Os índices de sobrepeso e
obesidade no mundo estão cada vez mais altos. No Brasil, quase metade da
população está acima do peso ideal. Entre as principais razões estão o
sedentarismo, os hábitos alimentares incorretos e o estresse. A obesidade é,
sem dúvidas, um problema de saúde pública que precisa ser controlado, sobretudo
com informação e prevenção.
Entretanto, temos observado um aumento
desproporcional do número de cirurgias bariátricas realizadas para solucionar o
problema de excesso de peso. Isso nos mostra que esse tipo de intervenção vem
sendo usada como solução “fácil” para casos de sobrepeso e obesidade. Mas é importante
ressaltar que a cirurgia bariátrica é recomendada apenas em casos extremos de
obesidade, pois apresenta altas taxas de morbidade e complicações.
Segundo protocolos internacionais a
cirurgia é indicada apenas em casos que comprometam gravemente a saúde, que são
os casos de obesidade mórbida. Ainda de acordo com os protocolos, é indicado
que a pessoa se submeta, antes da cirurgia, a um tratamento com acompanhamento
multiprofissional por dois anos. Isso porque a obesidade envolve diversas áreas
e, em especial, fatores psicológicos, redução alimentar, programa de exercícios
físicos prévios à cirurgia.
Os dados nos mostram que 50% dos
pacientes que realizam a cirurgia bariátrica acabam retornando ao peso antigo
após cinco anos. E as pessoas que conseguem sucesso com a cirurgia são as que
mantêm uma rotina de cuidados. Por isso, esse período de dois anos anterior à
cirurgia é essencial para o sucesso do tratamento. Isso mostra que a cirurgia
isoladamente não é eficaz.
Muitos planos de saúde possuem um programa
ao qual o paciente deve se submeter antes de realizar a cirurgia. O programa
tem como objetivo conscientizar o paciente e garantir o sucesso do tratamento.
Entretanto, o que temos visto são pessoas buscando o tratamento pelo SUS ou até
mesmo particular para não precisar se submeter a esse protocolo.
Em casos em que a pessoa consegue
realizar o procedimento pelo SUS esse custo acaba voltando ao plano de saúde,
que deverá ressarci-lo. É comum também que, após realizarem a cirurgia
particular, os pacientes peçam o reembolso ao plano de saúde, alegando que se o
médico operou é porque tinham essa necessidade. É uma forma de “burlarem” essa
recomendação multiprofissional antes do procedimento.
Por isso, percebemos a necessidade
urgente de uma regulamentação. Da mesma forma que a Agência Nacional da Saúde
(ANS) estimula as operadoras a terem o programa de prevenção e promoção à
saúde, é preciso que exista uma fiscalização desses procedimentos pelo SUS e em
casos particulares. Apenas dessa forma será possível garantir que o
procedimento seja realizado nos casos realmente indicados, o que resultará em
menos riscos e mais sucesso do tratamento.
Cadri Massuda - presidente da
Abramge-PR/SC – Associação Brasileira de Planos de Saúde.
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