Vista (RR) e
Manaus (AM). Nesses municípios, os testes serão conduzidos em parceria
com a Universidade Federal de Roraima, com a Fundação de Medicina
Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), de Manaus, e com a Fiocruz
Amazônia.
Trata-se da última fase da pesquisa em
humanos antes de a vacina ser submetida à aprovação da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) para que possa ser produzida em larga escala pelo
Butantan e disponibilizada para campanhas de imunização em massa na rede
pública de saúde em todo o Brasil. Os estudos envolverão a participação de 17
mil voluntários em 13 cidades brasileiras nas cinco regiões do país e serão
conduzidos por 14 centros de estudos credenciados pelo Butantan (veja
relação abaixo).
Os ensaios clínicos desta última etapa
foram iniciados em fevereiro deste ano na capital paulista, em parceria com o
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e, desde a última semana,
estão sendo conduzidos também em São José do Rio Preto, interior do Estado de
São Paulo, pela faculdade de medicina local (Famerp).
São convidadas a participar do estudo
pessoas saudáveis, que já tiveram ou não dengue em algum momento da vida e que
se enquadrem em três faixas etárias: 2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59
anos. Os participantes do estudo são acompanhados pela equipe médica por
um período de cinco anos para verificar a duração da proteção oferecida pela
vacina.
A vacina do Butantan, desenvolvida em
parceria com o National Institutes of Health (EUA), tem potencial para proteger contra os quatro vírus da
dengue com uma única dose e é produzida com os vírus vivos, mas geneticamente
atenuados, isto é, enfraquecidos. “Com os vírus vivos, a resposta imunológica
tende a ser mais forte, mas como estão enfraquecidos, eles não têm potencial
para provocar a doença”, explica o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil.
Nesta última etapa da pesquisa, os
estudos visam a comprovar a eficácia da vacina. Do total de voluntários, 2/3
receberão a vacina e 1/3 receberá placebo, uma substância com as mesmas
características da vacina, mas sem os vírus, ou seja, sem efeito. Nem a equipe
médica nem o participante saberão quais voluntários receberam a vacina e quais
receberam o placebo. O objetivo é descobrir, mais à frente, a partir de exames
coletados dos voluntários, se quem tomou a vacina ficou protegido e quem tomou
o placebo contraiu a doença.
Os dados disponíveis até agora das duas
primeiras fases indicam que a vacina é segura, que ela induz o organismo a
produzir anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro vírus da dengue e
que ela é potencialmente eficaz.
“A dengue é uma doença endêmica no
Brasil e em mais de 100 países. A vacina brasileira produzida
pelo Butantan, um centro estadual de excelência reconhecido
internacionalmente, será certamente uma importante arma de prevenção para que o
país possa delinear estratégias de imunização em massa, protegendo nossa
população contra a doença e suas complicações, afirma o secretário de Estado da
Saúde, David Uip.
Histórico
Em 2008, o Instituto Butantan firmou
parceria de colaboração com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos
(NIH, na sigla em inglês), passando a desenvolver, no Brasil, uma vacina
similar a uma das estudadas pelo NIH, composta pelos quatro tipos de vírus da
dengue.
Um dos grandes avanços
do Butantan no desenvolvimento da vacina foi a formulação liofilizada
(em pó), que garante a estabilidade necessária para manter os vírus vivos em
temperaturas não tão frias, permitindo seu armazenamento em sistemas de
refrigeração comum, como geladeiras, além de aumentar o período de validade da
vacina (um ano).
Nas etapas anteriores, a vacina foi
testada em 900 pessoas: 600 na primeira fase de testes clínicos, realizada nos
Estados Unidos pelo NIH, e 300 na segunda etapa, realizada na cidade de São
Paulo em parceria com a Faculdade de Medicina da USP (através do Hospital das
Clínicas e do Instituto da Criança) e com o Instituto Adolfo Lutz.
O Instituto Butantan tem um
fábrica de pequena escala para a vacina da dengue pronta e equipada para produzir
500 mil doses por ano, capacidade que pode ser aumentada para até 12 milhões de
doses/ ano com algumas adaptações industriais. O Butantan também tem
em projeto a construção de uma planta de larga escala que poderá fabricar 60
milhões de doses/ ano.
Ter a vacina desenvolvida e produzida
por um produtor público nacional é uma vantagem competitiva para o Brasil, pois
garante a disponibilidade do produto, permitindo a autossuficiência produtiva,
além de garantir preços mais acessíveis.
Confira
abaixo as cidades contempladas pelo estudo e os centros de pesquisa que
convidarão e acompanharão os voluntários da vacina da dengue do Butantan:
REGIÃO NORTE
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CIDADE
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CENTRO DE PESQUISA
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Manaus (AM)
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Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira
Dourado
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Porto Velho (RO)
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Centro de Pesquisas em Medicina Tropical de Rondônia
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Boa Vista (RR)
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Universidade Federal de Roraima
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REGIÃO NORDESTE
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CIDADE
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CENTRO DE PESQUISA
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Aracaju (SE)
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Universidade Federal de Sergipe
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Recife (PE)
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Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães – Fiocruz Pernambuco
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Fortaleza (CE)
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Universidade Federal do Ceará
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REGIÃO CENTRO-OESTE
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CIDADE
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CENTRO DE PESQUISA
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Brasília (DF)
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Universidade de Brasília
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Cuiabá (MT)
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Universidade Federal do Mato Grosso
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Campo Grande (MS)
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Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
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REGIÃO SUDESTE
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CIDADE
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CENTRO DE PESQUISA
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São Paulo (SP)
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Faculdade de Medicina da USP
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Santa Casa de Misericórdia
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São José do Rio Preto (SP)
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Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
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Belo Horizonte (MG)
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Universidade Federal de Minas Gerais
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REGIÃO SUL
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CIDADE
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CENTRO DE PESQUISA
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Porto Alegre (RS)
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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
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