Aumenta a incidência de
casos de tumores de cabeça e pescoço
causados pelo HPV
Entidades de saúde que se dedicam às pesquisas a respeito dos tumores
de cabeça e pescoço se mobilizam para a conscientização dos diferentes cânceres
dessa região. A campanha é conhecida mundialmente como Julho Verde. Até
bem pouco tempo, esses tipos de tumores - língua, céu da boca, faringe, laringe
e amígdala - eram mais comuns entre homens com mais de 50 anos, fumantes e
consumidores de bebidas alcoólicas.
Porém, nos últimos
anos, estão sendo diagnosticados em pessoas mais jovens, entre 30 e 45 anos.
Estudos publicados em todo o mundo identificaram um dos principais agentes
causador: o papilomavírus humano,
o HPV. O microrganismo tem sido o causador de infecções que facilitam a
formação desses tumores. Estima-se que de 25% a 50% das mulheres e 50% dos
homens estejam infectados pelo HPV em todo o mundo.
Estudos apontam que
em casos de câncer de amídala a incidência do HPV cresceu de 25%, registrados
há 20 anos, para 80% nos dois últimos anos. Outras pesquisas revelaram que 32%
dos casos de câncer de boca em jovens adultos eram em portadores do vírus HPV.
O fato do HPV estar sendo associado a tumores na região da cabeça e do pescoço
se deve possivelmente a práticas sexuais, nesses casos principalmente sexo
oral. “O HPV é transmitido pelo contato direto com a pele infectada e, muitas
vezes, pode se esconder em áreas não cobertas pelo preservativo. A falta de
higiene íntima e bucal aumenta o risco de transmissão do vírus e de
desenvolvimento de tumores na região bucal”, diz o médico cirurgião de Cabeça e
Pescoço, Dr. Erivelto Volpi, também um dos coordenadores internacionais do
Julho Verde pela International
Federation of Head and Neck Oncologic Societies.
No Brasil, as
estimativas do INCA – Instituto Nacional do Câncer mostram o aumento da
incidência de câncer de cavidade oral e laringe em todas as regiões do Brasil.
O consumo de cigarro e de álcool ainda são as principais causas dos cânceres e,
nesses casos, os tumores levam de 15 a 30 anos para surgir, mas no caso do HPV
a doença aparece em menor espaço de tempo.
Os sintomas mais
comuns são verrugas que podem aparecer na garganta ou na boca, dificuldade para
mastigar, rouquidão, dor na língua e mau hálito constante. A vacinação é a
melhor forma de se prevenir. Sexo seguro, alimentação balanceada, não fumar,
não ingerir bebidas alcoólicas e uma boa higiene oral também são formas de
prevenção.
Sobre Câncer de
Cabeça e Pescoço - O câncer de cabeça e pescoço é a quinta neoplasia mais comum no
mundo. A incidência global chega a 780 mil novos casos por ano. Segundo estudo
realizado pelo INCA - Instituto Nacional do Câncer, em 2015 foram registrados
no Brasil 11.280 novos casos de câncer de cavidade oral em homens e 4.010 em
mulheres, além de 6.870 casos de câncer de laringe em homens e 770 em mulheres.
O câncer de cabeça e pescoço pode atingir boca, garganta, laringe (cordas
vocais), nariz, seios nasais e ao redor dos olhos. O câncer de cavidade oral,
conhecido como câncer de boca, já é o quarto tipo mais frequente entre homens
das regiões Sudeste e Nordeste, sem considerar os tumores de pele não melanoma.
Um dos grandes
desafios é a realização do diagnóstico precocemente, pois, segundo estudos do
INCA - Instituto Nacional de Câncer, 70% das pessoas com câncer de cabeça e
pescoço são diagnosticadas tardiamente. Isso porque os sintomas são geralmente
vagos. Porém, é preciso ficar atento aos seguintes sinais:
• Câncer de seios
nasais: feridas que não cicatrizam, sangramento nasal ou obstrução nasal.
• Câncer de
nasofaringe: nódulos ou massas no pescoço em 90% dos casos; otites crônicas,
cefaleia, alterações neurológicas.
• Câncer de cavidade
oral: feridas ou elevações que não cicatrizam, alterações dentárias,
dificuldade em fixar próteses dentárias.
• Câncer de laringe:
rouquidão, tosse.
• Câncer de
orofaringe: nódulos no pescoço, dificuldade de engolir alimentos, dor no
ouvido.
Dr. Erivelto
Volpi – membro do comitê internacional da Campanha Mundial do Câncer de
Cabeça e Pescoço (Julho Verde), da International Federation of Head and Neck
Oncologic Societies. Dr. Erivelto é médico da Disciplina de Cirurgia de Cabeça
e Pescoço da FMUSP e cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital Alemão Oswaldo
Cruz.
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