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segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Patrimônio de Ribeirão Preto ilumina fachada no mês Janeiro Roxo

Fachada do Theatro Pedro II
Arquivo Theatro Pedro II

Teatro Pedro II ilumina fachada de roxo em alusão ao mês de conscientização sobre a hanseníase


O Theatro Pedro II de Ribeirão Preto, terceiro maior teatro de ópera do Brasil, entra na campanha “Todos contra a hanseníase”, da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), durante o mês Janeiro Roxo, dedicado a ações de conscientização sobre a hanseníase. A doença está na lista de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) e os especialistas alertam para a endemia oculta de hanseníase no país. A fachada do teatro ficará iluminada de roxo até o dia 10 de janeiro.

Segundo o médico dermatologista e hansenólogo, Claudio Salgado, presidente da SBH, existem de três a cinco vezes mais casos de doentes de hanseníase no Brasil sem diagnóstico. Isso porque o bacilo causador da hanseníase afeta os nervos e os sinais são confundidos com os de doenças como infarto, diabetes, problemas ortopédicos, artrite, artrose, fibromialgia, trombose etc. O diagnóstico é clínico – o médico avalia vários sinais e sintomas no paciente e pode solicitar exames adicionais. Por ano, cerca de 30.000 novos casos são notificados.

É comum o diagnóstico tardio da doença – o paciente convive com a hanseníase por vários anos sem ser percebido. Hanseníase é uma doença infecciosa, causada por um bacilo. A recomendação das autoridades de saúde é que todos os familiares e pessoas que convivem com um paciente diagnosticado com hanseníase sejam examinados. A chance de diagnóstico chega a ser até oito vezes maior entre os comunicantes.

O presidente da SBH alerta que é preocupante o índice zero ou próximo a isso de novos diagnósticos em inúmeras localidades brasileiras. “O Brasil um país de alta endemicidade para a hanseníase e a falta de diagnóstico em muitos municípios implica em pacientes não descobertos, transmitindo a hanseníase. É o que caracteriza a endemia oculta”.

Na grande maioria das vezes, o paciente chega com relato de dores no corpo, formigamento ou dormência nos pés ou braços. As manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele e que já apresentam diminuição de sensibilidade ao frio, ao calor, ao toque ou mesmo à dor – sinal importante da doença – não foram avaliadas nas inúmeras visitas anteriores a serviços de saúde públicos ou particulares. Os pacientes, geralmente, estão com hanseníase agravando dia após dia e transmitindo a seus comunicantes há vários anos – o paciente em tratamento regular não transmite mais a doença.


Theatro Pedro II

Para Nicanor Lopes, presidente da Fundação D. Pedro II, mantenedora do Theatro Pedro II, “é importante utilizarmos as ferramentas disponíveis para orientar a população sobre questões de saúde pública e o Pedro II é um instrumento cultural, educativo de inclusão e transformação social”.

O teatro foi inaugurado em 1930, sofreu incêndio em 1980 e, após cinco anos de restauração, foi reinaugurado em 1996, quando ganhou uma cúpula, com projeto assinado por Tomie Ohtake, e um lustre de cristal de 1.400 quilos. É tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).

O Pedro II fica no Centro de Ribeirão Preto, no chamado Quarteirão Paulista.

“A utilização de um patrimônio cultural de tamanha importância na campanha ‘Todos contra a hanseníase’ acontece em um momento em que Ribeirão Preto registra aumento significativo de diagnósticos de hanseníase e a participação da sociedade civil em campanhas educativas é uma colaboração essencial no processo de aumento de diagnósticos para que consigamos chegar ao controle da doença na localidade”, diz o presidente da SBH.


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